Entre Sem Bater - Yuval Noah Harari - O Secularismo

Entre Sem Bater – Yuval Noah Harari – O Secularismo

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. O “Secularismo” dos seculares que Yuval Noah Harari tem como utopia, não aplica-se no Brasil dos neopentecostais et caterva.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Yuval Noah Harari

Yuval Noah Harari, numa trilogia, aborda os aspectos que todos os seres humanos(1), atualmente, relegaram a um plano inferior. Alguns temas fogem da compreensão da maioria dos frequentadores de redes sociais, inclusive a ideia da felicidade real. Com toda a certeza, este filósofo judeu está em sintonia com os problemas da humanidade muito além de todos nós. Os aspectos que ele descreve e avalia, com análise do antes, do durante e do depois, estão nas pautas de quase todos no planeta, superficialmente. As abordagens de Harari vão muito além dos conceitos básicos de: Secularismo, Liberalismo, Algoritmos na história do Homo Sapiens.

Yuval Noah Harari  nascido em 1976 é um intelectual público israelense, historiador e professor do Departamento de História da  Universidade Hebraica de Jerusalém. É o autor dos best-sellers de ciência popular Sapiens: Uma Breve História da Humanidade (2014), Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã (2016) e 21 Lições para o Século XXI (2018). Seus escritos examinam o livre arbítrio, a consciência, a inteligência, a felicidade e o sofrimento.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

Secularismo

A trilha “Entre Sem Bater”, e a maioria dos seus textos, objetivam colocar temas, termos e ideias que possam ajudar no oceano estéril Internet. Em outras palavras, a ideia é abrir espaço para pensamentos antigos, que não suscitam debates racionais. Alguns destes temas provocam as pessoas não por serem difíceis, mas pela preguiça mental(2) que reina nas redes sociais. O Secularismo carrega um outro fator que reduz as possibilidades de debate. As pessoas, inclusive aqueles que são experts no tema nas redes, surpreendentemente, não conseguem explicar o que é.

Assim sendo, nos vemos na obrigação de descrever o termo, com a maior isenção possível (mais detalhes é só pesquisar no Wikipedia(*))

secularismo é o princípio da separação entre instituições governamentais e instituições religiosas. Em certo sentido, o secularismo pode afirmar o direito de ser livre do jugo do ensinamento religioso, bem como o direito à liberdade da imposição governamental de uma religião sobre o povo dentro de um estado que é neutro em matéria de crença. Em outro sentido, refere-se à visão de que as atividades humanas e as decisões, especialmente as políticas, devem ser imparciais em relação à influência religiosa. Alguns estudiosos argumentam que a própria ideia do secularismo tende a mudar.

Fonte: Wikipédia (português)

Mutatis Mutandis

Em primeiro lugar, é importantíssimo destacar que na descrição do verbete no Wikipedia, admite-se a condição mutatis mutandis. As redes sociais e tecnologias disruptivas determinaram muitas mudanças, contudo o secularismo não mudou. Por outro lado, podemos afirmar, por declarações e pensamentos que misturam política e religião, que mudou para pior. É provável que os que não gostam da ideia do secularismo, escondem suas manipulações sobre as pessoas com a ausência do debate.

Desta forma, atingimos – grande parte da população mundial com acesso à Internet – um estágio de escravidão mental(3), inimaginável.

Por isso, é impossível que um texto como este provoque algum tipo de avanço no debate do tema. Muitos, inclusive autores de nome e reconhecimento, tentam e os resultados são decepcionantes. Contudo, é nosso dever colocar mais “dois centavos” de contribuição na aridez e violência verborrágica que atingimos.

Será que a questão é a mídia e o canal? Será que este mesmo conteúdo no Tik Tok ou num podcast teria aceitação universal? Quem sabe se conseguirmos que o tema fosse motivo de comédia stand-up tivesse sucesso? É provável que o problema não seja a mídia e nem o mensageiro, talvez o receptor da mensagem não queira expor suas feridas.

21 Lições

No contexto da obra de Yuval Noah Harari, 21 Lições para o Século XXI, o autor explora o secularismo como uma proposta ética e racional. Em outras palavras, Harari entende que para a construção de uma sociedade moderna, certos temas devem ter discurso e prática. Harari faz duas afirmações contundentes sobre o secularismo:

  • O secularismo pode nos fornecer todos os valores de que precisamos“.
  • Os seculares se esforçam para não confundir verdade com crença“.

Essas ideias pressupõem uma sociedade que valoriza a racionalidade, o ceticismo crítico, e a busca da verdade. Com toda a certeza, a base para esta busca são as evidências, em vez de dogmas religiosos ou ideologias inflexíveis.

No entanto, quando observamos a realidade brasileira, o cenário parece, inquestionavelmente, destoar radicalmente dessas premissas. O Brasil é um país de base cultural profundamente religiosa, onde as práticas políticas e sociais, cada vez mais, seguem alguns líderes religiosos. Notadamente, líderes que professam o cristianismo evangélico neopentecostal, que utilizam sua influência para moldar o debate público. A ideia de secularismo, que prega a separação entre religião e Estado, está, sem dúvida, em declínio no cenário político e social brasileiro.

Subversão do Secularismo

Uma das formas mais evidentes de que o secularismo sofre subversão no Brasil está na crescente participação de religiosos na política. Líderes de grandes denominações evangélicas, por exemplo, conquistaram espaços importantes no poder legislativo e executivo. Essa ascensão política tem consequências diretas para a criação de políticas públicas. Políticas estas que, frequentemente, estão sob influência de crenças religiosas e não de qualquer racionalidade secular.

Em questões da educação, cultura e direitos específicos individuais, é comum, notadamente, ver leis que refletem uma visão moral religiosa. Por outro lado, uma abordagem a partir dos direitos de grupos específicos, a partir de evidências científicas ou sociais, ficam no limbo.

Como se não bastasse, a manipulação política das massas por meio da religião é uma prática crescente e sem limites. No Brasil, há uma sobreposição entre a religiosidade popular e a ação política. Esta condição se manifesta em discursos com simbolismos religiosos, capazes de mobilizar uma parcela significativa da população.

Em campanhas eleitorais, nas últimas décadas, desde que instaurou-se a redemocratização, candidatos se apresentam como “defensores da fé“. Desta forma, apelam para a ignorância política do eleitor religioso, com promessas de defender valores cristãos. Essa estratégia não só confunde a separação entre religião e política, mas também promove a manipulação de eleitores. Estes eleitores não têm acesso a uma reflexão crítica sobre a relação entre suas crenças pessoais e o funcionamento do Estado democrático.

Antissecularismo

A frase de Harari, “Os seculares se esforçam para não confundir verdade com crença”, revela a intenção de construir uma nova sociedade. Contudo, no Brasil, as decisões políticas e éticas não utilizam nenhuma base em fatos verificáveis, e sim em dogmas religiosos. A verdade, frequentemente, sofre distorções para servir a interesses políticos que utilizam a fé religiosa como instrumento de poder. A disseminação de fake news em contextos eleitorais, por exemplo, integra discursos que apelam à fé, à moral e ao medo. Essa prática contraria os princípios seculares de busca pela verdade objetiva, ao substituir o debate racional por manipulações emocionais.

Em suma, as lições de Harari sobre o secularismo e a busca pela verdade não se aplicam no Brasil. Existe sim, inquestionavelmente, um contexto onde a religião e a política possuem ligação intrínseca e vergonhosamente aética e amoral. A manipulação das ideias e a participação de religiosos na política não apenas dificultam a implementação de um estado secular e laico. Perpetuam também uma visão de mundo que confunde crença com verdade, contradizendo os princípios que Harari sugere e defende. Portanto, o Brasil enfrentou um dilema significativo de avançar em direção a uma sociedade mais secular e inclusiva. Perdeu, miseravelmente, num ambiente onde a religião continua a destruir um papel dominante na política e na vida pública.

Podemos dizer, com toda a certeza, a lição sobre o secularismo, que Harari, ensina, não está na sua obra com o idioma português do Brasil. Enfim, peguem os candidatos que se apresentam para as eleições deste ano, perguntem a eles o que pensam do secularismo. E você achando que vivemos num Estado democrático de direito e laico, acorda !

 

Amanhã tem mais …

P. S.

(*) É comum que os neófitos pesquisem no Dr. Google, ou pergunte em alguma plataforma de IA. Entretanto, não é recomendável quando se deseja alguma isenção ou ao menos uma crítica que destaque opinião de conceito aceitável. Com toda a certeza, um dicionário ou o Wikipedia são as melhores opções, especialmente em outro idioma que não o nativo.

(1)Entre Sem Bater – Harari – Seres Humanos

(2) “Entre Sem Bater – Liz Hurley – Preguiça Mental

(3) “Entre Sem Bater – Bob Marley – Escravidão Mental

 

Imagem: Entre sem Bater – Yuval Noah Harari – O Secularismo 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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