Dia Internacional da Mulher
Em primeiro lugar, falar de mulheres guerreiras, no dia internacional da mulher, parece ser um lugar comum. A minha ojeriza por estes dias comemorativos me leva a ser uma espécie de “do contra“. Afinal, alguém tem que ser diferente, até para garantir que Nélson Rodrigues estava certo sobre as unanimidades.
Falar de mulheres guerreiras deveria ser algo natural, entretanto, não é, até as próprias mulheres (a maioria, pois existem exceções) ficam buscando ícones. Esta busca, esta idolatria em dias como este, só ressaltam as diferenças, só alimentam os ideais de imbecis sexistas.
Mulheres Guerreiras
Com toda a certeza, as verdadeiras mulheres guerreiras sempre foram uma parte oculta da história. Tenho observado, em séries de TV como “Vikings“, que a postura histórica dos enredos tem mudado muito. Entretanto, muito se esconde, o preconceito, a misoginia e agora o chamado feminicídio, ainda são prática “normal”. Desse modo, em sociedades que vivem de forma medieval, ou pré-histórica, como acontece no Brasil, o desrespeito impera.
A releitura das obras “A Arte da Guerra” de Sun Tzu e “O Livro dos Cinco Anéis” de Miyamoto Musashi é civilizatória e humana. Estes livros de cabeceira, adicionados a outros de conteúdo filosófico e sociocomportamental me inspiram. E, como se não bastasse, revelam que a história tem como relator os “vencedores” e esconde mais do que mostra.
Fica a dúvida, será que as mulheres guerreiras usaram a estratégia errada?
7-5-3 Bushido Code
No linguajar do guerreiro samurai, existe um código, o Bushido Code. A partir das 7 (sete) virtudes, 5 (cinco) chaves para a saúde e 3 (três) estados da mente, temos a definição de um guerreiro ou guerreira samurai.
Fico imaginando se as mulheres guerreiras, estas do nosso cotidiano, praticam o código Bushido com mais qualidade e intensidade do que os homens. Certamente, as que têm dupla ou tripla jornada, em um mundo cão que as obriga, às vezes, a enterrar seus filhos, praticam sem nem perceberem.
Mulheres Samurais
Talvez, por questões da educação que recebi, e que vejo presente na educação de outras culturas, percebo a discriminação contra as mulheres. Muito recentemente, passei a ter conhecimento sobre a história de Maria Madalena, a verdadeira e não a contada pelos que transcreveram a Bíblia.
Parece uma coisa paranóica, e com certeza é mais do que alguma síndrome persecutória. Contudo, ao mesmo tempo, essas histórias ocorrem, cotidianamente, no norte da África e Oriente Médio. Naquelas sociedades, as mulheres guerreiras e revolucionárias sobreviventes sempre estiveram à margem de tudo. Surpreendentemente, em outros espaços como em alguns países da Ásia, a mesma postura se reproduz.
O exemplo das mulheres guerreiras samurais é o mais claro. Numa visita que fiz à Coreia do Sul, procurei entender um pouco da história daquele povo, e vi a reprodução da discriminação. O ritual do chá me impressionou e o simbolismo das vestimentas e seu uso, mais ainda.
A visão das mulheres guerreiras é restrita, mas fica pior quando vemos que não existe a visão das mulheres educadoras. Desse modo, é como se não fossem as mães a darem a primeira educação a todos guerreiros e não-guerreiros.
Mulheres Guerreiras Ocidentais
Portanto, nem falo da questão vigente numa parte do ocidente, onde as mulheres sofrem ao terem suas atividades estritamente indicadas por homens. A luta por conta de religião e outros dogmas, travada pelas mulheres, é antiga e inglória. Portanto, fica pior quando muitas mulheres se voltam contra as verdadeiras mulheres guerreiras.
Nos últimos tempos, especialmente no Brasil, o movimento sexista recrudesceu. O atraso que vivenciamos, em comparação com a libertação sexual de poucas décadas passadas, assusta.
O retrocesso é enorme, especialmente no mundo dominado por homens religiosos e pregadores do apocalipse. A hipocrisia ante a liberdade feminina campeia. Como se não bastasse, vemos algumas mulheres na política brasileira lutando e defendendo posições contra as próprias mulheres.
Na realidade, o fim do mundo aconteceu antes que as mulheres pudessem mostrar o quanto são guerreiras.
Imagem: Reprodução Internet
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