Senso Comum e Mediocridade by Periotti

Senso Comum e a Manipulação de Massas

A manipulação

Existem muitas maneiras de se manipular as massas e a disseminação de qualquer coisa até mentiras (aka fake news) virou moda. A cada dia, com a crise ética e de caráter que estamos vivenciando, fica mais claro como se faz necessário manipular as massas. Desse modo, o senso comum se transforma em um pretenso clamor popular em determinadas manobras políticas.

A mistura de uma ou duas falácias, com o uso apropriado de figuras de linguagem, permitem que um manipulador vire um filósofo. Como se não bastasse, qualquer um, até mesmo sem o dom da oratória, vira influencer. Portanto, usando estas artimanhas da linguagem escrita, manipulam até quem tem fundamentação para refutar mentiras. Entretanto, neste contexto, como o discurso é compatível com os desejos do leitor/ouvinte, temos o ambiente propício à enganação de massas.

O momento político nacional provoca em algumas pessoas um efeito perverso. Surpreendentemente, quem poderia e deveria questionar sofre assédio para se eximir e omitir opinião. E tudo por conta do senso comum e policiamento de opinião.

Seja por preguiça, omissão voluntária ou má-fé, pessoas que aparentemente são “do bem”, se posicionam de forma a serem condescendentes com a incompetência. Estas pessoas apoiam a mediocridade, ignoram pequenos delitos, até para justificarem ou omitirem grandes delitos e como forma de transparecer empatia.

Assim sendo, vemos hordas de sociopatas colocando suas ideias e interesses como senso comum. E, desta forma, ultrapassa-se a política, passa pela religião, pelas questões da sociedade e chegamos até ao futebol.

Mediocridade do Senso Comum

Os praticantes deste tipo de manipulação, fazem crer que se as pessoas praticarem atos imbecis e estúpidos estão numa “normalidade“. Além disso, ao promoverem a disseminação de posições que denotam pouca ou nenhuma cultura transformou-se em hit. As redes sociais cultuam este tipo de comportamento na linha do “quem não gosta que saia“, “não gostei, vou te bloquear“.

Uma pessoa pode praticar atos medíocres e vários de seus seguidores irão compartilhar, num claro rebaixamento de posições e falso senso comum. Quem orientou e estimulou a pessoa a compartilhar algo que esta nem pensou ou debateu sobre o assunto está sofrendo manipulação acintosa. E, portanto, nem percebem o quanto é vulnerável a posição de um ser humano sob manipulação de outros seres humanos e até máquinas.

Com a expansão desenfreada dos meios de comunicação, a quantidade de teleguiados extrapolou qualquer rede de fofocas que pudesse existir. Nem Orson Welles no seu programa de Dia das Bruxas “A guerra dos mundos” imaginaria que mentiras tivessem disseminação tão fácil.

Condescendência

Como se não bastasse, aliado à mediocridade por indução as pessoas gostam de ser condescendentes, aumenta a popularidade e “curtidas”. Hoje são todos contra A, amanhã contra B, e se C resolver jogar no sentido contrário, virará inimigo.

Maquiavel sentir-se-ia orgulhoso com o tanto de “os fins justificam os meios“.

Atualmente, vejo que quando as massas sofreram manipulação a narrativa é: “olha, vocês são minoria, estão errados“. É o acúmulo de falácia sobre falácia, paralogismo típico de quem não entende nem o conceito e as diferenças entre sofisma, falácia e paralogismo.

Até para confrontar opiniões falsas, esta condescendência está em alta, e o senso comum rasteiro, pueril, a partir de falsas notícias, prevalece.

A falácia

A falácia mais usual é a do senso comum é conhecida como ad populum, onde o sujeito apela à popularidade de um fato. Desse modo, tenta-se demonstrar que se muitas pessoas fazem ou concordam com a ideia, promovem a validação de algo falso.

Experimentos de cientistas comportamentais apresentam resultados assustadores. Até mesmo mentes inquietas sofrem subjugo por adoradores do senso comum. O isolamento de pessoas com características de raciocínio lógico, independente e cético, questionadores de “autoridades” e falácias, é cruel.

Para os manipuladores, enganadores et caterva, é mais fácil usar da falácia Poisoning the well , arregimenta-se seguidores e o séquito de praticantes do senso comum.

Vacina contra Senso Comum

A falha nesses argumentos é que a popularidade de uma ideia não tem absolutamente nenhuma relação com a sua validade. Por outro lado, os adoradores de ídolos e mitos, são incapazes de pensar e aceitar qualquer ideia diferente, são adeptos do “… não me venham com fatos pois tenho opinião formada“.

Assim sendo, sua profilaxia é de uma complexidade altíssima e o que Welles fez anteriormente, não se repetirá.

Duas pessoas admitindo e defendendo a mediocridade, contra outra querendo debater, não tem nenhuma chance de dar certo. Medíocres e teleguiados se unem na cumplicidade medíocre da mente humana.

Não existe vacina para a estupidez humana disseminada e  torna-se viral em segundos, com os meios de comunicação e redes sociais de hoje.

Em suma, o senso comum é como a unanimidade decretada por Nelson Rodrigues, sem meias palavras, “Toda unanimidade é burra”

 

Charge: Periotti (adaptação)

Nota do Autor

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