Vida imita a arte
O Brasil não é um país sério e por isso não pode dar certo. Delação premiada deveria ajudar a pegar bandidos, entretanto, ajuda a fabricar outros criminosos. O que fica difícil de saber é se a vida imita a arte ou a arte imita a vida.
Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido artisticamente como Jaguar, tem um humor refinado ( arte ) como todo excelente cartunista. Algum tempo atrás ele escreveu uma frase que não me esqueci: “Cada país tem o Sherlock Holmes que merece“. Não tenho a mínima ideia do contexto, assim como tantas outras artes que vemos por aí, mas foi lapidar.
Quando delatores fazem o papel que caberia a detetives e investigadores, para livrar a própria pele, lembro-me do Jaguar e associo o que ele disse com o ditado “entregar os anéis para não perder os dedos“. Enfim, um país que vive de fatos “novos” e que depende de delação premiada para quem se locupletou do crime, não pode dar certo nunca.
Delação premiada
Ao ler nos noticiários das últimas semanas, meses, anos… fico pensando na “indústria” da delação que foi montada desde quando comecei a me entender por gente. Por outro lado, fico em dúvida se esta “indústria da delação premiada mudaria o curso da história. Por exemplo, o impeachment de Fernando Collor, o assassinato de PC Farias, os diversos escândalos de corrupção de governos estaduais como SP; teriam outros desfechos?
Fico lembrando que motoristas e secretárias eram a base “sólida” para estes processos e não ganhavam nenhum prêmio, pelo contrário, eram até perseguidos. O pessoal corruptor não gosta de X-9 e com o advento da Internet e das redes sociais de textos, áudios, vídeos, fotos, acabou a paz. A delação premiada virou uma espécie de cereja do bolo para bandidos, Ministério Público, polícia e mais um bando de preguiçosos. Contudo, virou uma faca de dois gumes pois é possível “convencer” um delator a falar algo além do que é realidade, para incriminar quem quer que seja.
E só delata quem ganha “prêmio”, já imaginaram se todos que soubessem de algum delito de político delatasse SEM PRÊMIO?
A delação premiada virou algo para livrar o delator de uma “pena de morte”, em suma, estes X-9 são mais culpados do que quem é delatado.
Sherlocks
As aventuras de Asterix ganharam um personagem novo: ‘Doublepolemix‘, em francês, inspirado nas denúncias não premiadas de Julian Assange, jornalista investigativo que faz melhor que muito “Sherlock” tupiniquim definido pelo Jaguar.
Na realidade, estes delatores “premiados”, são mais abomináveis do que os conhecidos dedos-duros, herdeiros de Silvério do Reis. E assusta, de fato, vermos delatores “premiados” serem aplaudidos e até considerados heróis por uma patuleia ignara.
Bem que os autores das Aventuras de Asterix poderiam criar um personagem mais emblemático do que Tulius Detritus para representar este tipo de personagem que faz as coisas erradas, é conivente e ainda vira herói.
Os delatores aqui no país ou estão salvando a própria pele e entregando alguns anéis ou estão insatisfeitos com o que receberam. O Brasil tá precisando de mais “Sherlocks” ( #SQN ).
Delação premiada e advogados
Ao mais açodado pode parecer que estou fazendo papel de Advogado do Diabo ( ler Advogado do Diabo – Tarefa Difícil )ao defender os delatados, nada mais equivocado. Alguns conhecidos que leem meus textos e conhecem minhas opiniões ficam questionando algumas coisas que, certamente, nunca escrevi. Assim sendo, procuro ter opiniões sobre todas as coisas, acima de rótulos e opiniões sobre as pessoas.
Destarte, é inútil querer que eu me posicione e adote esta posição como dogma, sou metamorfose ambulante.
Imagem: Blog Sátiro Hupper
Nota do Autor
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Agradeço a compreensão de todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.