Racismo
Em primeiro lugar, somos um país de racistas e somos um país onde predomina a hipocrisia. O racismo no Brasil é, inegavelmente, majoritariamente sobre pessoas com a pele negra. Entretanto, vivemos um racismo estrutural que chegamos ao ponto de negros serem sectários e contra suas origens. Como se não bastasse, o racismo e preconceito contra nordestinos mostra a sua face sem nenhum pudor.
O problema, além disso, é que toda uma sociedade, ficou silenciosa sob os grilhões de séculos de escravidão, e teve a falsa ideia de “Metrópole”. Escrevi sobre os malefícios da vinda da Coroa Portuguesa para o Brasil(1) e, certamente, existe pouca aceitação da ideia. Atingir a condição de “Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves” foi o mesmo que retrocedermos 200 anos. Nunca antes na história da humanidade, um país esteve nesta condição e depois perdeu a autonomia.
Pobre da nação de nome Brasil e de seu povo, certamente com sérios prejuízos para a formação de sua sociedade. Com efeito, mesmo após 200 anos da fuga de Dom João VI de volta à Europa, as oligarquias mantêm os defeitos e “ismos”.
Racismo Tupiniquim
O casal de atores globais, Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, por exemplo, adotaram uma criança negra. Viajando a trabalho para o continente africano, conheceram a menina, engajaram-se no programa de ajuda aos desassistidos e solicitaram a adoção. Logo após um ano conseguiram oficializar e legalizar a adoção, até aí, nenhum problema.
Entretanto, nas redes sociais ( ah! essas redes sociais! ) ofensas e injúrias tiveram como alvo a criança e o casal. Os pais adotivos estão à procura dos autores das injúrias e vão processá-los. Portanto, não basta ser racista contra as pessoas que cercam esses haters, tem que expandir o ódio.
Em outras palavras, se um casal de brancos resolve adotar uma criança não-branca, são cabíveis ataques e outras agressões?
Existe exemplo desta natureza em outras nações ou é mais uma “jabuticaba” azeda e cruel?
Os pobres de direita(2) são, em certa medida, responsáveis por estes comportamentos anômalos.
Racismo de Primeiro Mundo
Com a eleição do presidente Barak Obama, os Estados Unidos conseguiram elevar ao mais alto cargo mundial um negro. Indiscutivelmente, o eleito que não tem nenhuma vergonha de suas origens, assumiu e governou para toda uma nação. E, como se não bastasse, a sua esposa, uma negra, tornou-se uma inédita primeira-dama afrodescendente daquele país.
Logo após as eleições presidenciais à sucessão de Obama, surpreendentemente, uma funcionária pública de uma cidade qualquer manifestou-se. Ela, possivelmente adepta do candidato eleito, fez publicar em sua timeline a seguinte frase: “… Será revigorante ter de novo na Casa Branca uma primeira-dama elegante, bonita e digna. Estou cansada de ver uma macaca de salto alto … ”. ( tradução bem próxima ao real ).
A prefeita, hierarquicamente superior à manifestante virtual, em seguida apoiou a frase racista, mesmo nos EUA, uma pretensa democracia.
Sobretudo porque as repercussões foram enormes: a prefeita renuncia, após demitir a funcionária, e segue o jogo do racismo.
Por outro lado, povos de nações do primeiro ou do quinto mundo, praticam o racismo e o preconceito, de maneira hipócrita.
Hipocrisia
Vejo, assim como outros brasileiros, dentro da minha casa, no ambiente de trabalho, nas ruas, na mídia, situações similares às descritas. Analogamente, vivenciamos situações bem próximas dos casos citados, mas sem a mínima consequência e até mesmo posicionamento nossos. Pelo contrário, vejo a hipocrisia reinando e, como se não bastasse, muitas justificativas tolas e pueris.
A pior de todas é quando os racistas hipócritas dizem que este “policiamento” sobre o politicamente incorreto é injusto.
Os casos vão se acumulando, é a “Maju” aqui, o “Tinga” ali, reproduzem às centenas, aos milhares, todos os dias.
Se a pessoa alvo tem projeção na mídia, a coisa vira notícia, se não tem, cai na vala comum do escárnio. Se bem que o “antigamente não tinha essa frescura…” é a saída favorita dos hipócritas. Ah! e não devemos esquecer que se a pessoa vítima tem algum dinheiro, como alguns e algumas influencers, a coisa morre.
Como descrito na charge que ilustra este texto, mais do que hipocrisia, irracionalidade do ser humano, e o preconceito social.
Palavras, nada mais
Existe um grupo de palavras e expressões que fazem parte do dia-a-dia das pessoas sem o menor problema para que se expressa.
Eventualmente, sofremos, inclusive eu, ataques com este tipo de expressão, manifestação ou atitudes piores.
Sem dúvida, são agressões verbais diretas, sem o mínimo sentido, civilidade ou racionalidade. Ouvi uma frase destas bem jovem, ao ir num jogo de futebol, na companhia só de brancos. O mais velho do grupo, ao me ver no grupo perguntou: – o que este negro está fazendo aqui. O que mais impressiona é que a maioria ri e a gente fica sem saber se deveria mesmo ir a um jogo de futebol. Surpreendentemente, a África do Sul e seu antigo Apartheid devem estar aqui, presentes em mentes e corações perversos.
Entendo que justificativas e subterfúgios apoiam a hipocrisia geral, com o propósito de escamotear sentimentos verdadeiros. É como no enredo de um texto onde a frase “bandido bom é bandido mor …” corrobora a ideia da maioria. Contudo eles devem fazer a restrição de que, “desde que seja negro ou pobre“ ou não sejam um dos “nossos”.
A sociedade está corroída, é #FATO!
Entretanto, as redes sociais estão expandindo esta corrosão para limites inimagináveis.
Em suma, palavras e expressões são mais do que palavras quando carregam preconceito e racismo.
Expressões e palavras preconceituosas e racistas
- A coisa tá preta
- Cabelo ruim
- Chuta que é macumba!
- Denegrir
- Dia de branco
- Disputar a negra
- Escravo
- Estampa étnica
- Galinha de macumba
- Humor negro
- Inveja branca
- Lista negra
- Macumbeiro
- Magia negra
- Mercado negro
- Mulata tipo exportação
- Não sou tuas negas!
- Nasceu com um pé na cozinha
- Nega maluca
- Negra com traços finos
- Negra de beleza exótica
- Negro de alma branca
- Ovelha negra
- Preto de alma branca
- Quando não está preso está armado
- Samba do crioulo doido
- Serviço de preto
- Teta de nega
- Volta pro mar, oferenda!
Enfim, um conhecido sempre me dizia: Há limites !, mas parece que não existe nenhum limite para a irracionalidade.
Pois, com toda a certeza, afirmo que estes limites foram muito flexibilizados ou não existem para hipócritas, calhordas e covardes.
Desse modo, vamos caminhando e lutando contra o racismo, que se expande e gera preconceitos até contra nordestinos.
(1) “200 anos sem Dom João VI”
(2) “Igualdade Social e os pobres de direita”
(*) Revisado e atualizado em dezembro de 2022
Imagem: ChargesONline
Nota do Autor
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