Datas Comemorativas

Lixeiro recolhendo lixo – Reprodução BHAZ
Acredito que o primeiro texto deste Blog sobre datas comemorativas foi no Dia do Motociclista. É provável que eu repita o “mantra” de como abomino esta questão de “dia disso” e “dia daquilo”. Conforme o que venho repetindo – e continuarei – penso “… se alguém precisa que a sociedade mercantilista e consumista crie uma data para ser lembrado e para comemorar, é porque a nossa sociedade é cínica e hipócrita para esquecer destas pessoas nos outros 364 dias do anos …”. Desse modo, recentemente recebi uma frase que me fez recuperar, revisar e atualizar este texto em homenagem ao Lixeiro.
O diálogo que me motivou a ressuscitar este texto vinha com uma imagem de lixeiros recolhendo o lixo que produzimos. Conforme vamos produzindo, criamos a perspectiva de, ao dispensá-los incorretamente, provocar doenças, enchentes, mal cheiro, proliferação de insetos e outras pragas..
– Aqueles são os homens do lixo, pai?
– Não filho, aqueles são os homens da limpeza. Os homens do lixo somos nós.
Malditas datas comemorativas !
Dia do Lixeiro
Em primeiro lugar, esta data é mais uma que confunde as pessoas além do diálogo protagonizado por pai e filho transcrito anteriormente. Seja o Lixeiro, Catador de Lixo, Coletor de Resíduos, Coletor de Recicláveis, Formiguinhas e Gari são profissionais que os cidadãos muitas vezes ignoram. Em outras palavras, seja qual for o nome que você dê a estes profissionais, saiba que são eles que limpam toda nossa sujeira.
Limpeza
Pouco depois que comecei a trabalhar numa empresa pública de TI, ao atuar em sistemas de informação para área de limpeza urbana, saúde, educação etc. pude ter outra visão destes profissionais.
No caso dos lixeiros e profissionais relacionados à coleta de lixo, mesmo os “catadores”, a frase de uma gestora de limpeza urbana me chamou a atenção. Dizia ela: ” uma cidade é como a nossa casa, é mais limpa se sujamos mais, e não se a limpamos muitas vezes”.
Ela estava querendo dizer que se produzimos muito lixo, se jogarmos lixo na rua e não nos cestos apropriados, mais recursos serão despendidos na limpeza. E recursos, neste caso, não são somente financeiros, com toda a certeza, uma cidade não tem tapete para jogar o lixo por baixo deles e a conta chega quando menos se espera.
A imagem de lixeiros limpando bueiros entupidos por conta do lixo dispensado de forma imprópria manda seu aviso quando chove muito em pouco espaço de tempo. Os alagamentos são previsíveis quando a educação das pessoas é demonstrada com o lixo que jogam na rua.
Enfim, não tem nenhum mistério, casa e cidade limpa dependem da civilidade de seus cidadãos (TODOS) e a ideia que fazem do trabalhos dos outros.
Homenagem
Alguns anos atrás, surpreendentemente, uma mãe teve que se virar para que a festa de aniversário temática de seu filho pudesse ser realizada. O garoto queria que o tema da festa fosse em homenagem aos lixeiros e garis. De acordo com matéria do UOL – Garis são homenageados em aniversário – era uma temática inusitada. Pouco depois, um garoto de 3 anos ganhou uma festa semelhante por ser apaixonado pelo trabalho dos garis – O garoto ganhou até passeio no caminhão do “lixeiro”.
Uma vez que minha teoria fica cada vez mais forte, estas homenagens deveriam ser diárias pois, afinal, produzimos Lixo 24 horas por dia. Entretanto, como somos muito mal educados nas questões de reciclagem, separação de lixo e outros pequenos detalhes, ainda estamos longe de sermos civilizados.
Mesmo que nossos filhos façam trabalhos escolares sobre preservação do meio ambiente e questões de saúde pública, higiene e outras, ainda não avançamos. Nas nossas casas não conseguimos executar tarefas rudimentares como separar o lixo que produzimos. Analogamente ao caos, sou testemunha de que se fizermos a separação do lixo em nossas casas, e colocarmos separados na lixeira do prédio. Com toda a certeza, algum síndico estúpido diz para a auxiliar de limpeza do prédio para colocar tudo junto na lixeira geral. Como se não bastasse, se reivindicarmos coleta seletiva em nosso endereço, não encontramos nenhum vizinho para apoiar.
Com toda a certeza, este povo só se lembra do lixeiro quando, ao final do ano, eles passam a “caixinha de Natal” e síndicos e outros cidadãos dizem: – lá vem o lixeiro com sua caixinha !
Sim, lá vem o lixeiro que leva toda a nossa sujeira, física e real, para debaixo do tapete da nossa cidade, nós é que somos os homens e mulheres do lixo.
Imagem: Reprodução Portal BHAZ
Nota do Autor
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