Ignorância e Progresso

Ignorância e Progresso

Ignorância e Progresso

A ignorância e o progresso tem tudo a ver com Juvemário Tupinambá, baiano de Nazaré das Farinhas (BA). O humorista, que faleceu em 2010, dizia um bordão que, sem dúvida, era terrível. O seu personagem mais famoso era Bertoldo Brecha(*), numa alusão a um dramaturgo alemão. Em seus devaneios, numa adaptação para as terras tupiniquins, ele repetia:

– “… a inguinorança é que astravanca o pogréssio…” ou qualquer similar, certamente demonstrando muita ignorância.

É provável que aquela ignorância e progresso façam muito sentido nos dias atuais. Surpreendentemente, o escárnio para com o povo leva a mídia a dar espaço para um excremento, como Roberto Jefferson (PTB). O crápula se derrama em lágrimas de crocodilo, lutando pela nomeação da filha como ministra de Estado. Inquestionavelmente, seria uma ministra minúscula, para um Estado refém de bandidos e golpistas.

Em suma, os brasileiros não merecem e os apoiadores deste traste e os golpistas merecem !

Questão de escolha

Não sei a autoria, não sei se um filósofo (se for é daqueles bem patetas) ou sociólogo que disse que a ignorância é uma escolha. Platão dizia que, sem a base educacional, querer nações e homens livres e culturalmente capazes é impossível. Por outro lado, alguns dizem que ser ignorante é uma questão da pessoa querer ser ignorante.

Desse modo, admitir que no Brasil ser ignorante é uma questão de opção, faz muito sentido.

Nesse ínterim, sinto-me completamente derrotado e sem ânimo. Ver o tal Jefferson posando de paladino da ética e da moral é o princípio do fim. Como se não bastasse, ver a filha do sinistro, com acusações de delitos e delações, como ministra de Estado, é deprimente.

Queria saber onde aperto o botão da OPÇÃO de ser ignorante e não entender nada deste assunto. Fico pensando como a maioria das pessoas consegue ser assim. Com toda a certeza, alienação pouca é bobagem, o mundo virtual é aqui e agora.

Analfabeto político

Entretanto, como sou brasileiro e não desisto nunca, chego no primeiro ambiente e puxo a discussão:

–  e a filha do Jefferson ?

– Quem é Jefferson?

Desisto no segundo ambiente virtual, pois os que se interessam em pauta política não querem sair da bolha. De fato, este tipo de situação dá para (des)qualificar e identificar coxinhas e paneleiras, sem erro. Desse modo, eles se escondem, não tem opinião própria e vivem de informações falsas. Assim sendo, conseguem mostrar o quanto são ignorantes e sem capacidade cognitiva.

Enfim, a ignorância e a preguiça mental é que atrapalham qualquer progresso da sociedade.

Ignorância e Progresso tupiniquim

Ao ver o presidente golpista falando de progresso, de investimentos, retomada da economia dá ânsia de vômito. Ouvir palestras do ministro da Economia, repetindo a fala do presidente, me faz lembrar de Brecht e Brecha. Certamente, não consigo me lembrar se o próprio Juvemário era o redator dos textos e quem escolheu o nome do personagem. Contudo, tenho a certeza de que existia muita profundidade nos textos (nos áureos tempos da ditadura). Por outro lado, o humor e humoristas da atualidade são lixo, com endereçamento para ignorantes pouco progressistas.

Veeeeeenha!!!

Do mesmo personagem, o bordão “veeeeeenha!!!” indicava que ele estava apto a responder qualquer pergunta do professor Raimundo. A sua sapiência permitia criticar a ignorância e progresso que se confundiam.

Por isso, ouso dizer que a falta de educação dada às crianças e adolescentes é um projeto de maus governantes. Retirar disciplinas como educação musical, filosofia e outras dos currículos é um crime lesa-pátria. A discussão imbecil sobre “escola sem partido” e outras igualmente diversionistas é coisa de Insanos. Desta forma, chegamos onde estamos: Ignorantes e com a falsa ilusão diante do progresso de poucos.

A pergunta que não quer calar é: vai melhorar ou piorar? Dependendo de como votarem os brasileiros, vai piorar muito.

Num ano eleitoral, em que Roberto Jefferson chora diante das câmeras, revela um pouco da resposta.

Num início de ano em que o governo federal corta 15 bilhões de pesquisa e ciência, o futuro agoniza. Ao destinar mais de 13 bilhões para emendas parlamentares, revela-se muito da resposta.

Quando vemos um secretário de cultura (Lazaroni, PMDB-RJ) votar a favor de um deputado criminoso, é lamentável. Políticos tentando citar Bertolt Brecht, e se referenciando a Bertoldo Brecha, constatamos a ignorância e progresso real. As cartilhas que os déspotas e tiranos usam para ensinar, criam, por exemplo, ignorante úteis e vassalos.

Violência e Atraso

A ignorância impede o progresso da sociedade e gera violência em suas mais diversas formas. A falta de conhecimento, na recusa em aprender e na cegueira deliberada diante de fatos e realidades. Essa postura, intencional ou não, sem dúvida, cria barreiras para o desenvolvimento social. Como se não bastasse alimentando a intolerância, a discriminação e a opressão.

Desse modo, um dos efeitos mais violentos da ignorância é a perpetuação de desigualdades. Quando indivíduos e grupos não têm acesso à educação e à informação, ficam à mercê de manipulações ideológicas. Sem o discernimento crítico, tornam-se mais propensos a serem vítimas de preconceitos e a reproduzir discriminações. A ignorância, nesse contexto, alimenta a violência social, a segregação, o ódio racial e religioso e a marginalização de minorias.

Outro aspecto nefasto da ignorância é a sua capacidade de gerar conflitos. A falta de conhecimento sobre diferentes culturas, costumes e crenças cria um terreno fértil para o mal-entendido e a desconfiança. O medo do desconhecido, aliado à ignorância, alimenta a xenofobia, o etnocentrismo e o fanatismo. Tais ideologias extremistas, muitas vezes mascaradas como “proteção” ou “defesa de valores”, justificam a violência contra grupos considerados “diferentes”.

Educação e Informação

Combater a ignorância exige um compromisso com a educação e a informação. É necessário investir em políticas públicas que garantam acesso universal à educação de qualidade, desde a educação básica até a formação continuada. A promoção da cultura científica, do senso crítico e do diálogo intercultural também são ferramentas essenciais para construir uma sociedade mais justa e tolerante.

Enfrentar a ignorância não é apenas uma questão de acesso à informação, mas também de mudança de atitude. É preciso cultivar a humildade intelectual, reconhecendo que o conhecimento é um processo contínuo e que ninguém detém a verdade absoluta. A abertura para o diálogo, o respeito à diversidade e a busca incessante pelo saber são os antídotos contra a ignorância e seus efeitos violentos.

Ao rompermos com as amarras da ignorância, construiremos uma sociedade mais justa, pacífica e próspera para todos. A educação, o conhecimento e a tolerância são armas na luta contra a violência e a ignorância coletiva.

 

(*) Personagem da Escolinha do Prof. Raimundo),

 

Charge: Blog Chebolas

Nota do Autor

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