Redes Sociais Descontroladas

Gestão de Redes Sociais

Coisa antiga

Quando falamos hoje de redes sociais, fica parecendo que esta coisa surgiu agora, ou seja, logo após o Twitter ou Facebook ou depois do falecido Orkut, ledo engano.

A primeira rede social, stricto sensu,  que participei foi uma BBS (Bulletin Board System) que era o único acesso a outros computadores, via linhas de telefone discado, com outros computadores no mundo. Trocamos opiniões, documentos, games, notícias e muito mais. Isto no início da década de 1990. E estávamos muito atrasados no Brasil, uma vez que modens de 2.4 kbps eram puro luxo.

Algum tempo atrás, o Facebook era a rede social que iria substituir o Orkut (a rede social da moda e dos descolados). Assim sendo, aceitei o convite para uma apresentação numa faculdade de tecnologia com um desafio: falar “mal” das redes sociais. Claro que falei por último, depois que neófitos de esbaldaram. Comecei com um slide mostrando que redes sociais existiam antes mesmo de 1990. Foi fácil, mas alguns não entenderam até hoje.

Nesse ínterim, vejo usuários de Internet reclamando de velocidades da banda larga; de “gigas” e mais “gigas” de memória RAM e de “teras” de menos em “storage”.

Redes Sociais

Anteriormente, eu tinha a exata noção do que era administrar uma rede social. Dediquei muito do meu tempo como profissional para a mudança. Trabalhei durante anos com um mainframe e mudar para a denominada baixa plataforma foi fácil. Analogamente, a experiência como participante de grupos em BBS e outros canais de comunicação (hoje, rede social) foi decisiva para as escolhas que fiz com relação à tecnologia.

Grupos, Listas, Fóruns etc

Os nomes das coisas mudam e as pessoas, como não conhecem por dentro da “fábrica de salsichas“, acham que estão evoluindo. Muito “mais do mesmo” e pouca inovação de verdade; inventam um serviço engraçadinho com uma interface bonitinha e moderna, usando um protocolo que existe há duzentos anos e pensam ter uma nova rede social.

Então, aquilo que anteriormente era o ICQ*, transformou-se no Whatsapp. E quem ousa falar o acrônimo ICQ passa a ser um dinossauro ou alguém que não soubesse usar o Whatsapp. E no ICQ existiam grupos, administradores, operadores, e toda uma necessidade que ainda persiste.

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ICQ é um programa de comunicação instantânea pioneiro na Internet que pertence à companhia Mail.RU Group. É, certamente, um dos primeiros programas de mensagem instantânea da internet, criado em 1996. A sigla “ICQ” é um acrônimo feito com base na pronúncia das letras em inglês (I Seek You), em  outras palavras, no português, “Eu procuro você”. Entretanto, é popularmente conhecido no Brasil como “i-cê-quê”. Atualmente, o ICQ tem 11 milhões de usuários ativos mensais.

Fonte: Wikipedia (Visualizado em jan 2018)

Então, muito do que é novidade, é inclusivo e, ao mesmo tempo, surpreendentemente, pode ser excludente, dependendo das limitações de uso.

Por exemplo, o Whatsapp é inclusivo, pois arrebatou idosos, deficientes e analfabetos (a “arte” de gravar um áudio e pedir a alguém para ler o texto recebido é altamente inclusiva). Por outro lado, joga no esgoto qualquer tentativa de educação dos cidadãos de maneira racional e inclusiva.

Mesmo que uma lista de discussão por e-mail, muito utilizada até por volta de 2005,  esteja, ainda hoje, ao alcance de todos, perdeu espaço com a chegada dos smartphones e plataformas como Whatsapp.

Padecer no paraíso

Ser moderador de rede social é padecer no paraíso. Já criei, administrei e moderei inúmeras redes sociais, e, certamente, estou à frente de algumas, até hoje. Existem fóruns de discussão de gente preocupada com esta questão. Digamos que a coisa ficou “democrática” com a possibilidade de que qualquer um crie a sua rede social, seu grupinho, seu espaço, de forma que possa ser público, privado, secreto e outros atributos mais.

E a maioria das pessoas faz assim, mas qual o sentido de criar uma rede social que esteja sob o controle de uma pessoa? Simplesmente poder pensar sobre o que pensam e o que escrevem outras pessoas. Administrar uma rede social é padecer no paraíso; é 8 ou 80. Mas pessoas que não tem ideia do que seja fazer esta gestão, continuam a criar.

Os casos absurdos são muitos, e eu ficaria aqui por meses, relatando causos, curiosidades e tolices dos grupos que participei ao longo destes anos. Os casos revelam a total incapacidade de algumas pessoas em fazer coisas para as quais não têm habilitação, e pensam que têm. Mas isto (fazer o que não se tem habilitação) virou esporte de sobrevivência nacional.

Alguns casos

Como disse, os exemplos são muitos e cada um pode ler estes exemplos e ver se não aconteceu com cada um.

  • Grupo formado no Facebook que não aceitava gente que pensa de forma diferente e indicando que era grupo de discussão; pode isso Arnaldo?  E, certamente, os administradores e moderadores excluíam e bloqueavam quem discordasse e até ofereciam falsa denúncia.
  • Espaço constituído para determinado assunto, com regras definidas e que sempre aparece um engraçadinho para descumprir as regras com o propósito de tumultuar; pedir desculpas e ainda sentir-se ofendido com os “puxões de orelha”.
  • Rede Social, blog, página, etc. feitos para debate e que usados para proselitismo do administrador, e seguidores se esbaldando em curtir e compartilhar ideias e opiniões dos outros.
  • Grupo em que as pessoas entram, fazem seus posts e ficam no “silencioso”. Quando voltam, apagam tudo e perdem a “trilha”, repetem as ideias ou falam sobre o que não conhecem.

Gestor de Redes Sociais

Pensem nos moderadores de comentários de grandes portais e canais famosos. Whatsapp, Twitter, Portal UOL e outros mundo afora (um trabalho incompreendido). Psicopatas e sociopatas ganharam seu espaço na Internet. E contam com apoio de gente que não tem a mínima noção (minha dúvida é se não se igualam a estes sociopatas !) ou são irresponsáveis a ponto de deixar correr solto. Pornografia Infantil, apologia ao crime, pedofilia, sexo sem limites, causas políticas criminosas e uma infinidade de coisas que livra muita gente de dissabores.

Sou rigoroso com a gestão que faço de sites, blogs etc. Se um site é sobre futebol de um time, cabe ao administrador impedir que torcedores adversários não tenham espaço. Em casos extremos, como política e religião, é possível que nem a Polícia ou o Poder Judiciário consigam domar as feras e beócios de redes sociais, vai sobrar para o gestor da rede.

Moderação

Não basta criar grupos e ser moderador. Na maioria dos casos, um moderador/administrador de rede social tem uma altíssima incompatibilidade com amigos e gente próxima. Ou se é profissional ou assume a postura de amador e deixa correr solto. Na maioria dos casos, esta postura não dá certo. Estou cansado de ver sites, grupos, páginas etc. que poderiam ter bom conteúdo, mas morrem com 50, 100 mil ou mais “seguidores”.

Com toda a certeza, quantidade não significa qualidade e gestores/administradores de sites deveriam ao menos conhecer a matéria com a qual atuam. A reforma trabalhista recente ignorou esta atividade como profissão. Conheço pessoas que ganham dinheiro fazendo a gestão de blogs, sites e grupos (alguns ganham muito bem !) que tem dificuldade para responder qual sua profissão.

Em suma,  é uma briga voraz por espaços que cada um busca em troca de trabalho e dinheiro por uma questão de sobrevivência.

No início da década, tive a informação sobre a vida “útil” de trabalhadores que atuam como lixeiros no Brasil. Fiquei assustado com a média menor de 5 anos de atividade laboral. Contudo, três anos atrás, fiquei sabendo de um estudo global que afirmava que o tempo médio de vida laboral para moderadores de uma rede social era proporcional à quantidade de usuários na rede e não passava de 6 meses. Em alguns países (o Brasil tá chegando lá !), o salário médio mensal desses moderadores não ultrapassa os U$300.

Onde chegaremos

Logo após assistir episódios de Black Mirror (alguns mais de uma vez) fiquei imaginando quanto tempo durarão administradores de redes que não sabem o que estão fazendo. Ou, por outro lado, o que farão aqueles que não conhecem as ferramentas de gestão de uma rede social e que se metem a fazer o que não sabem.

Enfim, um trabalho estressante e aterrorizante que está provocando traumas nas pessoas. Gente que assume aquilo que não entende e não aguenta.

Black Mirror vai te pegar ! Portanto, não se metam com grupos de rede social que não dominam, ou sejam felizes com seus psicopatas e sociopatas de estimação

P. S.

Só para registro: Participo de muitos espaços digitais, algumas com perfil fake; Administro outras tantas; sempre com perfil oficial e original, e gosto de uma TRETA ! Por isso, clamo, ajude um administrador de rede social de verdade.

 

Charge: Ivan Cabral

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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  • Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
  • Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.

Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.

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