Serpent´s Egg
A princípio, para motivar a escrita de textos, utilizo-me do cotidiano, adicionando minhas impressões sobre pseudomudanças e redes sociais. Atualmente, entrei num período sabático, que resolvi denominar “recesso” – igualmente aos poderes Judiciário e Legislativo. De fato, as mudanças no campo da política e da nossa sociedade tupiniquim são consistentes com o Fim do Mundo. Pensei muito e resolvi fazer uma analogia com o filme “O Ovo da Serpente“, do original “Serpent´s Egg“.
O filme nos remete a uma época em que as pessoas não sabiam como surgiam os males e efeitos perversos da política. Sem dúvida, a mídia, naquele contexto, tinha o controle de Goebbels e as mil vezes repetição de mentira, virou verdade. Como eu era “de menor”, tive que burlar uma regra para ver este filme. Enfim, assisti à obra de Bergman com elevado interesse, curiosidade, atenção e, desta forma, concluo que a história vai se repetir.
A origem do título “O Ovo da Serpente”, conforme o Wikipedia, está na obra “Julius Caesar“, de Shakespeare. Uma fala de Brutus, seria “… e, portanto, pense nele como um ovo de serpente. Que eclodiria, à medida que sua espécie se tornasse travessa; E mate-o na casca“. Surpreendentemente, temos um dito popular, que não se sabe muito bem a origem, bem a propósito da história do “ovo da serpente”. “Quem pariu Mateus que o embale” é plenamente aplicável em nossos dias em terra brasilis. repleta de leitores de bíblia e adoradores de púlpito.
O Ovo da Serpente
Existem algumas definições no filme, daquilo que depreendo, que é provável que tenham reprodução no Brasil, como farsa, tragédia ou calamidade pública. Assim sendo, o que mais impressiona é uma frase do filme que apresenta o contexto histórico e nos revela algo que estamos vivenciando.
Contexto
“O governo mostra-se impotente. Um confronto entre os partidos parece ser inevitável. Apesar de tudo isso as pessoas vão trabalhar, a chuva nunca pára e o medo cresce como o vapor que emana das pedras. Pode ser sentido como um cheiro penetrante. Todos o suportam, como um veneno, um veneno de efeito lento, que se percebe apenas no pulso acelerado ou como um espasmo de náusea”
Enfim, como escreveu algum observador atento: “O Ovo da Serpente é o veneno contido na natureza humana“.
Ovo da Serpente Tupiniquim
Por outro lado, quem não contextualiza o enredo daquela obra hollywoodiana, não vai entender a transposição para a situação atual do Brasil.
Mauro Santayana, em abril de 2013, escrevia “O Golpe da Informação”
Anteriormente, José Henrique P. e Silva disse que “… Nesse contexto, nenhuma democracia é tão forte contra situações como esta. É preciso estar atento. Não podemos superestimar a capacidade de resistência da democracia. O homem não é simplesmente bondade, como muitos desejam ou apregoam. Os “monstros” não nos atacam de fora, mas surgem de dentro. Por vezes, com nossa intolerância, com nossos preconceitos, nós somos o réptil que está tentando romper a casca, apenas não nos reconhecemos.”
Destaco que o grifo acima é do autor da frase e que, presumivelmente, escreveu alguns anos atrás. É provável que, à época, nenhum golpe ou tragédia estava em curso nalgum porão da nossa frágil democracia guiada.
Seria Santayana e José Henrique, autores dos textos indicados portadores de algum dom da predição? Acredito que não, e, como se não bastasse, leio e escrevo sobre estes assuntos, desde 2016 com a criação deste espaço. Desse modo, a conjuntura converge para as ideias sempre vivas no “Ovo da Serpente”.
Dúzias de Ovos
O Brasil está sob condições severas e graves, semelhantes à obra ficcional de Bergman. Entretanto, nos últimos meses, após as eleições gerais de 2018, a situação apresenta-se tenebrosa. Os seguidores dos eleitos defendem a linha de pensamento que colocou presidente, governadores e parlamentares que a maioria entende como a melhor para o país. Ou seria, por outro lado, o melhor para cada uma das cabeças teleguiadas pela mídia e redes sociais.
Enfim, a introdução perversa das redes sociais e mídias digitais na cabeça, mentes e corações dos brasileiros venceu. As fake news e influencers, subjugam a tudo e todos, ferram com os avanços possíveis e benéficios das tecnologias.
Certamente, sofreremos a falaciosa acusação de “torcer contra“, “não saber perder” e culpados de tudo que estiver errado. O país está no caminho errado desde 1808, e não tem jeito de consertá-lo. Portanto, como imaginei desde que me politizei e entendi a importância do voto e de nossas escolhas, reconheço que perdemos.
Enfim, o preço que deveremos pagar, individualmente e coletivamente, é muito alto para quem é contra golpistas e seus serviçais. O retrocesso e os vários ovos de serpente estão aí, numa chocadeira elétrica com requintes de crueldade..
Imagem: Blog Militância Viva
Nota do Autor
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