Swear Word
A princípio, o palavrão tem vários significados e uma história de mudanças e substituições. Uma palavra que hoje é elogio, amanhã, em tempos de redes sociais e seguidores incultos, vira ofensa, palavrão ou similar.
O termo original seria Profanity e é provável que daí surgiram cuss, cuss word, oath, swear word, expletive e outras dezenas. Desse modo, imaginem que se somarmos as traduções em vários idiomas, seria possível construir uma enciclopédia da blasfêmia.
Em suma, para ser um palavrão legítimo tem que ser uma palavra curta, grossa e que carrega muitos significados.
Palavrão – A Série
Palavrão virou uma coisa comum, sobretudo quando comediantes de desrespeitam e vilipendiam um palavrão através de uma piada ruim.
Com esta ideia, e na condição de um praticante que é usuário contumaz de alguns dos mais famosos, fiquei interessado na série Netflix. Nomeada “History of Swear Words” confesso que esperava muito mais da série ( será que tem mais por vir? ). Contudo, não sou crítico como o professor Roberto (de inglês) que ri em filmes de terror e critica a produção da série. Vi os primeiros episódios e gostei do estudo que fizeram sobre cada palavrão, só não sei se existe alguma pegadinha nas histórias narradas.
Com toda a certeza, a série foi apenas um aperitivo para mais de uma centena de palavrões e xingamentos, que existem no idioma inglês.
O Palavrão e as Redes Sociais
Em primeiro lugar, a saga de seis palavrões que não frequentavam as mesas das boas e más famílias e hoje são comuns. Em outras palavras, se antes eram “pecado”, atualmente, não saem dos teclados de qualquer um que tenha um smartphone.
São eles (em inglês): Fuck, Shit, Bitch, Dick, Pussy e Damn.
Seis palavras curtas, com vários significados ( em inglês ) e que se traduzidas podem mudar de sentido, saindo do elogio até transformar-se em ofensa grave.
Tudo bem explicado na série, mas que as redes sociais não perdoam. Em quase todos eles o significado depende de quem fala e quem ouve. É como quase tudo que escrevo nos meus textos. Sou responsável por aquilo que escrevo e não pela forma como interpretam; carapuça veste quem quer, alguns indevidamente e de forma açodada.
Assim, quando falo um fuck ( que pode ser foda-se, porra etc. ) vale mais o contexto e o ressignificado que cada interlocutor apropria. Existem histórias bem interessantes na série e que merecem a atenção ( os episódios são pequenos e divertidos ) da audiência.
As redes sociais desempenham um papel significativo na evolução da linguagem e na percepção de palavrões e blasfêmias. Embora as palavras em si tenham significação similar, o uso e as interpretações sofrem alteração pelas dinâmicas das redes sociais.
Redes Sociais
Temos, por exemplo, alguns comportamentos que sofreram modificações importantes, quais sejam:
- Desinibição e anonimato: As redes sociais proporcionam um certo grau de anonimato, o que leva algumas pessoas a ousarem mais em seu discurso. Isso se traduz em um aumento do uso de palavrões e blasfêmias em comentários, postagens e mensagens, de forma deliberadamente ofensiva.
- Expressão de emoções: As plataformas e grupos liberam as pessoas a compartilhar suas emoções e opiniões, que sofriam restrições em ambientes presenciais. Os palavrões muitas vezes enfatizam sentimentos intensos, como raiva, frustração ou surpresa. Por isso, podemos adicionar uma camada de autenticidade às interações online.
- Eufemismos e acrônimos: Para evitar a censura ou para serem mais discretos, as pessoas desenvolveram eufemismos e acrônimos para palavrões. Por exemplo, o popular “WTF” (What The Fuck)(*), tornando o uso de linguagem obscena mais sutil.
- Ironia e humor: Em memes e piadas online, palavrões muitas vezes têm uso de forma irônica e humorística. Desse modo, o discurso ofensivo fica mais palatável e permite que as pessoas expressem suas opiniões descontraidamente.
- Reações públicas: As redes sociais com palavrões, por outro lado, atraem a audiência para comentários e postagens controversas. Contudo, o uso de palavrões em um contexto público pode provocar cancelamentos ou repercussões em termos de imagem.
- Reinterpretação de blasfêmias: Além dos palavrões, as blasfêmias também têm reinterpretação em um contexto mais amplo e figurativo. As pessoas podem usar expressões religiosas de forma não literal, reduzindo o impacto de sua ofensa.
Embora as redes sociais tenham tornado o uso de palavrões e blasfêmias mais visível e difundido, seu significado básico permanece o mesmo.
Hipocrisia do Palavrão
Já escrevi textos e frases sobre a hipocrisia das pessoas, especialmente sobre a falsidade reinante nas redes sociais. Um dos termos que usei, anteriormente, num destes textos foi “Lacração” ( “Lacração é mais uma gíria de neófitos” ). O termo, de fato, tinha conotação como alguma “coisa feia” no meio LGBT.
Assim como os palavrões da série, outros tantos, comuns em certos grupos sociais, mudam de conotação, como é o caso de Bitch.
Desse modo, este povo que faz cara feia e que não diz palavrão, não tem a noção do que é uma blasfêmia tradicional. Como a nossa sociedade moderna é especialista em mudar o sentido das palavras, palavrinhas e palavrões podem até virar elogio.
O palavrão é a expressão máxima do sentimento imediato de cada um e certos palavrões viram termos comuns ou gírias ultrapassadas em segundos. No entanto, a forma de uso e a interpretação que recebem variam amplamente. Sem dúvida, a influência de fatores culturais, regionais e pessoais é importante nos tempos atuais.
Por outro lado, é essencial reconhecer que, apesar das mudanças nas dinâmicas linguísticas, a cortesia e o respeito no discurso online são importantes. Desta forma, manter um ambiente saudável e produtivo nas redes sociais, mesmo com muita hipocrisia, é fundamental.
Que me desculpem as pudicas e os papa-hóstias, mas blasfêmia “de UC é rola“, e aguardo as críticas, com ou sem blasfêmias …
(*) Uma versão com mais educação e polidez traduziria WTF como “que diabos é isso?“.
Imagem: Reprodução Inglês no Teclado
Nota do Autor
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