Under e Over
No futebol de outrora existiam poucas categorias: fui jogador de Dente de Leite e quando tinha que ‘subir para o Juvenil abandonei o futebol. Atualmente, existe a denominação SUB (do inglês UNDER) atrelada à idade limite do jogador, a Sub-20 é mais conhecida como Juniores. Por analogia, a categoria Sub-23 seria uma espécie de “aspirante” ao profissionalismo. Entendo que torcedor de futebol deveria ter a mesma classificação e poderíamos escrever, falar e debater com quem está no mesmo nível cronológico e mental.
Torcedor de Futebol
Com o advento destas redes sociais ficou impossível ser torcedor de futebol e frequentar uma arquibancada com as novas gerações, não é a mesma coisa. E os amigos que frequentavam a mesma arquibancada estão se afastando ou desistindo da paixão por outras prioridades e interesses.
Em primeiro lugar, faço questão de ressaltar que tempo de torcedor e assiduidade em arquibancada não dizem absolutamente nada sobre esta paixão por um time de futebol. Surpreendentemente, excluo da categoria “torcedor de futebol” aqueles(as) que torcem para seleções nacionais a cada quatro anos.
Em seguida, reafirmo que embora muitos não entendam o que escrevo, não existem grandes torcedores que se sobressaem dentre a maioria. São poucos e facilmente identificáveis pela paixão e brilho no olho; entretanto, os novos tempos estão fabricando muito torcedor “fake” ou em outras palavras, marginais que se passam por torcedor mas são apenas enganadores.
O Torcedor de Futebol Over 60
Assim sendo, classifico-me como um torcedor de futebol Over 60. Há muito tempo vinha refletindo sobre até quando eu frequentaria as arquibancadas. Inegavelmente, o convívio com certos tipos de torcedores estava ficando desagradável; ver torcedores gritando mais o nome do adversário do que do próprio time ou enaltecendo o nome da torcida organizada a que ele pertence, é deplorável.
Escrevi, algum tempo atrás e através de diversos textos, sobre o que sonhei como torcida ideal. Em “O torcedor Viking – Tólfan” declarei o quanto fiquei apaixonado pela torcida da Islândia. Ah! dirão os apressados, a Islândia é seleção nacional, contudo, no mesmo texto ressalto que torcidas como da Argentina, Turquia e algumas equipes europeias, chamam a atenção. Escrevi outro texto, mais recentemente, em que discorri sobre a torcida do Cruzeiro e as campanhas “virtuais” feitas para ajudar o time. A minha conclusão de que o Cruzeiro caminha sozinho “Walk Alone Azul ” foi pessimamente recebida pelo “público”.
Uma vez que o Cruzeiro foi para a Série B resolvi parar de pensar no assunto de abandonar as arquibancadas aos 60, aí veio a pandemia e ferrou com tudo. Além de me expulsar da arquibancada agora é só pela TV com péssimos narradores e comentaristas. Como se não bastasse, a horda de torcedores que tomaram de assalto a opinião sobre o clube nas redes sociais está fazendo deste isolamento um martírio.
Insanidade Total
Nesse ínterim, discute-se algo que eu já observava há muitos anos: o afastamento do torcedor de futebol de verdade dos estádios e da própria paixão pelo clube. Inegavelmente, o mundo do futebol mudou muito após, na minha opinião, a Copa do Mundo de 1990. Depois da Lei Bosman, Lei Zico, Lei Pelé tudo mudou, dos jogadores aos roupeiros, passando por dirigentes, empresários, imprensa e sevandijas.
As tecnologias e facilidades para se ver um jogo afastam todos que gostam de futebol.
Uma das coisas que mais me assustou foi ver um torcedor jovem ao meu lado, aos 90 minutos de um segundo tempo em que meu time ganhava, gritar com um jogador em campo. Neste caso, o jogador pegou rebote na intermediária defensiva, tinha somente um atacante nosso até o campo do adversário e o cara como se estivesse movimentando rapidamente um joystick gritando: “corre… corre… corre...”. Fiquei olhando atônito e pensando, é sério ?
Que me desculpem os fanáticos insanos, inclusive os que torcem para meu time, mas vocês não sabem que existem categorias de torcedor. As definições foram descritas por um cruzeirense na brilhante coluna “Torcida Cruzeirense de A a Z“, que foi feita para a torcida do Cruzeiro mas serve para todos torcedores de futebol no Brasil.
O Retorno do torcedor de futebol
Conforme tenho dito e repetido, torcedor de futebol de time não tem nada a ver com simpatizante ou definições do dicionário.
Podem tentar dizer que o futuro chegou e o novo torcedor de futebol estará em ação assim que a pandemia permitir.
Vou resistir a estas estultices, em homenagem à valorosa Salomé (na foto comigo) que deixou um vazio na torcida e vacância no posto de maior torcedora de futebol do planeta.
Enfim, o “novo” torcedor de futebol, que bravateia nas redes sociais, nasceu morto, pode ser qualquer coisa, menos isso. Vai lá para seu teclado, seu FIFA, PES ou Elifoot e para de achar que conhece o clube, o time e a paixão, deixem de ser enganadores e vendilhões.
Não é hora de me render, destruíram o Cruzeiro e muita coisa ruim ainda vai acontecer nas próximas semanas, estou na resistência, a verdadeira, silenciosa e indignada.
Vou criar uma torcida organizada, os Over 60 Azuis e pegar quem fala preconceituosamente sobre a faixa etária e dar-lhes uma surra virtual e real.
Imagem: Evandro Oliveira e Maria Salomé – T Soraggi
Nota do Autor
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Agradeço a compreensão de todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.