O Príncipe Azul
Pouco antes da posse de Wagner Pires como presidente do Cruzeiro, lancei uma série de textos(1) sobre o que eu imaginava para o futuro do clube/time. Surpreendentemente, poucos deram atenção, ainda mais com influencers regiamente pagos criando bordões como “cabuloso“, “mitair“, “presidente-raiz”. O dirigente do futebol chegou até a ser eleito, posteriormente, como “dirigente do ano” no parcial “Troféu Guará“. Como se não bastasse, ainda fui atacado não pelas ideias ou coisas, mas pessoalmente. Nesta data, mais uma vez, retomo a discussão voltando mais longe no passado, não nos textos de Maquiavel que me permite uma transliteração, mas nos oráculos gregos, mais precisamente no Templo de Delfos.
Templo de Delfos
Alguns leitores arriscam-se a comentar reservadamente sobre a forma com que escrevo esses textos. Certamente, alguns poucos têm razão em função de não gostarem do estilo, outros por não concordarem com as ideias, partem para o ataque pessoal, na falta de argumentos. É muito difícil tentar mostrar algumas coisas para torcedores de futebol (cruzeirenses não fogem à regra) através de referências que exigem leitura e reflexão.
Desse modo, arrisco, mais uma vez, cinco anos após o texto sobre Maquiavel, nesta data que comemoramos os 101 anos de história do Palestra/Cruzeiro, .
Maquiavel
Certamente, muitos cruzeirenses ainda não entenderam as associações que tentei fazer com Maquiavel e “O Príncipe” que resolvi adicionar um sufixo (Azul). Tentei associar, nos vários textos (alguns ainda inéditos e outros pouco lidos), um capítulo do livro de Maquiavel e a história que vivíamos ou viveríamos no Cruzeiro naquele período.
Resumidamente, Maquiavel pode ter dito algumas coisas bem interessantes, inclusive na atualidade e no Cruzeiro. Tenho dúvidas se Maquiavel bebeu na fonte dos filósofos gregos e sabia sobre a sabedoria que emanava de tudo que vinha do Templo de Delfos.
Sobre inimigos e as coisas certas e erradas, uma interpretação interessante pode ser lida a seguir:
“Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, fazer-se amar e a temer pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque.”
Reprodução: Frases de Maquiavel – Pensador
E, desse modo, eu poderia ficar aqui tentando reproduzir frases de vários pensadores para tentar mostrar que existem mais coisas entre o céu e a Terra do que a constelação do Cruzeiro do Sul. Se bem que muitos negacionistas, positivistas, otimistas estão aí para hipotecar “apoio Incondicional” ao Cruzeiro com a chegada do novo “Príncipe Azul”.
Novo Príncipe Azul
O leitor, sobretudo o cruzeirense, deve estar se perguntando: mas o que isso tudo tem a ver com a data de comemoração dos 101 anos do Cruzeiro?
Eu respondo sob a minha ótica e percepção das coisas e ideias que vejo desenrolarem no Cruzeiro há muito tempo. Tem relação com a lógica de Maquiavel que tratava de aconselhar o Príncipe de como tratar os povos dominados. Em outras palavras, a cada presidente do Cruzeiro, havia muitas maneiras de dominar os torcedores, agora, com um dono e a figura de seu primeiro-ministro, estas formas de domínio podem mudar.
A exemplo da frase principal no portal do Templo de Delfos – Gnōthi Seauton (*) – tem, desse modo, tudo a ver com o momento que o Cruzeiro e os cruzeirenses estão vivendo. Explico: vivemos, nos últimos anos e décadas, de muitas brincadeiras com os rivais e nossas próprias conquistas. Por outro lado, eles somente por causa das nossas derrotas e, logo após nosso rebaixamento, o mundo deu uma reviravolta.
Sob todos os aspectos, os cruzeirenses passaram a agir como eles, torcendo pelos adversários deles e esquecendo de nossos problemas. Chegamos – a maioria da torcida – a hipotecar apoio com jogadores, técnicos e dirigentes medíocres e totalmente incompetentes.
Eis que, a tábua da salvação foi aprovada – Lei da SAF – e a torcida, desconhecendo a si mesma, viu no novo Príncipe, agora dono de 90% do clube(2), a redenção.
101 anos
A realidade é dura e, com toda a certeza, aquele que ousa ser realista será atacado ou as tentativas de desacreditar tudo que seja dito, é enorme e real.
Nesta data, em que devíamos comemorar o ano do Centenário de forma altaneira e nos lembrando de Páginas Heroicas e Imortais, estamos diante da frase enigmática do Templo de Delfos: será que conhecemos a nós mesmos; será que estamos preparados para os próximos 100 anos?
Prevejo muitas dificuldades pois a torcida do Cruzeiro é imediatista. Tenho sérias dúvidas se esta torcida dará apoio incondicional ao trabalho de um novo treinador em caso de derrota para o rival no campeonato estadual. Se bem que, a horda de influenciadores e profissionais da mídia que cuidam de domar a maioria da torcida pode estar bem afinada com as possibilidades financeiras e os novos rendimentos, afinal, um novo príncipe pode trazer muitas riquezas, mesmo que seja para agradar a uns poucos. Desse modo, todos os textos da série “Filosofando Maquiavelicamente” estão valendo e não é necessário nem mudar os nomes pois as entrelinhas falam por si.

Maquiavel, o Príncipe e A Raposa
Conhecer-te a ti mesmo
Enfim, entendo que o risco de escrever certas coisas é grande, as perspectivas podem ser animadoras, mas, nesse ínterim, as boas novas são assustadoras.
Eu estou preparado para os próximos cem ou duzentos anos do Cruzeiro, com a maior serenidade e, primordialmente, pensando em Sun Tzu quando fala sobre os inimigos e o conhecimento sobre si mesmo. Inegavelmente, seja pelo escrito no Templo de Delfos, nas frases e pensamentos de Maquiavel, Sun Tzu, Miyamoto Musashi e outros, sem conhecer a si mesmo não tem como ganhar nenhuma guerra. Nosso maior inimigo está entre nós mesmos.
Em suma, conhecer-te a ti mesmo e a todos que estão com você na mesma trincheira é mais importante do que achar que conhecemos os inimigos.
Que os oráculos do Templo de Delfos iluminem e orientem as cinco estrelas e seus torcedores.
(1) “Príncipe Azul – Entendendo de crise”
(1) “O Fim de uma Era”
(1) “O Príncipe Azul – Filosofando Maquiavelicamente”
(2) “O futuro do Cruzeiro foi ontem” #MAKTUB
(*) Gnōthi Seauton – “conhece-te a ti mesmo“
Imagem: Reprodução Antrophistoria
Nota do Autor
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Agradeço a compreensão de todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.