Datas Cívicas
Em primeiro lugar, sou declaradamente contra os dias disso e daquilo, que têm viés de marketing e comercial. Por exemplo, cito Dia das Mães, Dia das Crianças, dos Pais etc. Por outro lado, faço questão de separar as chamadas datas cívicas, que o brasileiro tanto despreza. Não surpreendentemente, o brasileiro sabe de cor e salteado sobre estas datas não pelo significado, mas por serem feriados. Desse modo, escrever sobre o 21 de abril parece fácil, mas não é assim, o apelo cívico inexiste.
Já escrevi sobre estas datas históricas, notadamente sobre duas que julgo importantes para nossa história (do Brasil). Uma delas é o “Dia do Fico“(1) e a outra é a data da chegada da família real ao Brasil. Duas datas cívicas que não são feriados (e nem deveriam !) mas que mudaram as possibilidades de construção de uma nação.
Desse modo, nesta data, que é um feriado prolongado, na maioria das vezes, tenho o dever de passar outras versões para a importante efeméride.
21 de abril
Esta data é, sobretudo, mais importante que a Independência (7 de setembro) e Proclamação da República (15 de Novembro). Em outras palavras, #IMNSHO, datas cívicas pré-fabricadas historicamente deveriam sofrer uma revisão, o que não vejo nenhum historiador fazendo(*).
O ensejo para esta data (Dia de Tiradentes) deve-se ao fato de que 230 anos atrás, Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado e esquartejado.
Por que foi enforcado?
De acordo com algumas versões, uma rainha louca livrou a cara ( conhecido atualmente como “Instituto da Graça” – Art. 107 CP) de muitos Inconfidentes(2).
Quando a Coroa Portuguesa viu que o bicho estava pegando, anistiou geral, menos um, o mais pobre e que não tinha recursos para se defender. Sobrou para o Alferes (esta história merece um capítulo, ou vários, à parte, pois mostra uma história nunca contada nos livros.
Tudo do mártir da Inconfidência é muito rico para entender porque chegamos até aqui. Nossa história é forjada e este 21 de abril é o escárnio oficial do país.
Libertas Quae Sera Tamem
Uma frase em latim, que não significa muita coisa para os brasileiros no geral e, surpreendentemente, nem para a maioria dos mineiros. A frase e as cores da bandeira de Minas Gerais carregam um simbolismo que deveria ser alvo de estudo em todo o país. Nada de ufanismo e brasões positivistas de bandeiras das outras unidades da Federação, tudo muito simples.
Por outro lado, mesmo que as origens do movimento libertário surgido em Minas Gerais sejam controversas, é uma data cívica relevante. Da mesma forma que os estadunidenses comemoram o 4 de julho, brasileiros deveriam comemorar o 21 de abril. Aliás, a Inconfidência Mineira teve inspiração na independência das colônias norte-americanas. À época, a maioria dos brasileiros que estudavam em terras europeias tinham origem em Minas Gerais, o que, certamente, alavancou a Inconfidência Mineira.
Ainda não nos libertamos pois o conceito de liberdade passa longe das cabeças de quem comanda as redes sociais.
Desse modo, tudo que leio, atualmente, sobre este 21 de abril não tem nada a ver com o ideal de liberdade real.
21 de abril – Destaques
A data de 21 de abril é riquíssima em destaques, nascimentos, comemorações e afins, no Brasil e no mundo. Alguns destaques no Brasil merecem até textos específicos, mas que não podem ser misturados aqui. A morte de Tiradentes, aos 46 anos de idade, enforcado e esquartejado, é o tema principal.
Em todo caso, é bom destacar:
- Brasília tem sua inauguração pelas mãos do mineiro, presidente da república, Juscelino Kubistchek. (1960).
- Tancredo Neves, presidente eleito pelo voto indireto, tem sua morte anunciada (1985).
- É publicado texto de minha autoria sobre “Sistemas Eleitorais Obscurantistas” (2001).
Alguns “dias” homenageiam algumas profissões como: a) Polícia Civil; b) Polícia Militar, c) Metalúrgico e, d) Têxtil, dentre outras “homenagens”.
É provável que Tiradentes seja o único brasileiro que tem a sua morte considerada um feriado nacional. Com toda a certeza, a maioria dos brasileiros nem se dá conta disso pela questão do civismo e história.
Alguns conhecidos dizem que sou bairrista demais, e não é sem motivo. Quando abordo algum assunto, vou, de fato, às raízes do tema e, por isso, me chamam de radical.
Em suma, se o brasileiro não sabe votar, como disse o mineiro Edson Arantes do Nascimento, ele não sabe de muitas outras coisas. Se bem que, as redes sociais embotaram, de vez, a capacidade de pensar sobre datas como a de hoje. Não estamos mais sob o domínio português, e a liberdade tarda, especialmente a mental.
P. S.
A imagem que ilustra este texto é a que mais expressa o significado da data cívica, mesmo que seja uma simples representação artística.
(1) “Dia do Fico – Eu não mereço !“
(2) Inconfidência Mineira – Wikipedia
(*) Não sou historiador e não cursei História, e aos amigos historiadores, abro espaço para o contraditório.
Imagem: Reprodução Internet – Autoria não identificada
Nota do Autor
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