Palestra/Cruzeiro - 102 anos

Cruzeiro – 102 anos

Palestra Itália – 102 anos

Algum tempo atrás, iniciei uma trilha de textos sobre o Palestra Itália e o Cruzeiro. Sempre a cada 2 de janeiro, o aniversário do Palestra/Cruzeiro era motivador e, eventualmente, polêmico. Na data em que o Cruzeiro/Palestra comemora 102 anos, é necessário seguir a “tradição”.

Exatamente cinco anos atrás, dei sequência à trilha que dei título geral de “O Príncipe Azul – Filosofando Maquiavelicamente“.

A introdução do texto foi escrita da forma a seguir:

“Maquiavel dizia que, na guerra, uma ação vitoriosa deve ser concebida e estrategicamente montada, com utilização plena das próprias forças …”

inPríncipe Azul – Filosofando Maquiavelicamente I

Em suma, a trilha era sobre a subida ao poder de Wagner Pires e sua turma. Tentei, analogamente, à história de Maquiavel e o Príncipe a quem aconselhava, mostrar o que podia ou não funcionar. Com toda a certeza, quando escrevemos antecipadamente, podemos errar. Entretanto, ao escrevermos com figuras de linguagem e analogias, é necessário um nível de abstração. Desse modo, alguns textos ficam distantes do torcedor que acostumou-se a “lives” e “posts” de menos de 280 caracteres. O imediatismo destas redes sociais e sua superficialidade, onde os debates inexistem, torna tudo mais difuso e difícil.

Assim sendo, cá estou, para repetir e apresentar algumas reflexões neste aniversário de 102 anos do Palestra/Cruzeiro. Se bem que recebo críticas pessoais até de cruzeirenses por emitir uma opinião sincera.  Mas, enfim, vivemos o primeiro ano de novo Cruzeiro (Cruzeiro SAF) ou Palestra/Cruzeiro/SAF e estamos a caminho dos próximos 99 anos.

Cruzeiro SAF – 102 anos

Considero, a princípio, que o Cruzeiro é uma única instituição. Mesmo que os adversários rurais insistam em esparrelas como mudança de nome, de camisa, de cores, não me detenho nestas questões.

A história que começou 102 anos atrás não mudou com a troca do nome, só porque os adversários não tem sua própria história.

Desse modo, considero que este é o segundo ano, dos próximos 100 anos, quando não estarei mais aqui, com toda a certeza. Para facilitar o entendimento, feitos esses esclarecimentos, vamos a uma análise do que foi o último ano. Tentaremos falar não apenas do ano em que voltamos à Série A do Brasileiro, mas do que vejo como perspectivas para 2023.

2022

O ano de 2022  foi muito difícil. Por outro lado, foi um ano de redenção. Conquistamos um título nacional do qual não me envergonho. E a conquista foi de forma brilhante, dando mostras de que para muitas coisas no futebol só dinheiro não basta.

No texto que referenciei acima, eu me apropriei de uma máxima de Maquiavel. Em um de seus capítulos do livro “O Príncipe“, o “assessor” recomenda que não se utilize de mercenários para conquistas. Naquela data eu me referia ao fato do Cruzeiro buscar no rival o atacante Fred. O ano e a gestão nem começava e eu  preconizava tempos obscuros. A história está aí, para dizer se eu acertei ou errei.

Em 2022, com um elenco repleto de jogadores limitados (alguns deles eu nunca contrataria para o Cruzeiro), conseguimos o objetivo máximo. Retornar para a Série A era o desejo de todos, notadamente, da diretoria que assumia o clube com a SAF Cruzeiro. A maioria da torcida nem se importava com o título, e, surpreendentemente, li muitos “tuítes” de torcedores dizendo que não comemorariam o título.

O curioso destas redes sociais é que elas contaminam muita gente. Aí os influencers deitam e rolam, pois vira uma avalanche. Eles falam o que o torcedor quer ouvir e o torcedor reverbera aquilo que pensa.

Conquista

O fato de não conquistarmos o título estadual (Ruralito) preocupou muitos cruzeirenses. Da minha parte, comecei a apostar com torcedores adversários que iríamos classificar para a Série A. Confiei no trabalho que vi o treinador realizando, mesmo com alguns resultados ruins. Por outro lado, afirmei (e apostei) que se ele continuasse até o final da temporada, teríamos de volta a alegria.

Ganhei tantas cervejas dos torcedores do nosso rival citadino que bebi cerveja num final de ano como não fazia há mais de trinta anos.

O ano 1 do novo centenário do Palestra/Cruzeiro foi muito bom, a antítese do que foi o ano do centenário. É provável que seja uma maldição este negócio de comemorar “Centenário”.

Escrevi agradecendo aos jogadores que aqui atuaram mas com a previsão de que a maioria deveria sair(1), não são jogadores para a Série A. Com toda a certeza, o texto não foi uma unanimidade e muitos jogadores, além do que eu previra, deixaram o time.

2023

As perspectivas para a temporada 2023, dentro de campo, são interessantes. Entendo, por exemplo, que as baixas expectativas anunciadas para a Série A, seja um bom indicador. Do mesmo modo que aconteceu em 2022, é provável que façamos uma boa campanha  (estou aberto a apostas !).

As outras modalidades, inclusive as vinculadas ao Palestra/Cruzeiro centenário, são muito boas e estão se ampliando. Poderia ser muito melhor se o estrago da gestão 2018/2021 não fosse tão cruel e devastador.

Por outro lado, é desanimador ver que algumas coisas fora das quatro linhas continuam com práticas obscurantistas. O torcedor do Cruzeiro continua o mesmo, e se o time vai bem dentro de campo, algumas situações desaparecem. Um ex-goleiro disse sobre isso, analogamente a jogar o lixo para debaixo do tapete, quando existem títulos.

As polêmicas nem podem ser abertas e a opinião contrária de algumas vozes é cerceada no pior estilo da censura. Os “reis e rainhas” (donos) dos grupos e de perfis nas redes sociais parecem não ter limites para impor opiniões.

Não tem como negar que uma minoria tem cerceada sua opinião por falar qualquer coisa que destoe da “massa”. Orson Welles, quando nem existia a Internet, disse: “A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa“. Traduzindo, é só substituir massa por torcida e marca por Cruzeiro. Com toda a certeza, muitos ainda imaginam que o que a Internet e redes sociais fazem hoje tem diferença do que a mídia controla.

História

É impossível contar a história em um pequeno texto como este. Os 102 anos de história do Palestra/Cruzeiro exigem muitos livros e muitos canais de mídias digitais. Entretanto, nem assim conseguiremos mostrar todos os fatos e visões de torcedores. Desse modo, é muito interessante ver que alguns torcedores mais jovens, tentam resgatar a história completa. Por outro lado, nos entristece ver que a maioria dos torcedores que atuam nas redes sociais, tem uma visão limitada desta história.

Ao ler sobre algumas preferências, ídolos e conquistas, é natural que os torcedores exibem suas visões a partir de suas faixas etárias. Este comportamento deve se reverter, e, portanto, a iniciativa, #IMNSHO, deveria partir da direção do Cruzeiro. Entretanto, parece que inexiste uma corrente de pensamento no resgate da história para consolidar e avançar com o aumento da torcida e sua participação. É provável que o imediatismo que assola as redes sociais, seja a contaminação que não desejamos para o torcedor.

Nestes 102 anos de Palestra/Cruzeiro e partindo para o segundo ano de Cruzeiro SAF, as imagens e símbolos deveriam ser revisitados.

Em suma, é revigorante ter a certeza de que o que escrevi sobre o “Príncipe Azul” aplica-se para a atual gestão. Os “povos conquistados” são os mesmos, só aparentam estar evoluindo.

Parabéns, Palestra/Cruzeiro ! Ontem, hoje e sempre !

 

P. S.

Comecei a produzir este texto ontem. Pela manhã, quando normalmente publico meus textos, li muita coisa em relação às comemorações e opiniões diversas. Nesse ínterim, um post no Twitter que fiz comentário serviu de pauta para a mídia(2) da cizânia. Eles vivem disso, e contribuímos para que ganhem muitos likes, e o debate sobre o conteúdo pouco importa. Este texto foi sendo construído e revisado pois comecei a entrar em alguns temas que não valem a pena. Além do que estava ficando muito extenso.

 

(1) “Unanimidade Azul – La Barca !

(2) “Cruzeiro posta arte pelos 102 anos

 

Imagem: Reprodução Cruzeiro Oficial

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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Agradeço a todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.

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