Entre sem bater - Jean Braudillard - Princípio do Mal

Entre sem bater – Jean Baudrillard – O Princípio do Mal

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. O filósofo Jean Baudrillard, certamente, era um inquieto pensador, e tinha qualificação para falar sobre o “Princípio do Mal“.

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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Jean Baudrillard

Mesmo que muitas frases, de diversos autores, tiveram uma aplicação em certas condições de espaço-tempo, quase todas são atemporais. Neste espaço (Entre sem Bater), a maioria das frases têm esta característica, podem servir para muitos lugares e situações diferentes. Desse modo, o pensamento de Baudrillard é complexo e não temos a mínima pretensão de esquadrinhá-lo. Entretanto, merece, como muitas outras citações, uma reflexão pelo efeito (Princípio do Mal) que o pensamento sugere.

Jean Baudrillard ( 27 Julho de 1929 – 6 de março de 2007) foi um sociólogo, filósofo e poeta francês com interesse em estudos culturais. Ele é mais conhecido por suas análises de mídia, cultura contemporânea e comunicação tecnológica, bem como por sua formulação de conceitos como hiperrealidade. Baudrillard escreveu sobre diversos assuntos, incluindo consumismo, crítica da economia, história social, estética, política externa ocidental e cultura popular. Entre suas obras mais conhecidas estão Seduction (1978), Simulacra and Simulation (1981), America (1986) e The Gulf War Did Not Take Place (1991). Seu trabalho é frequentemente associado ao pós-modernismo e especificamente ao pós-estruturalismo. No entanto, Baudrillard também se opôs ao pós-estruturalismo e se distanciou do pós-modernismo.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

O Princípio do Mal

Como é possível explicar um pensamento complexo, como o que descreveu Baudrillard, e demonstrar que estes comportamentos são nocivos?

É provável que nem com uma “live” de oito horas com Baudrillard, somente para este tema, conseguiríamos uma compreensão da audiência. Aliás, não teríamos meia dúzia de gatos pingados ouvindo sobre o tema, causas e efeito. Atualmente, para obter atenção, um texto tem que estar em pequenas partes, de preferência para leitura com 5 ou 6 minutos. Na realidade, ler textos não é a preferência da maioria das pessoas, áudios rápidos, como ou sem dancinha, são a preferência nacional.

Assim sendo, a alternativa para textos é falar sobre este mundo não dialético e altamente polarizado (tipo Fla-Flu) é termos pequenos parágrafos. Contudo, faz-se necessário algum conhecimento ou referências ao tema, além de acordos mínimos de conceitos e significados. Alguns dos leitores dos meus textos, quando explico a fundamentação, costumam fazer críticas. É provável que eles pensem que estou menosprezando a capacidade cognitiva das pessoas, mas não é o caso.

Mas por que temas extremistas, desequilíbrio de ideias e antagonismos radicais são o princípio do mal?

O Mundo Não Dialético

No cenário global atual, a dialética, certamente, cedeu espaço a uma nova realidade e novos comportamentos. Se antes, historicamente, o diálogo e debate desempenhavam um papel fundamental na busca de soluções para conflitos e desafios, agora não mais. Vivemos em um mundo cada vez menos dialético, onde a polarização e a falta de diálogo tornaram-se norma.

É nesse contexto, que encontramos o primeiro “princípio do mal”: a ausência da dialética.

A dialética, de acordo com a filosofia grega, idealiza que o conflito de ideias, com mediação construtiva, leva a uma evolução. No entanto, hoje, vemos a rejeição de qualquer forma de negociação e a crescente tendência à polarização extrema. As pessoas parecem estar mais dispostas a aderir a visões extremistas e a defender posições intransigentes do que a buscar um entendimento.

O Extremismo

O extremismo é um dos principais agentes desestabilizadores desse novo mundo digital e real não dialético. Ele manifesta-se na política, na religião, na economia e na sociedade em geral. O extremismo é “o princípio do mal” que se alimenta da falta de diálogo e do antagonismo.

É a ideia do “… não vi e não gostei …” que vige a partir de preconceitos e opiniões de segunda mão(1).

Indivíduos que se radicalizam em suas crenças e desconsideram outras perspectivas, tornam-se propensos a ações violentas e radicais. O extremismo cria uma atmosfera de intolerância e hostilidade, onde a empatia dá lugar à filosofia do ódio(2). Esse é um ciclo perigoso que perpetua o desequilíbrio de ideias e amplifica o antagonismo.

O Desequilíbrio de Ideias

O desequilíbrio de ideias é, sem dúvida, outra manifestação desse mundo não dialético. Quando as vozes extremistas ganham, por exemplo, mais destaque do que as vozes que buscam o diálogo, temos um dilema. A dúvida entre o discurso radical e a moderação do pedido de debate, certamente o desequilíbrio não é somente das ideias. A sociedade sofre um direcionamento para o abismo da falta de transparência e métodos de comunicação.

Desta forma, é fundamental reconhecer que a diversidade de perspectivas é uma força, e não uma fraqueza. O desequilíbrio ocorre quando algumas ideias sofrem supressão em favor de outras, criando um ambiente sem o pluralismo. Esse desequilíbrio elimina a possibilidade de um processo verdadeiramente democrático. Por conseguinte, a busca por soluções justas e sustentáveis para todos os problemas têm sérias ameaças e prejuízos. Analogamente a uma guerra entre duas nações, se as partes não se interessarem no equilíbrio das proposições, inexiste a possibilidade de paz ou armistício.

O Antagonismo

O antagonismo, talvez o mais destrutivo dos “princípios do mal,” e consequência direta do extremismo e do desequilíbrio de ideias. Manifesta-se nas crescentes tensões entre grupos, na escalada de conflitos e polarização para qualquer tema. Por isso, a incapacidade de encontrar pontos de convergência é uma arma de parte a parte entre antagonistas.

O antagonismo é como uma chama que consome qualquer possibilidade de reconciliação. Quando as pessoas se enxergam apenas como inimigas, em vez de adversárias e, eventualmente, parceiras, cria-se o impasse. Assim sendo, qualquer proposta ou caminho para a resolução de conflitos e a estabilidade torna-se tortuoso e complexo.

O antagonismo é o verdadeiro obstáculo ao progresso e crescimento em bases aceitáveis, além de perpetuar a divisão e a violência na sociedade.

Soluções ou o Fim?

Enfim, nesse mundo não dialético digital e real reinam o extremismo, o desequilíbrio de ideias, o radicalismo e o antagonismo. Como se não bastasse, o individualismo e as ilusões à venda por influencers, coaches e top voices, inviabilizam soluções coletivas.

Estas causas que, a princípio, resultam no mal, formatam como um desafio monumental qualquer busca por soluções.

No entanto, é crucial lembrar que o mal não é inerente a esses princípios, ou que cada um deles representa somente o mal. É necessário ressaltar que o como eles nascem e tem aplicação prática é que determinam os resultados.

A superação desse cenário trágico exige um esforço coletivo para promover a empatia, o diálogo e a compreensão mútua.

Devemos resistir à tentação de abraçar a polarização e, em vez disso, buscar o terreno comum e ideias convergentes. Se bem que, atualmente, até na convergência de ideias temos o viés da individualidade que inibe muitas iniciativas. Transformou-se numa “normalidade” as pessoas só fazerem as coisas do jeito que elas querem e como elas querem.

A dialética ainda pode sofrer uma revitalização, como um dos caminhos para a solução de conflitos e avançar em soluções.

Em suma, é imperativo que reconheçamos que estas causas do “princípio do mal” estão presentes nesse mundo real e digital não dialético. Entretanto, devemos acreditar na capacidade da humanidade de transcender essas divisões, rusgas e preconceitos. Somente através da promoção da tolerância e cooperação poderemos enfrentar os desafios globais e construir um futuro coletivo melhor.

 

(1)  “Entre sem bater – Mark Twain – Segunda Mão

(2) “Entre sem bater – Mary Heaton Vorse – Filosofia do Ódio

 

Imagem: Entre sem bater – Jean Baudrillard- O Princípio do Mal

Nota do Autor

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