Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Se uma mente criativa, como a de Adélia Prado, se surpreende com “Invenções Miraculosas“, imaginem a patuleia.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Adélia Prado
Adélia nasceu na mesma data em que minha mãe nasceu (13 de dezembro), por isso era Luzia como a minha mãe. A luz da poetisa ainda brilha muito. A poetisa do oeste bravio recebeu o elogio do governador mineiro(*) (Zema) por trabalhar na “rádia” da cidade onde mora. Surpreendentemente, tal “deferência” teve lugar num programa onde as coisas de Divinópolis estavam sendo exaltadas. É mais uma das estultices que estas invenções miraculosas provocam. Mas Adélia Prado é forte e, certamente, encarou esta situação como um chiste, sem ódio e sem rancor. Adélia, perdoai nosso governador, ele e os seguidores dele não sabem o que dizem e que mentir é pecado.
Adélia Luzia Prado Freitas (nascida em 13 de dezembro de 1935) é uma escritora e poetisa brasileira. Ela nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, onde ainda mora. Foi a primeira de sua família a frequentar uma universidade, graduando-se em Filosofia e Ensino Religioso pela Universidade de Divinópolis. Lecionou na escola até 1979 e foi representante cultural da Cidade de Divinópolis de 1983 a 1988. Seu trabalho é um aparente paradoxo de um catolicismo profundo e espiritual combinado com o físico e o carnal. Ela mesma tentou resolver esta contradição, escrevendo que “É a alma que é erótica”. O trabalho de Adélia Prado também foi publicado em tradução na The Paris Review, Antaeus, Field e American Poetry Review. Foi incluída na Antologia Ecco de Poesia Internacional e no Livro Farrar Straus Giroux de Poesia Latino-Americana do Século XX. Em 2024 foi galardoada com o Prémio Camões.
Fonte: Wikipedia (Português)
Invenções Miraculosas
A frase de Adélia Prado ecoa como um grito silencioso que permeia nossa sociedade contemporânea.
Em um mundo marcado por avanços tecnológicos inegáveis e invenções miraculosas, é irônico ver a submissão das pessoas às tecnologias. Em outras palavras, as pessoas de maneira contraditória, submetem-se à fome, ao ódio na busca incessante por uma felicidade, imaginária e egocêntrica.
Por isso, devemos refletir e explorar a interseção entre a tecnologia e as complexidades humanas. Sem dúvida, as coisas vão além das aparências que, longe de serem miraculosas, revelam contradições e desafios inquietantes.
A Fome
Comecemos pela fome, uma realidade paradoxal em um mundo de inovação sem precedentes.
A tecnologia moderna nos proporciona acesso a informações instantâneas e nem por isso nos dá discernimento para alguns temas.
Analogamente à fome que vemos nas propagandas que pedem doações para instituições de ajuda internacional, temos fome até de Informação. Como se não bastasse, a fome de conhecimento parece não convencer as pessoas a utilizarem invenções miraculosas como apps e plataformas.
A tecnologia nos conecta a serviços de entrega de alimentos e nos permite escolher entre uma infinidade de opções gastronômicas. No entanto, paradoxalmente, vemos o crescimento da fome em muitas partes do mundo.
A abundância de alimentos coexiste com a escassez, numa situação de desigualdade econômica, digital e social. Enquanto alguns poucos desfrutam de banquetes virtualmente intermináveis, outros lutam para alimentar suas famílias.
As invenções “miraculosas” não conseguiram, até agora, resolver esse desafio fundamental da humanidade. Desse modo, apps e plataformas que buscam saciar a fome das pessoas têm pouca projeção.
Em suma, alimentar o corpo e a mente exigem muito mais do que apropriação das invenções e tecnologias disponíveis, para todos ou para poucos.
O ódio
Na mesma linha da fome e suas relações com as modernidades, o ódio(1), por sua vez, é uma emoção que se espalha rapidamente.
Experimentamos, em nosso país com conexões rápidas ou lentas, a disseminação do ódio e a polarização em tudo. A Internet, em particular, permitiu que o ódio florescesse de maneiras inimagináveis na política, na religião, no futebol, na saúde e na educação.
As redes sociais e os espaços digitais se tornaram terrenos férteis para discursos de ódio, intolerância e polarização. A tecnologia, que deveria ser para promover a compreensão e a empatia, dissemina, atualmente, o rancor e a hostilidade.
Aqueles que se submetem ao ódio, muitas vezes sem perceber, entram em rituais de cancelamento e confirmação injustificáveis. Os espaços virtuais (apps, plataformas, etc.) se baseiam nas crenças e mitos comuns, e o diálogo inexiste.
Em meio a todas as invenções miraculosas, a humanidade ainda não descobriu como lidar eficazmente com o ódio e a intolerância. Entretanto, nem a fome e nem o ódio inibem a tal busca da felicidade do “bom dia“, “boa tarde“, “boa noite“.
A Felicidade
A busca da felicidade é incessante e insana, as tecnologias se modernizam e desempenham um papel ambivalente e, sem dúvida, ambíguo.
Por um lado, ela nos oferece formas inovadoras de entretenimento e conveniência que podem proporcionar momentos de alegria.
Por outro lado, a cultura do ego e da comparação que floresce e apresenta-se numa busca implacável por uma felicidade ilusória e utópica. Os padrões inatingíveis, que muitos perfis demonstram, alimentam (olha a fome aí !) o imaginário da maioria das pessoas. Como se não bastasse, as mentiras que estes perfis difundem, proporcionam até golpes reais cruéis.
É provável que a constante exposição à vida aparentemente perfeita de outros crie um ciclo interminável de insatisfação e ansiedade.
As inovações tecnológicas, que em muitos casos não tem nada de novo, alimentam narrativas de sucesso e felicidade surreais.
Por exemplo, tenho exemplos de pessoas que acreditam na idoneidade de pessoas que “sorteiam” carros por R$0,99 o bilhete. Acreditam, piamente, na honestidade dos sorteios e quando “cai a casa” de alguns “promotores“, buscam alguma explicação ou justificativa.
Desse modo, influencers e outros pregadores, incentivam as pessoas a perseguir uma felicidade superficial e egocêntrica. Assim sendo, na maioria dos casos, tudo acontece à custa de até debilidade da saúde mental.
Assim como não existe “almoço grátis“, não existe felicidade no mundo digital que não cobre um preço caro.
Problemática
Nesse contexto, as invenções tecnológicas “miraculosas” revelam-se como muito além de problemáticas. Enquanto nos tornamos cada vez mais dependentes da tecnologia, é crucial reconhecer que ela não é uma panaceia para os nossos problemas.
A fome persiste, o ódio se espalha e a busca por uma felicidade ilusória continua a nos alienar uns dos outros e de nós mesmos.
Inquestionavelmente, precisamos ser muito mais críticos em relação à tecnologia e às “invenções/inovações” que moldam nossa sociedade. São apenas ferramentas e, se não sabemos usar uma ferramenta, ou se temos uma imprópria, o erro e desvios são uma certeza. A responsabilidade recai sobre nós, como indivíduos, para direcionar essas invenções na direção da “solucionática“.
Solucionática
No que diz respeito à fome, a tecnologia deve ser para, ao menos, melhorar a produção de alimentos e reduzir os desperdícios. Nesse ínterim, ao combater a desigualdade econômica e social, criaremos um mundo real em que os alimentos sejam uma realidade para todos.
Do mesmo modo, em relação ao ódio, é crucial promover a alfabetização digital e a educação cívica. Assim sendo, será possível ensinar as pessoas a discernir informações confiáveis de desinformação. Se bem que cultivar uma cultura de respeito e compreensão nas plataformas on-line parece ser impossível. Talvez, uma regulamentação nas plataformas desempenhasse um papel importante na contenção do discurso de ódio e da desinformação. Entretanto, essas regulamentações sempre terão algum viés autoritário, especialmente se o Estado entender que deve controlar tudo.
Por fim, acima de tudo, em relação à busca pela felicidade, é vital promover a consciência emocional e a correta compreensão das coisas(2). As tecnologias e até mesmo as invenções miraculosas podem servir, de maneira saudável, para promover o bem-estar mental.
Tudo isso, com toda a certeza, desde que não substitua completamente o contato humano real e não promova a hipocrisia.
Fim do mundo
Logo após o “fim do mundo”, de acordo com a Civilização Maia(3), muitas coisas esquisitas aconteceram no planeta. Com efeito, depois de 2012 as redes sociais, apps e plataformas explodiram e ganharam bilhões de usuários. Nem sempre estes usuários são reais, honestos, sociáveis e inteligentes.
Analogamente, à explosão destas redes sociais, eclodiram outras tantas mudanças de comportamento e mentalidade. Seja na política, no futebol, na religião, coisas inexplicáveis sucedem-se.
Por exemplo, será que alguém imaginaria a existência de terraplanistas ou seres humanos contra vacinas, antes de 2012?
Seria interessante algum pesquisador procurar nos porões da Internet sobre como se comportavam essas pessoas anteriormente ao “fim do mundo”.
Enfim, podemos dizer que as invenções miraculosas contemporâneas nos oferecem oportunidades extraordinárias de avançar. Contudo, nos desafiam a enfrentar as complexidades da fome, do ódio, da hipocrisia, da mentira e outras tantas mazelas. Tudo em nome da busca pela felicidade utópica, irreal, imaginária e egocêntrica.
Em vez de nos submetermos cegamente a essas forças contraditórias, deveríamos aproveitar essas ferramentas para moldar coisas mais justas. É necessário, afinal, usar as invenções miraculosas para vencer a força da alienação(4) que contamina mentes e corações.
Se o mundo não acabou em 2012, a versão 5.0 da humanidade está a colocar as pessoas contra as pessoas. Assim sendo, muitos justificam seus comportamentos no falso milagre das invenções e inovações. E o “baú da felicidade” ganhou novos contornos e deixou de ser exclusividade de déspotas e pregadores de microfone.
Disclaimer
Este texto partiu de um rascunho que a plataforma ChatGPT levou quinze segundos para produzir. Contudo, exigiu trinta minutos de pesquisa para a produção de um briefing e a base do texto. Adicionalmente, mais de duas horas para ajustes e complementações como imagem e outras. Desse modo, o texto apresenta-se 98% à prova de plágios e de verificações de IA, e a produção do ChatGPT responde pela metade do conteúdo.
(1) “Ódio – Um sentimento mesquinho”
(2) “Entre sem bater – Upton Sinclair – Compreender as Coisas”
(3) “O fim do mundo Maia e a inversão dos polos”
(4) “Entre sem bater – Milton Santos – Força da Alienação”
Imagem: Entre sem bater – Adélia Prado – Invenções Miraculosas
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
- Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar comentários via e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter.
- Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
- Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.