Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Definitivamente, não existe uma “Feijoada Completa“, como imaginou Stanislaw Ponte Preta.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Stanislaw Ponte Preta
Em primeiro lugar, é essencial confirmar que Sérgio Porto foi um cara inteligente, perspicaz e de muita sorte. Espero que a maioria dos leitores não tenham nenhuma verve policialesca e considerem alguns textos desta trilha como politicamente incorretos. Certamente, existirão aqueles que não entendem o humor refinado de Porto e o meu mau humor(1). Contudo, arrisco a dizer que Stanislaw Ponte Preta teve sorte ao morrer pouco antes da decretação do AI-5. É provável que ele fosse um dos primeiros a sofrer, do mesmo modo que o Barão de Itararé, nas mãos de torturadores.
Sérgio Marcus Rangel Porto (11 de janeiro de 1923 – 30 de setembro de 1968) foi um colunista, escritor, radialista e compositor brasileiro. Ficou mais conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Porto nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua carreira jornalística no final da década de 1940, escrevendo para publicações como as revistas Sombra e Manchete e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca. De sua aproximação com Tomás Santa Rosa nasceu o personagem Stanislaw Ponte Preta e suas crônicas satíricas e críticas. Porto também contribuiu para publicações musicais e escreveu espetáculos musicais para casas noturnas, além de compor a música “Samba do Crioulo Doido” para teatro de revista. Foi também idealizador e produtor do concurso de beleza As Certinhas do Lalau. Construiu o “FEBEAPÁ – Festival de Besteira que Assola o País“(2) ( Festival de Bobagens que Varre o País ), coluna jornalística de sátira onde fazia piadas corrosivas contra a ditadura militar, e o moralismo social de sua época. Sérgio Porto morreu em 1968, antes do Ato Institucional nº 5 da ditadura, que estabeleceu a censura na imprensa brasileira.
Fonte: Wikipedia (Português)
Feijoada Completa
Stanislaw Ponte Preta é um personagem, assim como o nosso ídolo inspirador, o Barão de Itararé. Desse modo, não é totalmente estranho, neste Blog e em outros canais, que o humor esteja presente. Não é comum pois é difícil as pessoas entenderem através das entrelinhas de piadas e esquetes com sarcasmo, ironia e afins.
Em outras palavras, os canais de comunicação do mundo digital prejudicaram o humor como do “Amigo da Onça“, “Barão de Itararé” e outros. Assim sendo, milhões acompanham dancinhas e “performances” de comediantes stand-up e suas piadinhas efêmeras (hipocrisia!). Em suma, não se fazem humoristas que têm a capacidade de brincar até com símbolos tupiniquins, como a feijoada completa.
As histórias, lendas, crendices, mitos sobre a feijoada são muitos, agora imaginem se adicionamos a adjetivação “completa”. Inquestionavelmente, se 200 milhões tiverem uma receita de feijoada completa, teremos todas diferentes em alguma coisa. A receita de Stanislaw Ponte Preta parece ser a mais definitiva, se não tiver ambulância (aka SAMU) não é a mais completa.
Receitas
Uma feijoada tem muitos ingredientes, mas não adianta a extensão e variedade destes ingredientes se detalhes de cada um não seguirem a receita. Um único ingrediente, por exemplo a couve, tem diversas formas de preparo e que variam de acordo com o conceito individual de “completa”. Os exemplos são muitos, mas permanecendo na couve, para não assustar os leitores, pode ter diferentes cortes, ir no óleo, na banha ou crua. Enfim, só as variações de preparo de um único ingrediente comprovam que a feijoada completa ‘non ecziste“.
A princípio a feijoada(3) (palavra e conceito) tem origem em Portugal e lá (sacrilégio), a completa pode até ser de bacalhau. Fala sério, feijoada que na receita tem bacalhau, tomate, milho cozido e outras coisas é estupidez completa, não uma feijoada.
Desse modo, podemos perceber que tem gente que leva muito a sério o assunto. Contudo, a maioria não consegue ver a beleza do bom humor com o tema e não entende muito de sarcasmo, sátira e ironias.
Temperos
Eu conheço uma feijoada deliciosa, feita por uma japonesa legítima (a Meg) da Confraria Chico Mineiro, em Brasília. Esta frase simboliza alguma coisa que Stanislaw Ponte Preta escreveu no “Samba do Crioulo Doido“. O tempero de uma feijoada completa perfeita não depende da nacionalidade ou do local, é universal; capite?
Assim sendo, muitos textos sobre feijoada estão nas redes sociais e este é somente um deles, mas alguns são muito insossos. Sem a devida venia do autor, reproduzo um que não tem nenhum tempero e não passa nem perto de ser interessante.
A feijoada
A feijoada é um prato típico brasileiro. Ela é feita com vários tipos de carnes que são cozidas juntamente com feijão preto. Essa comida é uma das preferidas de Maria. Ela prefere preparar esse prato aos domingos. Quando tem feijoada na casa de Maria, ela convida alguns amigos para almoçar junto com ela. Os nomes dos amigos dela são: Roberto, Ângela, Luciano e Ana. Ângela é casada com Roberto e Ana é prima de Luciano. Juntos eles gostam muito de comer a feijoada preparada por Maria, principalmente quando o dia está frio, pois este prato combina com esse tipo de clima. Após comerem a feijoada, Maria e seus amigos gostam de comer uma sobremesa chamada pavê, que é feita pela tia de Ana. O sabor preferido deles é chocolate, mas eles também gostam bastante do pavê de coco. Assim que terminam de almoçar, Maria lava as louças enquanto seus amigos organizam o restante da casa. Depois de tudo estar arrumado eles vão assistir algum jogo de futebol que esteja passando na televisão.
in “Língua.com“
Vamos combinar uma coisa, caro leitor, você já leu algo tão anticlímax sobre a feijoada como no texto acima?
Certamente, seria preciso uma ambulância, ou várias, para ler este texto ou ouvi-lo num podcast, durante a comilança. O autor deveria sofrer censura ampla, geral e irrestrita.
Falando Sério
Com efeito, alguns assuntos permitem que se fale sério e tenham a inserção de pitadas de bom humor. A feijoada completa, ou não, terá que ter sempre umas doses de álcool, no Brasil com a caipirinha. Por outro lado, fico imaginando como os outros lusófonos ou evangélicos se animam como os brasileiros, sem a possível “marvada“.
Existe um site de comidas internacionais ( Taste Atlas ) em que a feijoada se faz presente com ares de “nutella” ou “gourmet“. Certamente, o site tem seu viés sério, e não deixa de ter algumas referências curiosas e até com um certo bom humor nas entrelinhas. Contudo, quando ousamos clicar em alguns de seus detalhes, como “onde comer“, ficamos imaginando se é tudo sério. É provável que algum jabá deve exercer alguma influência, pois alguns trechos do texto são uma piada.
Desta forma, até para textos sérios do “segundo prato” da culinária brasileira mais típico (perde para o feijão tropeiro) tudo pode ser agradável.
No texto da Taste Atlas, que era para ser sério, temos três opções:
- O redator e o revisor do texto são muito ruins de serviço o não são brasileiros;
- A empresa que pagou pelo texto pagou muito pouco e “… para quem é bacalhau serve“; ou
- Não chamaram aquele “profissional” conforme vídeos do Tik Tok.
Enfim, o tema é interessante e pode render, dependendo do clima, boas risadas, chistes e até piadas secundárias.
Trupico
Sobre a feijoada completa, uma das lendas é que ela fica muito melhor no dia seguinte, é provável que, em muitos casos, seja verdade.
A minha preferência, no entanto, é pelo trupico(4), no dia seguinte, se possível com aquele molho picante com o caldo do feijão preto. Reservo a maioria dos sábados pela manhã, para um trupico de feijoada. A propósito, a questão do “dia da feijoada” é uma polêmica nacional. Alguns dizem que é na quarta, no sábado, na sexta, domingo … todo dia é dia. Entretanto, o ideal é que seja naquele dia que esteja fazendo um pouco de frio e que possa dormir depois, sem culpa.
Ouvi de um colega, desde que comecei a frequentar feijoadas, que a completa era aquela que vinha com pedaço de madeira do chiqueiro. Eu achava aquilo perturbador, mas entendia a piada, era como a piada eterna do “tio do pavê“.
Desse modo, não teremos nenhuma concordância sobre a feijoada ter a classificação de “completa”. A menos, com toda a certeza, se você já foi a alguma feijoada em que tinha uma ambulância no contexto. Em suma, se, e somente se, você esteve presente numa feijoada destas, dou meu braço a torcer e considero-a completa.
P. S.
Alguns leitores fazem algumas críticas pertinentes. Por exemplo, alguns comentam sobre os textos terem direcionamento para a política. Uma parte significativa reclama que textos a partir de frases filosóficas são de difícil entendimento. Por outro lado, pessoas pedem textos mais leves ou de humor, dizem que o meu mau humor afasta as pessoas. Fica o alerta, existem muitos textos prontos, bem humorados, mal humorados que estão no prelo. Sem dúvida, algumas pessoas (vegetarianos e veganos) não lerão este texto para além do título (RSRS).
(1) “Entre sem bater – Ruy Castro – Um Mau Humor”
(2) “Febeapá – O festival de besteira que assola o país”
(3) “Feijoada – Wikipedia – PT”
(4) “Trupico – Dicionário Informal”
Imagem: Entre sem bater – Stanislaw Ponte Preta – Feijoada Completa
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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