Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Desde que o mundo acabou e as redes sociais assumiram o comando, “Professoras” como Cíntia Chagas são poderosas.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Cíntia Chagas
É provável que a professora Cíntia Chagas encontre muitos defeitos neste texto e tenha muitas críticas ao conteúdo e à forma. Entretanto, uma pequena parte não poderá sofrer qualquer questionamento. Aquela onde está a reprodução da biografia da própria página da autora da frase-chave que motiva este texto. Ao invés de retirar a biografia do Lattes ou Wikipedia, veio de um site de celebridades e subcelebridades. #Quefase !
Cíntia Chagas (Belo Horizonte, 16 de outubro de 1982) é comunicadora nata, professora de português e de oratória, tornou-se a educadora mais divertida do país. Após ser capa do G1 e destaque em diversas aparições na mídia, a professora virou sinônimo de humor e de conhecimento para o público. Escritora de dois livros campeões de vendas pela Veja e pela Amazon, ela coleciona milhares de alunos nos cursos virtuais que ministra. Ela, que já foi articulista da revista Forbes, hoje é palestrante, entrevistadora e influenciadora com milhões de seguidores.
Fonte: Site Pessoal
As Professoras
Em primeiro lugar, peço desculpas às professoras e aos professores pela escolha desta frase, de uma professora, nesta data. Certamente, pode não ser a melhor escolha, mas pelo menos sai do padrão de hipocrisia que reina nas redes sociais. Na condição de filho de uma professora a dor de escrever um texto com esta linha de pensamento é enorme.
Contudo, como disse o filósofo cancioneiro popular, temos que conhecer as piores coisas para saber discernir o bom do ruim. E esta professora tem feito coisas que não podemos dizer que são boas para a maioria das pessoas. Parafraseando Montesquieu, se uma coisa não é boa para algumas abelhas, não pode ser boa para a colmeia.
Este texto é uma homenagem-alerta e que explica a insanidade que estamos vivenciando nos últimos anos por conta da política. Professoras como Cíntia Chagas que anunciam nas redes sociais que seu problema é com outros professores. Professores (de todos os gêneros) que manipulam através da oratória e ganham mentes e corações. Educadores que têm qualidades na sua profissão mas que fazem proselitismo e ganham notoriedade no mundo digital.
As pessoas ainda não sabem discernir informação, divertimento e conhecimento(1) e ainda proclamam “escola sem partido“.
Educação
A educação está em vertigem, noutros tempos, pais de alunos gostavam da educação que os professores executavam. Professoras tinham mais respeito dos pais e dos alunos. Foi-se o tempo em que as professoras colocavam em seus currículos os atributos relacionados à educação. Surpreendentemente, os adjetivos da professora Cíntia estão mais próximos de algum tipo de animadora de auditório.
Certamente, as crianças de hoje em dia preferem este tipo de interação, com dancinhas, e piadas. Ou até mesmo prefiram alguém que ensine a que as pessoas tenham uma oratória mais próxima da pouca capacidade cognitiva desta geração. Escrevi sobre a geração do hedonismo oco(2), mas que tornou-se a geração que agora está na política.
Um dos alunos mais “brilhantes” da professora Cíntia tornou-se o deputado federal com mais votos da história do país. Sim, Nikolas Ferreira(3), um político que deve muito de sua trajetória à professora Cíntia. A dúvida que fica é se o Nikolas (ou será Nicole) fala as merdas que fala sob orientação da professora Cíntia.
Talvez fosse o caso de se pensar ou das professoras como Cíntia Chagas se declararem sobre a responsabilidade objetiva em relação ao que formaram.
Formação
Um educador sempre teve um trabalho pouco visível, a formação do caráter de muitos alunos. Desde que um aluno não possua uma estrutura e base cultural e de formação, o professor assume este papel.
Em tempos modernos, com a maioria dos pais distantes das tecnologias a que seus filhos têm acesso, os educadores exercem mais influência. Desse modo, não é de se admirar que a protagonista deste texto tenha milhões de seguidores e que eles votem como ela. Como se não bastasse, a cada eleição, este tipo de proselitismo ganha mais espaço e a estultice coletiva beira a histeria.
É de se esperar que os discípulos e educandos tenham uma formação à imagem e semelhança do mestre. E infelizmente, neste dia do professor, constatamos que o que ficou ruim nos últimos anos, vai piorar.
Futuro da Educação
Em algumas plataformas, sérias e que não privilegiam o signo do zodíaco dos professores, alguns debates sérios sobre a educação tem seu lugar. Contudo, estes debates estão sofrendo uma séria contaminação por conta do chamado EaD e das plataformas digitais superficiais. A maioria dos imberbes valorizam mais uma dancinha do que um conteúdo. Desta forma, quando surgem professores como a nossa protagonista, ela forma opinião, por osmose ou transitoriedade.
Os debates entre professoras e professores ganham nuances que extrapolam qualquer racionalidade. A explosão das redes sociais elevou à condição de especialista em educação qualquer um que saiba manusear as tecnologias. Por outro lado, professores com conteúdo pedagógico resistem a estas mesmas tecnologias e caem em descrédito.
Em tempos de fake news, se algum educador tem conteúdo de qualidade, como Cíntia Chagas, não precisa se preocupar com a pedagogia. Importa os cifrões e likes, e a exposição na mídia, debater e publicar textos acadêmicos, nem pensar. Raramente vemos estes profissionais da educação em atividades com seus pares. Mas, com toda a certeza, estarão em talk shows ou realities tipo BBB.
Sem dúvida, talvez seja melhor ganhar muito dinheiro e fazer a cabeça das pessoas na política e religião, educação pra quê?
Desagravo.
Mais uma vez peço desculpas pelo texto, aparentemente, mal educado. As desculpas são exclusivas para aqueles/as que se dispõem ao debate sobre o mal que políticos como Nikolas Ferreira fazem à coletividade. As eleições municipais estão aí e o risco de termos mais aprendizes de déspotas é real. Desse modo, não me importo com os erros de português e críticas à forma, desde que o debate prospere.
O problema de qualquer educador, ao contrário da afirmação da professora Cíntia, não são os outros professores. É provável que o egocentrismo e o estrelismo embotem a visão de subcelebridades e seus seguidores, simples assim, #TAOQUEI?
(1) “Entre sem bater – John Locke – O Conhecimento”
(2) “A geração do hedonismo oco”
(3) “Nikolas Ferreira e seus 29.388 eleitores”
Imagem: Entre sem bater – Cíntia Chagas – Os Professores
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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