Entre sem bater - Lô Borges - Homens Sórdidos

Entre sem bater – Lô Borges – Homens Sórdidos

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. É provável que Lô Borges nunca imaginasse que sua estrofe citando “Homens Sórdidos” fosse tão próxima destas redes sociais.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Lô Borges

Lô Borges e Fernando Brant produziram letras de músicas maravilhosas. “Paisagem na Janela” é uma destas letras que, numa atualização, poderia mudar o título para “paisagem na timeline“, e a letra ficaria atual e real. Infelizmente, cada estrofe como a que diz sobre o aviso contra homens sórdidos, é mais atual do que nunca. Perdemos !

Lô Borges (nascido Salomão Borges Filho em 10 de janeiro de 1952) é um compositor, cantor e violonista brasileiro. Foi um dos fundadores do Clube da Esquina, grupo de músicos originários do estado brasileiro de Minas Gerais. Coautor com Milton Nascimento do álbum Clube da Esquina em 1972, que foi um marco na música popular brasileira. Entre suas composições mais famosas estão “Paisagem da Janela”, “Para Lennon e McCartney”, “Clube da Esquina No. 2”, “Trem de Doido” e “O Trem Azul.

Fonte: Wikipedia (Português)

Homens Sórdidos

Alguns termos exigem uma definição e indicação inequívoca do que estamos falando. Desse modo, evitamos ilações, interpretações com equívocos estruturais e carapuças sem o devido mérito. O termo homens sórdidos, na estrofe do poeta-cancioneiro, é mais do que transparente. Como se não bastasse, não se iludam pelo gênero masculino, a expressão cabe perfeitamente em todos os gêneros.

Adjetivação

Sórdido é um adjetivo que acompanha, neste caso, a generalização de homens, mas aplicável a todas as pessoas sórdidas.

É uma adjetivação que fazemos questão de esclarecer, para não deixar nenhuma dúvida.

Significado de Sórdido

Adjetivo. Capaz de provocar asco; repugnante, asqueroso. Característica de quem busca alcançar seus objetivos ou metas de maneira desonrosa, baixa, ignóbil: pessoa sórdida. Qualidade do que é baixo, vil, torpe, corrupto: comportamento sórdido. Característica do que é mesquinho: avareza sórdida. Corrompido por alguma perversidade ou pelo mal. Aquele ou o que prejudica as boas maneiras, a moral ou os bons costumes. Aquele ou o que possui sujeira na vestimenta ou no corpo: trajes sórdidos. Etimologia (origem da palavra sórdido). A palavra sórdido deriva do latim “sordidus“, com o sentido de hediondo, vil, baixo.

Fonte: Dicio.Com.Br

Paisagem na Janela

A letra da música de Brant e Borges mostra como a maioria de nós estamos comportando nas redes sociais. Vemos tudo passar como paisagem na nossa janela (agora é timeline) e não damos importância a nada. A geração do hedonismo oco(1) prefere ver tudo e não saber de nada.

Lô e Brant avisaram, eu também avisei, sobre estes homens sórdidos que travestem-se de subcelebridades, influencers e quejandos. Noutra estrofe, temos o resumo de nossas vidas, no mundo digital e nas redes sociais.

…Você não quer acreditar
Mas isso é tão normal…

Esta “normalização” de situações absurdas leva a situações que não nos causam nem espécie ou comoção, desde que não seja dentro da nossa casa. Em suma, não existe nada de normal passando em nossas timelines, você não acreditar não o torna mais inteligente ou mais capaz.

A cumplicidade daqueles que não acreditam ou se omitem é mais perversa do que a canalhice desses homens sórdidos. #ProntoFALEI !

Homens Sórdidos em ação

As redes sociais, como Facebook, Twitter, Instagram e Tik Tok são, a princípio, ferramentas para a conexão e a interação social. Entretanto, à medida que cresceram em popularidade, evoluíram para algo muito mais complexo e com desvios. Os usuários agora sofrem uma sobrecarga impressionante de conteúdo (paisagens na janela) sem qualidade. Esse conteúdo, certamente, origina-se dos influenciadores, epistemólogos, formadores de opinião e subcelebridades. Cada personagem tem seu próprio papel na criação da paisagem digital em que vivemos.

Os Influenciadores: Vendedores de Utopias

Os influenciadores se tornaram figuras onipresentes em nossas timelines. Eles promovem produtos, estilos de vida e valores, com a promessa de que, se seguirmos seus passos, alcançaremos a felicidade suprema. Contudo, por trás da fachada brilhante das redes sociais, frequentemente encontramos uma realidade muito diferente.

Muitos influenciadores vivem, sem dúvida, vidas com encenação e edições para criar narrativas e atrair seguidores e ganharem dinheiro. Isso cria uma pressão avassaladora sobre os usuários comuns, que se sentem fora do contexto, em comparação com as vidas dos influencers. O resultado é uma timeline repleta de anúncios disfarçados de inspiração ou pensamentos relevantes. Outrossim, no final das contas, nada disso conduz a uma ação concreta, mas sim ao consumo sem limites e à insatisfação.

Influencers são, com raríssimas exceções, homens sórdidos, mulheres sórdidas ou multigêneros sórdidos.

Epistemólogos: Os Senhores do Conhecimento

Os epistemólogos, ou seja, aqueles que afirmam ser guardiões do conhecimento, também exercem influência significativa nas redes sociais. Eles se apresentam como especialistas, oferecendo conselhos e informações que consumimos acriticamente a cada quadro da paisagem. Surpreendentemente, a maioria de nós não questiona a qualidade da informação(2) e a precisão do conhecimento que eles disseminam.

Com toda a certeza, a facilidade com que informações falsas ou enganosas se espalham nas redes sociais, na Era da Informação(3), e sem controle. Muitos epistemólogos podem inadvertidamente (ou intencionalmente) contribuir para a disseminação de desinformação. Como se não bastasse, minam a confiança nas fontes tradicionais de informação ou de pessoas sérias que buscam o debate com fundamento. Enfim, o resultado é que, embora possamos nos sentir bem informados ao navegarmos pelas redes sociais, estamos nos afastando da realidade.  Desse modo, a busca ativa por conhecimento sólido perde-se e, consequentemente, fazemos cara de paisagem do desinformado convicto.

Epistemólogos de verdade estão abandonando as redes sociais rasteiras, pois não conseguem competir com os charlatões digitais e homens sórdidos.

Formadores de Opinião: Os Falsos Orquestradores do Debate Digital

Os formadores de opinião desempenham um papel crítico na construção da paisagem de inatividade que observamos nas redes sociais. Eles moldam as falsas discussões, criam polarização e desencorajam o pensamento crítico com o mais puro diversionismo. Em vez de promoverem diálogo aberto, só disseminam versões e opiniões, e nos transformam em agente da opinião de segunda mão(4). Inquestionavelmente, eles lançam mão de argumentos emotivos e retórica incendiária para manter sua base de seguidores/espectadores.

Por isso, nossas timelines cheias de debates inúteis, onde o objetivo não é chegar a um consenso ou entender diferentes perspectivas. Desse modo, eles ganham seguidores e reforçam as crenças e dogmas preexistentes. Nesse ambiente, a maioria das pessoas não passa de espectadores passivos, em vez de participantes ativos na formulação de ações.

Formadores de opinião de segunda mão é o que mais existe nas redes sociais e no mundo real.

Subcelebridades: A Fama Efêmera

As subcelebridades ganham fama nas redes sociais por seus talentos “únicos”, personalidades cativantes ou comportamentos extravagantes. Desse modo, essa fama muitas vezes é efêmera e a partir de modinhas ou tendências passageiras. Suas contribuições para a paisagem das redes sociais são fugazes e, certamente, sem significado duradouro.

Desta forma, nossas timelines estão constantemente inundadas com conteúdo passageiro que não nos leva a lugar algum. A busca por entretenimento instantâneo e demonstrações de poder supera a necessidade de se envolver em questões mais profundas e relevantes.

Em suma, se tem uma categoria que se destaca na adjetivação de homens sórdidos é a tal de subcelebridade.

A Inatividade e o Silêncio Estridente

Assim sendo, fica uma pergunta básica: como chegamos a essa paisagem de inatividade e silêncio em nossas redes sociais?

A resposta reside na tendência de muitos de nós em sermos espectadores passivos, em vez de participantes ativos. O bombardeio de  conteúdo, muitas vezes de baixa qualidade, nos torna complacentes em nossa inatividade e silêncio. Confundimos quantidade de informação com conhecimento e não admitimos nossa ignorância.

Recebemos uma avalanche de entretenimento vazio, discussões inúteis e informações duvidosas que atrasam nosso trabalho e nossas vidas. Enquanto assistimos a tudo isso acontecer, sentimo-nos cada vez mais impotentes para fazer a diferença.

Afinal, o que podemos fazer em meio ao caos das redes sociais?

Restaurando a Atividade Significativa

A restauração das atividades com algum sentido, em nossas redes sociais, requer uma mudança de mentalidade e ação proativa.

Desse modo, algumas sugestões para recuperar ou fortalecer o controle de nossas timelines podem ser úteis, quais sejam:

  1. Pensamento Crítico: Desenvolva o hábito de questionar as informações que você encontra na sua “janela” virtual. Não acredite cegamente em tudo o que lê. Busque fontes confiáveis e verifique os fatos antes de compartilhar ou aceitar como verdade.
  2. Limitação de Consumo: Reduza o tempo que você gasta nas redes sociais, especialmente em assuntos que você não se interessa. Estabeleça limites diários e reserve tempo para atividades que promovam a interação real e objetiva para suas metas.
  3. Participação Ativa: Em vez de ser um mero espectador, participe ativamente das discussões, sem medo e questionando sempre. Promova e incentive o diálogo e evite cair em debates com polarização radical e tudo que seja improdutivo.
  4. Escolha com Sabedoria: Selecione cuidadosamente quem você segue e quais as motivações para seguir. Priorize perfis que forneçam conteúdo inspirador e imparcial, em vez de um mero entretenimento superficial.
  5. Ação no Mundo Real: Lembre-se de que as redes sociais são, com toda a certeza, apenas uma ínfima parte da sua vida. Concentre-se em ações no mundo real que tenham um impacto significativo para o maior número de pessoas.
Timelines e Janelas

À medida que continuamos a navegar pelas redes sociais, é crucial reconhecer a transformação de nossas timelines em uma paisagem de inatividade. É provável que, em certa medida, sejamos todos atores ativos nesse cenário ou pelo menos deveríamos ser. Contudo, temos a certeza de que a escolha de como nos envolvemos nesta rede e como reagimos a tudo, é somente nossa.

Se buscarmos a autenticidade, o pensamento crítico e a ação real, podemos ajudar a restaurar a vitalidade e o propósito nas redes sociais.

Desse modo, é possível torná-las um lugar onde realmente “fazemos” em vez de apenas “vemos tudo acontecer”, apesar dos homens sórdidos à solta.

O avanço do poder daqueles homens sórdidos que eu falei e você não prestou atenção, ainda vai te custar muito caro.

 

(1)A geração do hedonismo oco

(2) “Entre sem bater – Enéas Carneiro – Quantidade de Informação

(3) “Entre Sem bater – Ryszard Kapuściński – Era da Informação

(4) “Entre sem bater – Mark Twain – Segunda Mão

 

Imagem: Entre sem Bater – Lô Borges – Homens Sórdidos

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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