Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. A frase de Lord Byron está ajustadíssima. Atualmente, os novos tempos tornam-se “Velhos Tempos” em apenas um clique ou um “refresh“.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Lord Byron
A princípio, esta trilha não se exime de frases e personagens pra lá de polêmicos. A ideia é que a porta esteja sempre sem trancas, surpreendentemente, mesmo com o aviso de “Entre sem Bater”. Com Lord Byron, aclamadíssimo pelas suas obras, a ideia é a mesma, polemizar e provocar o debate.
George Gordon Byron, 6º Barão Byron FRS (22 de janeiro de 1788 – 19 de abril de 1824) foi um poeta romântico inglês. Ele foi uma das principais figuras do movimento romântico e é considerado um dos maiores poetas ingleses. Entre suas obras mais conhecidas estão as longas narrativas Don Juan e Childe Harold’s Pilgrimage; muitas de suas “palavras” mais curtas em melodias hebraicas também se tornaram populares.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Velhos Tempos
Relações Intergeracionais
É impressionante como as gerações mais recentes, aquelas que se acham donas do mundo real e virtual, cagam regrinhas para tudo. Nas redes sociais, o que eram hábitos aceitáveis até pouco tempo atrás, tornam-se defeitos. Como se não bastasse, o açodamento dos neófitos e quejandos, alimenta preconceitos como o etarismo(1).
Este tipo de comportamento, acirra-se quando citamos os velhos tempos como melhores do que os atuais, um quase crime. Por outro lado, os velhos que eram bons, fogem da estultice coletiva daqueles adoradores de redes sociais rasteiras (aka Twitter). É provável que a maioria das pessoas nem perceba, mas a busca por “um lugar ao sol” inclui passar por cima das ideias alheias. O papo de “respeito sua opinião” é pura hipocrisia e quando mandamos um #IMNSHO, a bílis desse povinho sai pelos dedos nos teclados.
As palavras de Lord Byron (1823) estão vívidas depois de dois séculos, ecoando em nossos ouvidos. Certamente, é um lembrete da inexorável mudança das eras e das relações entre gerações.
Respeito e Reverência
Anteriormente, os “bons velhos tempos” se caracterizavam por um profundo respeito e reverência pelos mais velhos. A sabedoria acumulada ao longo dos anos era um recurso inestimável. De fato, os mais jovens frequentemente buscavam a orientação e conselhos dos mais velhos. A transmissão de conhecimento e experiência de uma geração para a seguinte era uma tradição, obrigatória, em algumas sociedades.
Entretanto, o respeito pelos mais velhos não tinha limitação apenas à busca de sabedoria. Era um elemento central na dinâmica social, refletindo-se em gestos simples. Levantar-se quando um idoso entrava na sala, por exemplo, ou ceder-lhes o lugar no transporte público era usual. Essas práticas demonstravam a importância de honrar aqueles que já viveram mais e enfrentaram as vicissitudes da vida.
Culto ao Imediatismo
Com a ascensão das redes sociais, os valores tradicionais que regiam as relações intergeracionais sofreram uma transformação radical. O imediatismo, a busca por recompensas instantânea e a exposição constante à vastidão da Internet moldam as atitudes dos jovens. Atualmente, muitos jovens vivem com seus dispositivos eletrônicos, nas suas próprias bolhas digitais, sem conexão com o mundo real. Com toda a certeza, indiferentes às histórias e experiências de qualquer geração anterior, e recusando-se a evoluir.
As redes sociais, com sua ênfase na autopromoção e na validação virtual, contribuíram para uma cultura da visibilidade e da popularidade online. Surpreendentemente, estes comportamentos se sobrepõem à sabedoria e à experiência que os bons tempos deram aos velhos. A busca por “likes” e “seguidores” ofuscam a importância de ouvir e aprender com aqueles que viveram mais tempo.
Desrespeito e Falta de Reflexão
A prevalência do imediatismo(2) nas redes sociais também se traduz em uma crescente falta de reflexão e respeito nas interações entre gerações. Em um mundo onde as informações fluem rapidamente, as conversas intergeracionais se tornam superficiais e sem profundidade. Os jovens, na onda da cultura do “aqui e agora“, não conseguem ouvir qualquer ponderação ou visão dos mais velhos. Desse modo, perdem inúmeras oportunidades de aprenderem com a experiência e até mesmo com erros alheios.
O desrespeito pelos mais velhos também se manifesta em situações em que as opiniões e experiências sofrem descarte instantâneo. Por outro lado, considera-se “moderno”, “in” ou “tendência” tudo aquilo que tem compartilhamento rápido e é senso comum(3). Por isso, despreza-se, significativamente, o conhecimento que acumulou-se ao longo das décadas. E, desta forma, as gerações mais jovens ficam vulneráveis e repetem erros do passado que poderiam evitar.
Um Contraponto
Embora as redes sociais tenham suas limitações e desafios nos relacionamentos, elas também oferecem oportunidades para conexões e evolução. Assim sendo, por meio das redes sociais, é possível as novas gerações compartilharem suas perspectivas com os mais velhos. Embora seja uma prática rara, pode-se criar espaços para o diálogo e a compreensão das coisas(4) e da sociedade.
Além disso, as redes sociais também podem servir como ferramentas de aprendizagem rápida. O que, no caso dos mais velhos, permite compartilhar suas experiências de vida, de maneira acessível e envolvente.
A chave está em encontrar um equilíbrio saudável entre o mundo digital e o mundo real, o que raramente ocorre. Reconhecer o valor das experiências dos mais velhos e abraçar as oportunidades de evolução cria pontes intergeracionais no mundo digital.
Novos Velhos Tempos
Lord Byron escreveu em uma época muito diferente, mas suas palavras ecoam com uma relevância atemporal. A ideia de que os “bons velhos tempos” se foram, aplicam-se, também, por causa da passagem do tempo. Contudo, em função das mudanças nas relações intergeracionais, do etarismo e outros fatores, permanece atual.
Em uma era da informação, pouco conhecimento, das redes sociais e imediatismo, retomar os velhos tempos é impossível. A necessidade de preservar o respeito e honrar os mais velhos, perde-se a cada clique ou dedinho deslizando numa tela.
As redes sociais podem, ao mesmo tempo, ser uma bênção e uma maldição nesse contexto de açodamento e superficialidade. Elas têm o potencial de unir as gerações e facilitar o compartilhamento de conhecimento. Por outro lado, podem ser um veículo para o desrespeito, ignorância, disseminação de mentiras e hipocrisia.
Enfim, a chave para enfrentar esse desafio está na conscientização e no esforço mútuo. É provável que, um dia, os mais jovens valorizem as histórias e experiência dos mais velhos. Nesse ínterim, todos podem se adaptar ao mundo digital para uma troca de experiências de maneira relevante.
Portanto, enquanto os “bons velhos tempos” de Byron perderam-se em dois séculos, a essência da inteligência pode se aproveitar das redes sociais. Entretanto, é necessário que todos se disponham a ouvir, aprender e compartilhar de forma respeitosa e cooperativa.
(1) “O etarismo nosso de cada dia”
(2) “Entre sem bater – Alison Zigulich – Imediatismo”
(3) “Senso comum e a manipulação de massas”
(4) “Entre sem bater – Upton Sinclair – Compreender as Coisas”
Imagem: Entre sem Bater – Lord Byron – Velhos Tempos
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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