Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Mário Quintana era um gênio, e sabia colocar a “Resposta Certa” em seu lugar, menos importante que a pergunta certa.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Mário Quintana
Quando um jornalista obtém reconhecimento como escritor, é porque seu trabalho ia muito além da profissão que lhe deu a sobrevivência. Mário Quintana tinha frases simples, que exigiam das pessoas reflexões sobre as linhas e entrelinhas. É provável que, com a explosão da Internet, muitas frases que lhe deram autoria, ele nem pensou sobre o assunto, mas pode ficar como aforismo.
Mário Quintana fez as primeiras letras em sua cidade natal, e em 1919 mudou-se para Porto Alegre onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo e depois na farmácia paterna. Considerado o “poeta das coisas simples“, com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Fonte: Wikipedia (Português)
Resposta Certa
O aforismo de Mario Quintana é um clamor para uma reflexão persistente sobre a importância do questionamento. Questionamento que, certamente, não deve ter reprodução nas perguntas tolas ou perguntas falsas(1).
Em um mundo repleto de informações, é cada vez mais importante saber o que perguntar. Assim sendo, é possível compreender a realidade ao nosso redor e fazer perguntas relevantes. Alguns pensadores bem antigos, como por exemplo Voltaire, já indicavam coisas relacionadas a uma pergunta e resposta certa. O julgamento de um homem importa pelas perguntas que faz e não pelas respostas.

Voltaire – Julgamento de um homem
A importância das perguntas certas
No contexto do pensamento de Quintana, as redes sociais ainda não existiam e os meios de comunicação tinham muitas limitações.
As pessoas recebiam informações de uma forma unidirecional, o que dificultava o pensamento crítico e o questionamento. Desse modo, as perguntas certas, que seriam essenciais para as pessoas formarem suas próprias opiniões, nunca surgiam. Como se não bastasse, as pessoas apenas aceitavam, passivamente, a “resposta certa” da “autoridade” da comunicação.
Contudo, mesmo em um mundo com acesso a uma infinidade de informações, as perguntas certas tornam-se mais importantes.
Afinal, nem todas as informações são confiáveis e, muitas vezes, apresentam-se de forma tendenciosa. Por isso, é essencial saber questionar para podermos avaliar as informações e não formar opiniões prontas(2) ou falsas.
As perguntas certas são aquelas que nos levam a pensar, a refletir e a buscar novas informações que acrescentem conhecimento(3). São perguntas que nos fazem questionar o status quo, abrir nossa mente para novas possibilidades e a enxergar novas perspectivas.
Em um mundo em constante mudança, é fundamental saber questionar. As perguntas certas nos ajudam a entender o presente, a planejar o futuro e a construir uma sociedade com menos desequilíbrios.
Várias respostas certas
Além de serem essenciais para o questionamento, as perguntas certas também permitem a possibilidade de mais de uma resposta certa. Afinal, a realidade é complexa e não existe uma única resposta que seja abrangente, mesmo que a pergunta seja objetiva.
Uma pergunta que admite somente uma resposta binária (Sim ou Não) não é uma pergunta séria ou que faça avançar, é um plebiscito.
Por outro lado, as perguntas abertas, permitem respostas com maior elaboração e são especialmente importantes para a reflexão e o debate. São elas que nos permitem explorar diferentes visões e a considerar possibilidades multidisciplinares.
Por exemplo, a pergunta “Qual é o sentido da vida?” não tem uma resposta única ou resposta certa.
Cada pessoa responderá de forma diferente, de acordo com suas próprias experiências e crenças. No entanto, essa pergunta nos leva a refletir sobre o nosso lugar no mundo, sobre o nosso “vizinho“(4) e o que nos dá sentido.
As perguntas reflexivas e intimistas nos ajudam a entender a nós mesmos e o mundo ao nosso redor. Elas nos levam a pensar sobre nossas próprias crenças, valores e atitudes.
Quando perguntamos “Qual é o meu papel na sociedade?”, por exemplo, nos ajuda a pensar sobre nossa responsabilidade social e coletiva. Sugere que devemos refletir sobre o que podemos fazer para tornar o mundo um lugar melhor e com menos hedonismo.
A oportunidade de reflexão
As perguntas certas nos oferecem a oportunidade de reflexão, enquanto as respostas certas para perguntas erradas nos levam ao diversionismo. O questionamento quando várias respostas se apresentam nos fazem buscar novas informações. E, surpreendentemente, nos ajudam a entender o presente e a pensar num futuro com outros olhares.
No mundo digital real, é fundamental saber questionar e fazer perguntas certas e não receber respostas agradáveis. As respostas “certas”, na maioria dos casos, não nos ajudam a ser cidadãos mais conscientes e participativos.
Portanto, a próxima vez que você se deparar com uma informação, não se contente apenas em aceitá-la.
Faça perguntas, questione, reflita, pergunte elaborando melhor o comando da pergunta e com objetividade.
Só assim você poderá formar suas próprias opiniões e contribuir para a construção de um mundo melhor.
Sem dúvida, “Amanhã tem mais …”
(1) “Entre sem bater – Saramago – Perguntas Falsas”
(2) “Entre sem bater – Napoleon Hill – Opiniões Prontas”
(3) “Entre sem bater – John Locke – O Conhecimento”
(4) “Entre sem bater – Povos Originários – Seu Vizinho”
Imagem: Entre sem Bater – Mário Quintana – Resposta Certa
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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