Entre sem bater - Eduardo Marinho - Pobres de Espírito

Entre sem bater – Eduardo Marinho – Pobres de Espírito

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Eduardo Marinho abdicou da condição de riqueza material e, desse modo, pode identificar e se distanciar dos “Pobres de Espírito“.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Eduardo Marinho

Anteriormente, a ideia de degraus da consciência(1) de Eduardo Marinho foi alvo de reflexão de poucas pessoas. Embora o número de leitores do texto não seja extraordinário, o aproveitamento do conteúdo teve boa avaliação. O conteúdo da ideia ou frase significa muito mais do que os hits, como a frase sobre os pobres de espírito sugere.

Eduardo de Mendonça Marinho (Espírito Santo, 26 de dezembro de 1960) é um artista plástico, escritor, ativista social e filósofo brasileiro. Marinho tem muitas obras de serigrafia e nanquim, que foi por onde iniciou seu percurso como artista. Ele é protagonista do documentário “Observar e Absorver” (2016), direção de Júnior SQL . Também protagoniza o documentário Via Celestina, produção de Hare Brasil. Eduardo também possui o blog Observar e Absorver onde compartilha seus pensamentos acerca da sociedade e da vida.

Fonte: Wikipedia (Português)

Pobres de Espírito

O comportamento de ostentação, superficialidade e soberba está longe de ser exclusivo dos “pobres de espírito”. Essas atitudes certamente existem em diversas camadas sociais e não se submetem a nenhuma generalização. No entanto, em nossa sociedade grassa a desigualdade social(2), intolerância e o preconceito. Como se não bastasse, a busca da riqueza material e o desejo de status desencadeiam tais comportamentos.

Desse modo, destacamos alguns comportamentos e atitudes, usuais e até “normais”, e que muitos perfis praticam, diuturnamente.

Exibicionismo materialista

Os pobres de espírito tendem a valorizar a posse de bens materiais. Desse modo, os apresentam publicamente como uma forma de se destacar e se sentir superiores aos outros. Isso surge em postagens nas redes sociais, onde exibem imagens de suas últimas aquisições, viagens luxuosas e experiências extravagantes. Nem sempre, o que tem exibição pública é a realidade destas pessoas, contudo, por vezes, é real e condenável. Essas pessoas acreditam que a quantidade de dinheiro que possuem é um reflexo direto do seu valor como indivíduo. A princípio, usam sua riqueza como uma forma de se autopromover diante de situações diferentes e de todas as pessoas.

A obsessão pela riqueza material é um dos principais comportamentos dos que vivem de ostentação e a da superficialidade. Em um mundo onde o sucesso muitas vezes é mede-se pelo tamanho da conta bancária, a obsessão pelo acúmulo de bens materiais é insana.

Por isso, essa busca desenfreada por riqueza muitas vezes leva a um vazio existencial e a relacionamentos por interesses e sem afeto.

A obsessão pela acumulação de coisas leva a comportamentos antiéticos, como a corrupção e a exploração de outros para obter lucro. Não raramente, essas pessoas comprometem seus valores e ética para atingir seus objetivos financeiros. Assim sendo, a deterioração da moral e da integridade dessa pessoa e daqueles que cercam os exibicionistas contamina a sociedade.

Aprovação Social

Outro comportamento dos pobres de espírito é a necessidade de admiração e aceitação pelos outros é sempre insaciável. Eles acreditam que sua autoestima e valor como indivíduos dependem da aprovação e admiração dos outros. Surpreendentemente, muitos dos que são, efetivamente, influentes, portadores de conteúdo relevante ou bem-sucedidos agem assim.

Por isso, mesmo quando participam ativamente nas redes sociais, continuam a busca por atenção e o reconhecimento público dos outros. Na maioria dos casos, utilizam-se de meios artificiais, como a compra de seguidores ou a participação em atividades de autopromoção.

Certamente, esta superficialidade relaciona-se com a carência de validação social, preocupação excessiva com a aparência e o status. Muitas vezes, as pessoas que se comportam de maneira superficial estão constantemente preocupadas em manter uma imagem pública perfeita. Adicionalmente, gastam tempo e dinheiro com procedimentos estéticos, roupas caras etc. na busca incessante por aprovação e aceitação.

Ambientes Tóxicos

Essa busca por aprovação social leva a falta de autenticidade e conexões genuínas com as outras pessoas. As relações tornam-se superficiais e hipócritas. Em outras palavras, são relações com fundamentação na aparência e no status, em vez de valores, ideais e interesses comuns.

A pressão constante para se encaixar em padrões estéticos irreais também contribui para a insegurança e a insatisfação pessoal.

Além disso, a busca implacável por aprovação social pode criar um ambiente tóxico nos grupos ou “tribos” destes indivíduos. Por isso, quando existem estas “competições” e egocentrismo as pessoas criam grupos diferentes. Desta forma, embora com interesses convergentes, as divergências predominam e dispersam a tudo e a todos.

Em suma, mostrar quem tem mais, quem é mais bonito, quem sabe mais e quem está vivendo a vida “perfeita” nas redes sociais é estupidez. Esse comportamento gera um ciclo de instabilidade constante, pois a comparação com os outros frequentemente leva à sensação de inadequação.

Soberba

A soberba é um comportamento que tem relação íntima com a ostentação, superficialidade, hipocrisia e outros. Pessoas que se consideram superiores devido à sua riqueza material muitas vezes olham para os outros com desdém. Desse modo, menosprezam aqueles que não possuem os mesmos recursos financeiros e assumem uma atitude de superioridade. Por outro lado, algumas pessoas adquiriram o comportamento contrário e, efetivamente, com mais recursos e riqueza.

Essa atitude soberba, com toda a certeza, contribui para a polarização social, a falta de empatia e outras divergências comportamentais.

Quando as pessoas se veem como pertencentes a uma falsa elite se distanciam das preocupações e lutas dos menos favorecidos. Assim sendo, cria-se um abismo entre classes sociais e dificulta a solidariedade e a cooperação necessárias para resolver os problemas socioeconômicos.

A soberba como outros comportamentos silenciosos afetam negativamente a saúde mental das pessoas. A constante necessidade de afirmar sua superioridade sobre os outros leva, sem dúvida, ao isolamento e à solidão. Relações baseadas na superioridade e no julgamento constante dos outros são frágeis e muitas vezes não proporcionam apoio emocional real.

Empatia

Um dos comportamentos mais deploráveis dos que manifestam a soberba é a falta de empatia que se esconde atrás da caridade. Os pobres de espírito nunca se colocam no lugar dos outros para entender as realidades e desafios que desconhecem.

Desse modo, eles tendem a culpar outros indivíduos pela pobreza alheia. Como se não bastasse, acreditam que o sucesso financeiro é o resultado exclusivo do trabalho árduo e do mérito pessoal.

Essa falta de empatia observa-se, constantemente, nas interações destas redes sociais superficiais e estultas. Além de fazerem, muitas vezes, comentários insensíveis ou desdenhosos sobre questões sociais e econômicas vão além. Apresentam-se como construtores de ações falsamente colaborativas ou de caridade. Certamente, fazem caridade com dinheiro e atitudes de outras pessoas, sempre se apresentando como beneméritos de falsa empatia. 

Planejamento Estratégico

Inquestionavelmente, os grandes males da atualidade são a desinformação, a manipulação de massas(3) e o planejamento para destruir a educação.

Atuar pela empatia, autenticidade e solidariedade tem derrotas diárias para a mentira e a busca pelo sucesso nas redes sociais.

Esses comportamentos e atitudes dos pobres de espírito têm, nos ambientes das redes sociais, seu alimento e manutenção. As aparências, validação externa, hipocrisia têm uma aceitação acima do razoável.

O planejamento das grandes plataformas e das oligarquias que comandam as massas é superior a qualquer proposta de reflexão. Recentemente, grandes plataformas declaram que o Brasil é, significativamente, o país que mais utiliza destes mecanismos.

Devemos notar, contudo, que nem todas as pessoas que apresentam esses comportamentos são necessariamente pobres de espírito. Muitas destas pessoas ainda não galgaram os degraus da consciência para serem pobres de ideias. A maioria prefere ser a massa de manobra que repete opiniões de segunda mão(4), sem entender nenhum contexto.

Enfim, a complexidade do comportamento humano e a influência de diferentes fatores individuais e culturais tornam difícil fazer generalizações. Entretanto, os pobres de espírito são menos piores do que os pobres de direita(5) ou pobres de ideias. São aqueles que ajudam a sustentar os déspotas, pregadores de púlpito e outros aproveitadores da fé alheia.

 

(1) “Entre sem bater – Eduardo Marinho – Degraus da consciência

(2) “Entre sem bater – Jessé Souza – Desigualdade Social

(3) “Manipulação de Massas – A Série

(4) “Entre sem bater – Mark Twain – Segunda Mão

(5) “O pobre de direita no Brasil

 

Imagem: Entre sem Bater – Eduardo Marinho – Pobres de Espírito

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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