Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Uma “Encruzilhada”, na acepção figurativa, é muito mais cruel do que imaginava Woody Allen e, certamente, ele não vivenciou ao extremo.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Woody Allen
A princípio, os textos da trilha “Entre sem bater” não falam sobre os autores das frases. Desse modo, nesta plataforma (Blog), cabe uma pequena biografia sobre o autor de cada uma das frases. Woody Allen passa longe dos pensadores que julgo inteligentes. ele possui todas as “virtudes” para que eu não goste dele. Mas, enfim, é uma boa frase para a proposta desta trilha.
Woody Allen (nascido Allan Stewart Konigsberg ; 30 de novembro de 1935) é um cineasta, ator e comediante americano cuja carreira se estende por mais de seis décadas. Allen recebeu muitos elogios e premiações, incluindo o maior número de indicações ao Oscar de Melhor Roteiro Original, com 16. Ele ganhou quatro “Oscars“, dez BAFTA, dois Globos de Ouro e um Grammy, bem como indicações ao Emmy. e um prêmio Tony. Allen recebeu um Leão de Ouro Honorário em 1995, uma bolsa BAFTA em 1997, uma Palma de Ouro Honorária em 2002 e um Globo de Ouro Cecil B. DeMille Award em 2014. Dois de seus filmes foram incluídos no National Registro de Filmes pela Biblioteca do Congresso dos EUA.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
A Encruzilhada
Em primeiro lugar, é necessário reproduzir inteiramente a frase de Woody Allen além da que aparece na imagem deste texto.
“Mais do que em qualquer outro momento da história, a humanidade enfrenta uma encruzilhada. Um caminho leva ao desespero e à total desesperança. O outro, à extinção total. Rezemos para que tenhamos sabedoria para escolher corretamente.”
in “Meu discurso aos graduados”
Quem conhece o comediante fica em dúvida se ele está falando sério ou contando alguma piada. Certamente, como muitas pessoas o consideram um comediante super inteligente, oferecemos o benefício da dúvida. Mas a proposta não é falar dele, e sim da encruzilhada da humanidade, que não tem fim.
Escolhas Difíceis
Omar Khayyam, um polímata persa, disse: “Nesta encruzilhada do desejo e da necessidade, não deixes nada: não voltarás lá nunca mais.”
Como Khayyam viveu numa época remota, seus pensamentos não obtiveram a repercussão do que disse Allen. Por outro lado, existe a possibilidade de que Allen fez um aforismo ou paráfrase, é comum com roteiristas e cineastas.
Entretanto, a união dos dois pensamentos nos remete a reflexões importantes e que determinam que a nossa encruzilhada é diária. E, como se não bastasse, a verdade de Khayyam é definitiva, não tem volta ou retorno.
Encruzilhada, em seu sentido figurativo, significa um dilema e, por isso, revela dificuldades em prosseguir ou situações adversas emergentes. Desse modo, como em muitas outras expressões, as pessoas assumem comportamentos distintos e, na maioria dos casos, individualistas.
Encruzilhada da Humanidade
A humanidade, em sua trajetória ao longo dos séculos, depara-se com encruzilhadas decisivas que moldaram seu destino. A partir da reflexão de Omar Khayyam e de Woody Allen, é inegável as diversas encruzilhadas atuais.
As escolhas que fazemos como sociedade moderna transcendem fronteiras religiosas e políticas, delineando um futuro sombrio.
Mundo Moderno
O avanço tecnológico e a globalização abriram caminhos cheios de ineditismo e inovações para a humanidade. As oportunidades e novas tecnologias, a maioria delas extraordinárias, carregam desafios monumentais e misteriosos.
Em sua busca incessante por progresso, a sociedade moderna frequentemente se encontra no cruzamento entre o desejo e a necessidade. E, na atualidade, esta humanidade prefere o fácil e tudo que os dedinhos ágeis podem obter. A geração do hedonismo oco(1) venceu.
No entanto, ao contrário da visão hedonista do poeta persa e dos jovens moços, nossas escolhas podem afetar coletivos e comunidades. Surpreendentemente, não somos um sistema sem conexão e muitas vezes têm as implicações são duradouras, globais e transcendem o indivíduo.
Urgência
O alerta de Woody Allen sobre a encruzilhada que enfrentamos hoje é um eco da urgência que permeia nosso tempo. As decisões que tomamos como sociedade, orientam-se por fatores como política, economia e ética, determinam o nosso destino coletivo. A dualidade apresentada por Allen, entre o desespero e a extinção total, reflete os extremos, mais palpáveis e reais do que nunca.
Por exemplo, ao observar o cenário político global, percebemos que o futuro da humanidade transcende fronteiras ideológicas e religiosas.
Independentemente do sistema político em vigor, democrático ou autoritário, as decisões tomadas pelos líderes afetam toda a população. A falta de cooperação internacional efetiva, por exemplo, diante de desafios globais como a fome(2) e as mudanças climáticas é um enigma. Como se não bastasse, não nos acertamos nem no combate a pandemias ou a pobreza, levando a humanidade ao caminho do desespero.
A recentíssima questão entre Semitas e Palestinos, com milhares de civis morrendo, é a demonstração clara da encruzilhada sem retorno. Assim sendo, os dilemas nas escolhas não passam pelos desejos e necessidade coletivas, e sim por decisões individuais de gente cruel.
Dilemas Éticos
A interconexão cada vez maior entre as nações também traz à tona dilemas éticos, morais que encontram desafios nas decisões.
As escolhas em relação à inteligência artificial, biotecnologia e automação, por exemplo, têm o poder de transformar nossa sociedade. Entretanto, se não utilizam da sabedoria e do olhar crítico sobre suas implicações, essas decisões projetam um futuro distópico. Desse modo, produções cinematográficas como 3%(3) (produção brasileira) deixam de ser ficção.
Com toda a certeza, onde a desigualdade social se aprofunda e as estruturas sociais se desintegram.
Desafio ambiental
Adicionalmente, o desafio ambiental é outra encruzilhada premente e que muitos governantes ainda veem como alucinação.
As decisões em relação ao uso de recursos naturais, políticas ambientais e a busca por fontes de energia sustentáveis são difusas. A humanidade deveria seguir um caminho de equilíbrio ecológico, contudo caminha para uma crise irreversível. A incapacidade de enfrentar as mudanças climáticas já está provocando consequências catastróficas.
Desde que estas mudanças colocam em risco não apenas ecossistemas, mas também a nossa sobrevivência, estamos numa encruzilhada.
Por exemplo, a onda de calor atual, com altas temperaturas recordes, e até a seca de rios na Amazônia, é mais do que um sinal. É a resposta para as decisões que os governantes tomaram durante muito tempo, com a conivência de déspotas e oligarquias.
Desigualdades
No âmbito social, a escolha entre a inclusão e a divisão é evidente e, assim sendo, as desigualdades avançam rapidamente.
A intolerância, o preconceito e a falta de compreensão mútua são obstáculos que continuam a desafiar a coesão social. A decisão de abraçar a diversidade e promover a igualdade é crucial para o tipo de sociedade que queremos construir.
Ignorar essa encruzilhada da desigualdade nos trouxe a conflitos, desigualdades e tensões irreconciliáveis. Não tem mais volta !
A tecnologia, apesar de seu potencial transformador, também nos confronta com decisões éticas cruciais. A inteligência artificial, por exemplo, oferece benefícios inegáveis, mas a ausência de ética resulta em consequências imprevisíveis.
A escolha de priorizar o progresso tecnológico sem uma reflexão cuidadosa sobre suas implicações éticas é uma relíquia do passado. Inapelavelmente, a autonomia humana e a capacidade de compreender as coisas(4) perdeu-se nos desejos de coisas supérfluas.
Em suma, a encruzilhada que enfrentamos como sociedade exige uma profunda reflexão sobre nossos valores, prioridades e ações.
As escolhas que fizemos ontem, determinam o presente, as que fazemos hoje moldarão o amanhã. Portanto, é imperativo que desejos e necessidades tenham equilíbrio, sabedoria e responsabilidade.
A sabedoria de Omar Khayyam indica que devemos considerar cuidadosamente cada decisão, pois o futuro é um lugar onde não podemos voltar. Do pensamento sarcástico de Woody Allen aproveitamos a necessidade de ações urgentes.
A encruzilhada significa escolher o caminho que leva não ao desespero ou à extinção, mas à construção de um futuro sustentável para toda a humanidade.
P. S.
(*) Se um dia eu estiver com o nível de insanidade alto, escreverei um texto sobre Woody Allen. Foi muito difícil escolher a pior caricatura para ilustrar este texto. Enfim, discordo de tudo que disse e fez este Woody Allen até alguns minutos atrás. Embora seja um comediante aceitável para os estadunidenses, ele perde para uma meia dúzia de comediantes de stand-up rural.
(1) “A geração do hedonismo oco”
(2) “Entre sem bater – Carolina Maria de Jesus – A Fome”
(3) “Série 3%, uma produção original Netflix”
(4) “Entre sem bater – Upton Sinclair – Compreender as Coisas”
Imagem: Entre sem Bater – Woody Allen – A Encruzilhada
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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