Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Muitos parafrasearam Abraham Lincoln, ou será o contrário? Com toda a certeza, “Caráter e Reputação” das pessoas podem nos enganar.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Abraham Lincoln
A biografia do ex-presidente estadunidense é do conhecimento de quase todo nativo colonizador daquele país. A maioria dos habitantes daquela nação o trata como um ídolo imortal e inconteste. Contudo, sua veia republicana é que manteve aqueles estados unidos (sem trocadilho) até hoje. É provável que das muitas frases que atribui-se a Lincoln não demonstrem a interpretação da atualidade. Desse modo, vemos um destes pensamentos que pode suscitar muitas interpretações e divagações, e ninguém veste a carapuça.
Abraham Lincoln ( Hodgenville, 12 de fevereiro de 1809 — Washington, D.C., 15 de abril de 1865) foi um político norte-americano que serviu como o 16° presidente dos Estados Unidos, posto que ocupou de 4 de março de 1861 até seu assassinato em 15 de abril de 1865. Lincoln liderou o país de forma bem-sucedida durante sua maior crise interna, a Guerra Civil Americana, preservando a integridade territorial do país, abolindo a escravidão e fortalecendo o governo nacional. Criado em uma família carente na fronteira oeste, Lincoln foi autodidata, tornou-se advogado, líder do Partido Whig, deputado estadual de Illinois durante a década de 1830 e membro da Câmara dos Representantes por um mandato durante a década de 1840. Após uma série de debates em 1858, que repercutiu em todo o país mostrando a sua oposição à escravidão, Lincoln perdeu uma disputa para o Senado para seu arquirrival, Stephen A. Douglas. Lincoln, um moderado de um swing state, garantiu a nomeação para a candidatura presidencial de 1860 pelo Partido Republicano. Com quase nenhum apoio do Sul, ele percorreu o Norte e foi eleito presidente. Sua eleição fez com que sete estados escravistas do sul declarassem sua secessão da União e formassem os Estados Confederados da América. A ruptura com os sulistas fez com que o partido de Lincoln obtivesse amplo controle do Congresso, mas nenhuma ação ou reconciliação foi feita.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Caráter e Reputação
A princípio, mantenho alguns de meus conceitos sobre alguns termos e ideias. Por exemplo, a questão do uso de analogias, metáforas e figuras de linguagem semelhantes. Tanto aqui como lá (qualquer lugar do planeta) existem analogias ou comparações que são específicas. Uma ironia ou sarcasmo num país, pode ser ofensa grave em outro, ou ser apenas inteligência coloquial que determinam caráter e reputação.
Desse modo, a frase de Lincoln é muito cara para mim. Se considerarmos que nenhum ser humano normal gosta da falta de caráter e de uma má reputação, vivemos tempos obscuros. Explico: o caráter e a reputação são duas subjetividades e, no mundo atual, apresentam-se como achismos. Esta desigualdade de percepção e compreensão da realidade dos indivíduos nos leva a erros de avaliação e injustiça.
Como se não bastasse, as redes sociais atuais trouxeram para dentro de nossas casas e nossas mentes, valores com desvios inimagináveis. E, por isso, até as malditas plataformas regenerativas deturpam qualquer sinal de caráter e reputação, como as sombras a que Lincoln se referiu.
Muitas frases transformaram-se em aforismos sobre este pensamento de Lincoln, a maioria de forma rasteira ou específica. Por isso, a cada frase desta natureza, devemos promover a reflexão e vestir as carapuças, mesmo com pessoas próximas.
Sombras – de Platão a Elon Musk
Desde que as intrincadas teias do pensamento filosófico com Platão, em seu “Mito da Caverna“, se disseminaram, perdemos a referências das sombras. Naqueles tempos, os prisioneiros estavam presos a correntes, fisicamente e mentalmente. Ainda hoje, muitos enxergam apenas sombras projetadas na parede de uma caverna, ou de um smartphone.
Sem dúvida, a alegoria transcende eras, encontrando eco nas palavras na analogia “o caráter é como a árvore, e a reputação como a sombra dela.”
Assim como as sombras iluminadas pela luz de Platão ou no pensamento republicano de Lincoln, nossa sociedade lança suas próprias sombras.
Desse modo, presenciamos julgamentos efêmeros, interpretações superficiais, acusações levianas, desonra e ingratidão.
Vivemos em uma era digital onde a árvore do caráter apaga-se pela efervescência das redes sociais e pelos filtros da percepção pública. As sombras projetadas tornam-se nossa única percepção, muitas vezes desviando-se da realidade da árvore.
Mito da Caverna
O Mito da Caverna(1), em sua essência, é uma advertência sobre a superficialidade do julgamento humano. Em um mundo onde as interações virtuais muitas vezes eclipsam as genuínas, as sombras ganham uma força ainda maior. As pessoas recebem avaliação não pelo que são, mas pelo que aparentam ser, mesmo que em breves interações cotidianas.
Assim sendo, nestes tempos obscuros, onde as sombras ganham vida própria, é vital recordar a lição de Platão. A reputação, como sombra, pode ter manipulação e distorções pelas luzes efêmeras da opinião pública. O perigo reside na aceitação cega dessas sombras como verdades absolutas, ignorando a complexidade da árvore do caráter.
No entanto, assim como a árvore existe independentemente de sua sombra, o verdadeiro caráter de uma pessoa transcende as projeções sociais. Em meio aos tempos tumultuosos e à obscuridade das interpretações, é imperativo que busquemos a verdadeira essência das pessoas.
Portanto, devemos ir além das sombras que nos se apresentam a cada segundo nas redes sociais. Em suma, no final das contas, é a árvore, não a sombra, que define sua presença no vasto bosque da existência humana.
Entretanto, uma grande ressalva existe quando a árvore possui, definitivamente, o caráter moldado por troncos, galhos, folhas e frutos. As pessoas demonstram enormes dificuldades em aceitar qualquer adjetivo relacionado a caráter. E a adjetivação, seja com bom ou mau, é somente uma perspectiva que pode não ser única e conter dubiedades.
Desvio de Caráter e Reputação
Assumindo a proposição de que uma pessoa é como disse Abraham Lincoln, certamente podemos afirmar que alguém pode ter desvio de caráter(2) e reputação.
Como assim?
O caráter e a reputação são atributos que dependem do ponto de vista. A reputação é muito mais subjetiva e, atualmente, é mais facilmente fabricável. Por exemplo, influencers brotam nas redes sociais do nada. Alguns são marginais e de péssimo caráter, e arrumam seguidores que alimentam o desejo de serem como eles. As pessoas acostumaram-se e até defendem algumas subcelebridades sem ao menos terem noção do que fazem ou deixam de fazer.
A reputação não tem relação com o caráter e a sombra do que vemos é uma farsa sobre a realidade da formação de uma pessoa.
Desse modo, um desvio de caráter, que começa no lar, avança na escola, invade o meio profissional e descamba para a personalidade, não tem cura. É provável que o pensamento popular de que “pau que nasce torto, morre torto” teve origem na frase de Lincoln e analogia com a árvore.
Surpreendentemente, caráter e reputação aceitam, com severas restrições às adjetivações, subjetivas de bom ou mau. Desse modo, é curioso alguém avaliar uma pessoa como “médio” caráter, enquanto a reputação possui gradação de nenhuma até ótima. Por isso, muitas vezes, a analogia, seja com árvores ou outra qualquer, não é uma boa conselheira para reflexões.
Mitos e Lendas
Em suma, infelizmente, a frase de Lincoln mostra-se atual e cada vez mais aplicável no mundo moderno. Criam-se mitos e lendas, atribuindo uma reputação e a vida pregressa comprova que o caráter não reflete a fama.
Como se não bastasse, além dos absurdos que vemos nas redes sociais, a política e até muitas plataformas fabricam reputações aleatoriamente. Tomemos, por exemplo, redes sociais que criam “Top 10 isso e aquilo”, forjando uma reputação até de quem não tem conteúdo.
A pergunta a se fazer é: podemos confiar no caráter(3) deste pessoa que entra neste tipo de esquema?
Sem dúvida, devemos questionar e refletir demasiadamente com todos os títulos e certificações que nos apresentam, as ciladas estão por aí…
Estes tempos modernos, de plataformas ansiosas por serem “padrões” para populações inteiras, transformaram nossa vida num inferno. Nesta data, a mídia faz publicar uma notícia de que mais de 70% da população brasileira acessou a Internet. A notícia, que parece alvissareira, traz mais preocupações, pois a qualidade e capacidade destes usuários pode ser ilusória.
Enfim, as frases como de Abraham Lincoln são antigas e os problemas da sociedade persistem e avançam, com qualquer tecnologia.
E, por isso, não se assustem se com a utilização de inteligência artificial(4), as coisas sem caráter podem ficar “normais”. Todo e qualquer desvio de caráter prejudica alguma pessoa, mesmo aqueles que parecem inofensivos.
(1) “O mito da caverna e os irmãos lobo”
(2) “Entre Sem bater – Coringa – Desvio de Caráter”
(3) “Entre sem bater – George Eliot – Caráter”
(4) “Entre sem bater – Stephen Hawking – Inteligência Artificial”
Imagem: Entre sem Bater – Abraham Lincoln – O Caráter e a Reputação
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
- Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter, Threads, Koo etc.
- Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
- Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.