Entre sem bater – Antonio de Guevara – Livros Antigos

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Certamente, revivemos o que Antonio de Guevara experimentou séculos atrás, os “Livros Antigos” caindo no esquecimento.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Antonio de Guevara

A ideia de Antonio de Guevara está mais atual do que nunca, e recrudesceu para outras mídias. Anteriormente, à época de Guevara, os livros antigos eram a fonte da sabedoria. Desse modo, seria natural que as novas mídias substituíssem as propostas de transmissão do conhecimento. Entretanto, os livros antigos, filmes antigos, documentários antigos, têm a sabedoria e nem envelhecer⁽¹⁾ ajuda.

Antonio de Guevara (c. 1481 – 3 de abril de 1545) foi um bispo e escritor espanhol. Em 1527 foi nomeado cronista real de Carlos V, Sacro Imperador Romano. Seu primeiro livro, Libro áureo, apareceu pela primeira vez em edições não originais no ano seguinte. Este livro pseudo-histórico de incidentes e cartas da vida de Marco Aurélio (conhecido em uma edição posterior ampliada como Relox des principes ) foi traduzido para quase todas as línguas da Europa, incluindo russo, sueco, húngaro, polonês, armênio, e romeno. A popularidade do livro de Guevara levou o estudioso e tradutor Méric Casaubon a observar que nenhum livro além da Bíblia foi traduzido com tanta frequência como o Relox de principes de Guevara, ou Dial of Princes. Além do livro de Marco Aurélio, Guevara escreveu outros oito livros, alguns dos quais continuaram a ser traduzidos e republicados nos séculos XVII e XVIII.

Fonte: Wikipedia (Inglês)

Livros Antigos

Em uma época em que a informação está ao alcance de todos, a sabedoria parece estar cada vez mais escassa. As redes sociais, com sua velocidade e superficialidade, tornaram-se o principal meio de comunicação e debate. A substituição dos livros antigos pelas páginas e sites é inexorável, real e avassaladora.

Desse modo, presenciamos um forte impacto negativo na qualidade do pensamento e da reflexão, pois a leitura virou artigo de luxo.

A sabedoria é um atributo que se adquire com o tempo e a experiência de uma leitura de qualidade, gerando, na maioria dos casos, reflexão. Assim sendo, o resultado deveria ser a reflexão sobre a vida, sobre as relações humanas e sobre o mundo. É a capacidade de entender a complexidade das coisas e nos posicionarmos.

No entanto, a sabedoria não é um dom natural. É preciso cultivar o hábito de ler, estudar, pensar e refletir. Em outras palavras, é preciso abrir-se para novas ideias e disposição em aprender com os erros e conselhos.

Redes Sociais

Nas redes sociais, tudo é rápido, rasteiro e instantâneo. Não há tempo para reflexão e as pessoas querem apenas expressar suas opiniões, mesmo que sejam superficiais ou com erros crassos.

Isso, com toda a certeza, leva a um aumento da polarização, da intolerância do hedonismo. As pessoas têm, cada vez mais, disposição para acreditar em informações confirmando suas crenças, mesmo sejam informações falsas ou com distorção.

A sabedoria, que deveria surgir a partir dos livros antigos, tem sua “assimilação” através de opiniões prontas e superficialidades.

Cabelos Brancos e a sabedoria

Se, anteriormente, a sabedoria não é uma característica exclusiva dos idosos com cabelos brancos, agora piorou muito. Antes os cabelos grisalhos provocavam ao menos respeito. Mesmo que a frase “… os canalhas também ficam de cabelos brancos… ” seja uma hipótese, tudo está pior.

Por outro lado, as novas tecnologias permitem que o conhecimento possa estar com pessoas de todas as idades. E é através deste conhecimento que será possível obter os muitos saberes e, quem sabe, alguma sabedoria.

É verdade também que a experiência da vida pode ajudar a transmissão de conhecimento e o desenvolvimento da sabedoria. Contudo, isso não significa que todos os idosos sejam sábios, aliás, alguns idosos estão “de lascar o cano“.

Inquestionavelmente, há muitos idosos que são ignorantes, preconceituosos e intolerantes, especialmente nos temas política e futebol. Felizmente, do mesmo modo, existem muitos jovens que são inteligentes, abertos a novas ideias e dispostos a aprender.

Palavras Sensatas x Opiniões Prontas

As redes sociais são, sem dúvida, um espaço onde as opiniões prontas⁽²⁾ têm mais espaço do que as palavras sensatas.

Para isso, que as redes sociais tiveram na sua criação e avanço, o estímulo ao engajamento, na maioria das vezes, inconsequente. Quanto mais se curte, comenta e compartilha uma publicação, mais avaliam como sucesso. Por exemplo, se fizermos um comentário contrário ao autor de um post e ele responder atacando a pessoa , ganhará mais seguidores e likes. Se existe concordância, as pessoas comportam-se de acordo com a fama do autor das postagens.

Palavras sensatas⁽³⁾ pouco importam, palavras de efeito, mesmo as falsas ganham mais ou menos disseminação de acordo com a fama do autor.

Isso leva as pessoas a publicarem conteúdo que seja mais provável de gerar engajamento, mesmo que esse conteúdo seja superficial ou falso. As palavras sensatas, por outro lado, geralmente não geram muito engajamento, pois exigem leitura, reflexão e análise. Surpreendentemente, isso é algo que as pessoas estão dispostas a fazer nas redes sociais.

Como resultado, as palavras sensatas estão sendo cada vez mais superadas pelas opiniões prontas e sem conteúdo de qualidade.

Velhos Tempos

Ao atingirmos certa idade, começamos a repetir sobre os velhos tempos, com seus valores e costumes tradicionais. Gerações de pessoas mais novas sentem tédio, desprezam e, literalmente, não param seus dedinhos um minuto para ouvir.

Os jovens de hoje, que cresceram nas redes sociais, têm uma visão de mundo muito diferente da dos idosos, o que mostra-se uma tragédia. Um estudo global recente identificou que quanto mais tempo os jovens ficam com smartphones, os resultados de matemática pioram.

Por isso, inacreditavelmente, eles acreditam que os velhos tempos⁽⁴⁾ são um sinal de atraso. Eles acham que o mundo está melhor agora, com as novas tecnologias e as novas formas de pensamento.

Esse desprezo por tudo que diga respeito aos velhos tempos, como fazer leitura de livros antigos ou ver filmes antigos, é inútil. As pessoas estão cada vez mais dispostas a descartar o passado, mesmo que esse passado contenha valores e conhecimentos valiosos.

Tempos Modernos

Enfim, os velhos tempos, os livros antigos, as ideias dos velhos e a sabedoria estão sofrendo com os tempos modernos. As redes sociais, com sua velocidade e superficialidade sepultam a sabedoria, a reflexão e os valores tradicionais. É o fim do mundo !

Desse modo, temos um grande problema social, cultural e comportamental. O respeito, a sabedoria, a reflexão e os valores tradicionais são essenciais para uma sociedade minimamente saudável.

É preciso encontrar um equilíbrio entre o novo e o velho, e aprender com o passado, mas também estar aberto às novas ideias. Em suma, é preciso cultivar a sabedoria, a reflexão e os valores tradicionais, mesmo nos tempos modernos.

O desequilíbrio que vivemos só está nos levando à polarização, à intolerância e à perda dos valores sociais difíceis de recuperar.

Existe alguma receita para recuperar a sabedoria, a reflexão e os valores tradicionais nos livros antigos?

É provável que não, nunca pensaram nisso, mesmo com o monte de sociólogos e assemelhados que existem ociosos por aí. Ao invés de cada profissional especialista nestes temas ficarem masturbando ideologicamente, deveriam ser úteis para a sociedade.

É preciso educar as pessoas sobre a importância dos livros antigos, do respeito e criar espaços onde se cultive a sabedoria. No limite, que se escrevam livros antigos (mesmo que sejam e-books ou áudio-books) para deixar como registro.

Estamos tentando mudar o mundo moderno das redes sociais, e “Amanhã tem mais …“

 

⁽¹⁾ “Entre sem bater – David Bowie – Envelhecer”

⁽²⁾ “Entre sem bater – Napoleon Hill – Opiniões Prontas”

⁽³⁾ “Entre sem bater – Goethe – Palavras Sensatas”

⁽⁴⁾ “Entre sem bater – Lord Byron – Velhos Tempos”

 

Imagem: Entre sem Bater – Antonio de Guevara – Livros Antigos

Nota do Autor