Entre sem bater - Lenio Streck - Modernidade Tupiniquim

Entre sem bater – Lenio Streck – Modernidade Tupiniquim

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Lenio Streck definiu bem como são as promessas de “Modernidade” no Brasil-Colônia eterno.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Lenio Streck

No meu singelo entendimento, os integrantes do Poder Judiciário deveriam se manifestar somente nos autos. Entretanto, como vivemos no país das exceções, é compreensível que operadores do Direito transitem em todos os lugares. Lenio Streck é um dos perfis mais polêmicos quando suas frases provocam aqueles que atuam na mesma área.

Lenio Luiz Streck (Agudo, 21 de novembro de 1955) é um jurista brasileiro, conhecido principalmente por seus trabalhos voltados à filosofia do direito e à hermenêutica jurídica. É professor dos cursos de pós-graduação em Direito da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e atua como advogado. Procurador de Justiça aposentado, foi membro do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul de 1986 a 2014. É membro do Grupo Prerrogativas.

Fonte: Wikipedia (Português)

Modernidade Tupiniquim

Inquestionavelmente, o Brasil produz “pérolas” que não se encontram em nenhuma outra nação do planeta. É provável que algumas delas tenham coisas semelhantes, mas na quantidade que o Brasil produz, não existe similar.

Uma das “jabuticabas” que a safra é abundante e não tem como exportar chama-se “podre de direita(1). Como se não bastasse, a recente tragédia nacional da polarização política contaminou todas as editorias. É provável que a maldição das redes sociais rasteiras seja mais uma destas pérolas.

Enfim, a modernidade tupiniquim contaminou, mortalmente, as editorias de política, futebol, religião, tecnologia e todas outras. É impossível falar de qualquer coisa sem que a lógica binária da polarização não entre em ação.

Por exemplo, um grupo de Whatsapp do condomínio ou do bairro que apresenta um problema comum como sinal de Internet. Certamente, ter Internet ou TV a cabo era uma modernidade que há 40 anos atrás era privilégio de poucos. Contudo, se aparece o problema nos grupos, imediatamente aparecem os defensores da privatização com exemplos de décadas atrás.

Pelo panorama das redes sociais, a modernidade dos neurônios tupiniquins, sem dúvida, não acompanha a modernidade tecnológica.

Modernidade e Apartheid Social (modo lúdico !)

Com toda a certeza, brasileiros dos 8 aos 80 anos acostumaram-se àquilo que os pais determinaram para eles. Podemos explicar, analogamente a uma questão como a religião, para entendimento geral. Absolutamente, uma criança nasce ateu, os pais ou o meio é que as torna fanáticos, ou não por religiões, “mitos” e crendices.

Desse modo, como sempre reforço, ao se misturar política, futebol e religião numa discussão, pratica-se a estultice plena. Surpreendentemente – pode parecer um trauma que possuo -, o mês de dezembro expõe a hipocrisia e eleva a ignorância e irracionalidade coletiva.

Vivemos num mundo onde a modernidade ampla provoca o aumento das diferenças e o hedonismo prevalece. Desse modo, temos que ser assertivos e fazer uma abordagem em uma linguagem que atenda todas as faixas etárias, #taoquei?

Segregação

Ei “abiguinho“, como diria o Datena, vou te contar uma história sobre uma coisa chamada “apartheid social“.

Certamente, é uma palavra esquisita, mas é quando as pessoas não conseguem aproveitar as coisas legais da vida do mesmo jeito.

Imagine, por exemplo, que você tem um monte de brinquedos incríveis e até robôs super legais, além da Alexa. Agora, pensa que tem um amiguinho que mora bem pertinho de você, mas ele não pode brincar com esses brinquedos tão legais. Aliás, seu pai não deixa o pai dele nem compartilhar o link do Wi-Fi(*). Isso é mais ou menos como o apartheid social em plena modernidade e tecnologias abundantes.

A palavra “apartheid” veio lá da África do Sul, onde as pessoas dividiam-se pela cor da pele e raça. Algumas podiam brincar com os melhores brinquedos, enquanto outras não podiam. Hoje em dia, a gente não divide as pessoas somente pela cor da pele, mas pelo acesso às modernidades quando falamos de tecnologia.

Tecnologias

Vamos imaginar que a tecnologia é como uma caixa de tesouros cheia de coisas incríveis. Tem jogos, histórias mágicas, e até mesmo escolas e ensino à distância (EaD) onde dá pra aprender muita coisa. Só que, sabe, nem todo mundo consegue abrir essa caixa do tesouro da mesma maneira.

Desse modo, algumas pessoas, inclusive as crianças, recebem tratamento e educação completamente diferentes. Enquanto alguns têm computadores e celulares legais em casa, outros só possuem acesso nas escolas ou no trabalho. Iniciativas de universalização da Internet e acesso a estas modernidades são mais excludentes do que inclusivas.

Se algumas crianças jogam, aprendem, e se divertem muito com cada modernidade que têm acesso, outras sequer sabem o que significa. As crianças que não têm essas modernidades, então acabam ficando meio longe desse mundo de tesouros e conhecimento(2). A mesma tecnologia que deveria promover o equilíbrio, provoca a segregação.

E aí aparece um adulto, daqueles que sempre se beneficiou de muitos privilégios, e fala:

Hoje em dia até o mendigo tem um celular, ele esconde o celular, mas o Brasil só tem isso por conta da privatização.

Em suma, é este o discurso falacioso que terá seu compartilhamento milhões de vezes mais do que parte da realidade tupiniquim.

Abismo

Desse modo, as próprias redes sociais aumentam as diferenças, num jeito meio injusto de dividir as oportunidades de acesso.

Como disse o jurista Lenio Streck, o atraso é para a maioria e os benefícios para uma minoria, e o abismo fica mais fundo.

O Brasil pode se considerar o país-nação onde os falaciosos são os capitães-do-mato das oligarquias. Onde, com toda a certeza, pobres de direita batem no peito e se dizem apoiadores do fascismo e até do nazismo. Pobres coitados que sem apresentam como cultos e que não apresentam o mínimo constrangimento ao se declararem de direita. Mal sabem o que é direita, comunismo, revolução, mas tiveram a criação para adorarem “mitos” e ídolos de barro.

Como se não bastasse, existe o outro lado da moeda. Uma grande parte daqueles, nas redes sociais, que só compartilham as coisas sem terem opinião, aumentam a polarização estéril. E, assim sendo, as redes sociais ficam como na frase de Nelson Rodrigues sobre a vitória dos ignorantes sobre quem tenta elevar o debate.

Redes Sociais

Em suma, as redes sociais são a pura segregação com seus grupos e guetos tecnológicos. Em outras palavras, só alguns amiguinhos podem brincar com os carrinhos de controle remoto enquanto outros ficam só olhando de longe. E se ousarem entrar na brincadeira, sofrem bloqueio ou outra modernidade qualquer como bullying, stalk, assédio etc.

Atualmente, a modernidade permite que algumas crianças aproveitem de tudo, enquanto outras ficam no isolamento ou de castigo.

No Brasil, mesmo que a tecnologia esteja disponível para todos, nem todos conseguem aproveitar do mesmo jeito e a segregação impera.

A tarefa de compartilhar o conhecimento, para que todos tenham a chance de explorar um mundo novo, é ingrata e cruel. Os ignorantes sempre terão a modernidade e suas falácias com disseminação mais ampla.

O debate sobre qualquer assunto transformou-se, no Brasil especialmente, num Fla-Flu de imbecilidades sem fim.

Jabuticabas

As jabuticabas não passam de surgir. A guerra entre palestinos e israelenses ganhou apoiadores improváveis. Os cristãos neopentecostais tupiniquins colocam a bandeira de Israel nos seus templos e defendem a morte dos inimigos do judaísmo. Como se não bastasse, vão para as redes sociais defenderem o proselitismo contra mulçumanos.

Mal sabem eles que a história das religiões, neste caso judaísmo, islamismo e cristianismo, nunca os colocou no mesmo lado. Esta guerra santa existe desde que seus livros sagrados contêm dogmas e ensinamentos irreconciliáveis. Contudo, a maioria das pessoas no Brasil não tem a mínima preparação para o debate, mas adora criar e compartilhar jabuticabas.

O apartheid social e digital são problemas graves, que prejudicam não só as pessoas que sofrem com ele, mas toda a sociedade. Geram  injustiça, violação de direitos humanos, conflitos, ódio, intolerância e inúmeras outras mazelas. Impedem, inquestionavelmente, que o Brasil seja um país mais democrático, igualitário e solidário.

Podemos evoluir, por exemplo, denunciando o racismo, o preconceito, a discriminação, a violência, etc. Nós podemos fazer isso, por exemplo, exigindo que o estado garanta os direitos de todos, sem distinção. Que o Estado invista em políticas públicas que reduzam as desigualdades e promovam a inclusão social. Podemos, outrossim, respeitar, valorizar e conviver com as pessoas que são diferentes de nós, e reconhecer que elas têm os mesmos direitos e deveres.

Definitivamente, o Brasil é o país daqueles que se orgulham do “… não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe…”

Será que poderemos, afinal, dizer que estamos tentando usar a modernidade das tecnologias para evoluirmos ou estamos do lado do opressor(3)?

Sai dessa bolha que “Amanhã tem mais …

P. S.

(*) As redes sociais ou plataformas de mensagens instantâneas e curtas são a cara de uma sociedade do atraso, preconceituosa e segregacionista.

(1) “O Pobre de Direita no Brasil

(2) “Entre sem bater – John Locke – O Conhecimento

(3) “Entre sem bater – Desmond Tutu – Lado do Opressor

 

Imagem: Entre sem Bater – Lenio Streck – Modernidade Tupiniquim 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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