Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. É provável que nenhuma rede social tenha alguma pauta sobre qualquer “Discussão Filosófica“, Slavoj Žižek, perdeu, nós perdemos !
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente. Uma adaptação textual, com redução, pode ter publicação em sites e outros blogs, como o “Recanto das Letras“.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Slavoj Žižek
Raramente, os não iniciados em filosofia têm acesso aos trabalhos de autores e estudiosos, como Slavoj Žižek. Desse modo, é natural que a aridez do tema, que envolve discussões filosóficas, e o desconhecimento sobre o autor afastem muitas pessoas. No entanto, se alguns poucos se dedicarem a compreender as frases do pensador esloveno, estaremos avançando. É provável que muitos até se arrisquem a participar de debates com um pouco mais de qualificação.
Slavoj Žižek, nascido em 21 de março de 1949 na Liubliana, Iugoslávia – agora na Eslovênia – é um filósofo, teórico cultural e intelectual público. Ele é diretor internacional do Instituto Birkbeck de Humanidades da Universidade de Londres. Professor visitante na Universidade de Nova York e pesquisador sênior da Universidade de Ljubljana. Ele trabalha principalmente em filosofia continental (particularmente hegelianismo, psicanálise, marxismo) e teoria política, bem como crítica de cinema e teologia.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Discussão Filosófica
No cenário contemporâneo, as redes sociais emergiram como espaços vitais para a expressão humana. Desse modo, a maneira como nos comunicamos, interagimos e, notavelmente, discutimos mudou significativamente. Contudo, a superficialidade das redes sociais, aplicativos e plataformas relegam as questões filosóficas a um papel insignificante.
Como se não bastasse, qualquer grupo cujo tema principal seja a filosofia entrou na onda do “… escrever pouco e não refletir sobre nada…“. Dessa forma, quem atua, como eu faço, nesses grupos, tem a certeza de que o terror da ignorância(1) está vencendo.
Reflexões Filosóficas
Neste contexto, nos deparamos, surpreendentemente, com ao menos uma dualidade intrigante. Por um lado, as redes sociais proporcionam uma conectividade global sem precedentes e que só cresce. Por outro lado, essas redes constroem barreiras para qualquer discussão filosófica com pouca profundidade.
A referência geral da discussão filosófica é, conforme Slavoj Žižek, o mundo triangular: mundo-linguagem-sujeito.
Este paradigma, pretensamente tradicional, há muito orienta a investigação filosófica, mas não prevalece no mundo digital das redes sociais. A natureza efêmera das interações online e a multiplicidade de vozes geram mais ruído do que conhecimento.
Neste contexto de evolução, questiona-se o papel da filosofia para se adaptar e florescer nas redes sociais. Surpreendentemente, até portais da Internet dizem que o curso superior de filosofia é inútil ou que filósofos estão em extinção.
Por isso, o que deveria ser o ponto de partida para uma discussão filosófica está em vertigem. Certamente, o mundo, a linguagem e as pessoas, surpreendentemente, estão separados pelas ferramentas e as tecnologias atuais.
Mundo-Linguagem-Sujeito
Em primeiro lugar, ao mergulhar nas águas tumultuadas deste vasto oceano digital, é inevitável um questionamento principal.
Sendo as redes sociais um reflexo do mundo, da linguagem e dos sujeitos, e em meio a tantas loucuras, é possível vislumbrar alguma evolução?
Em uma discussão filosófica ideal, seria fundamental compreender as redes sociais como um espelho tortuoso da sociedade(2).
Os debates calorosos, a disseminação veloz de informações e a multiplicidade de vozes expõem as complexidades do tecido social. No entanto, é nesse espaço virtual que a linguagem assume um papel peculiar. As palavras, surgem de impulsos momentâneos, sem nenhuma qualidade de reflexão e contextualização.
A falsa urgência de uma resposta imediata desafia a profundidade do pensamento, a reflexão e a pretensa riqueza da linguagem.
Falsos Sujeitos
Nesse cenário, os sujeitos tornam-se fragmentados, superficiais, falsos e sem nenhuma identidade, só aparências. A identidade digital certamente difere da identidade off-line, gerando uma dicotomia entre a realidade e a representação virtual.
O eu, desmembrado em avatares e perfis, enfrenta o desafio de se expressar em 280 caracteres ou em uma breve legenda. A noção de autenticidade tem poucos questionamentos, enquanto os sujeitos constroem narrativas sobre si mesmos. Como se não bastasse, na maioria dos casos nem sempre refletem a sua complexidade interior.
Estes falsos sujeitos cometem loucuras que, de forma irresponsável e até criminosa, ganham adeptos e defensores.
Loucuras Diárias
As loucuras que testemunhamos nas redes sociais não são meramente manifestações únicas. São, inequivocamente, sintomas de uma sociedade em constante transformação, para pior.
A polarização de opiniões, a propagação de desinformação e o surgimento de bolhas sociais virtuais são reflexos de conflitos reais.
Nesse contexto, a discussão filosófica deveria lançar luz sobre a necessidade de um diálogo que vá além das superfícies digitais.
No entanto, a questão central reside na possibilidade de evolução em meio a essa loucura e do caos transparente.
Situações em que uma fake news aparece nas redes sociais e têm milhões de visualizações e comentários (Caso Choquei(*)) é uma doença incurável. Destarte, quem entende que é “normal” este tipo de loucura diária, não passa de gente doente.
Tem Solução?
A filosofia, como ferramenta de análise crítica, pode desempenhar um papel crucial, inclusive num mundo digital.
Ao invés de sucumbir às loucuras das redes sociais, é possível utilizá-las como um campo de experimentação para a construção de algo novo. Contudo, a evolução não se manifesta apenas mudando tecnologias, mas transformando os sujeitos que as habitam. A consciência de que as novas linguagens virtuais têm o poder de construir e destruir, de unir e dividir, é o primeiro passo. É provável que seja essencial, se quisermos abordagens diferentes e reflexivas, alguma ruptura de cada indivíduo.
A forma como as coisas estão se sucedendo não indicam este caminho. Cada vez mais, grupos, bolhas e outras degenerações desviam qualquer possibilidade de uma discussão filosófica mínima. Por isso, nos deparamos com grupos e indivíduos que se dizem politizadores mas não passam de picaretas ou manipuladores.
Em suma, não importa a editoria (política, futebol, religião, ciência etc.), todos têm pressa e querem ter razão, ouvem pouco e compartilham muito. Com toda a certeza, cada um quer apresentar sua solução, mas ninguém quer fazer uma discussão filosófica, nem mesmo sobre a opiniões prontas(3). Chegamos a um ponto que que o “… não me interessa sua opinião, eu já tenho uma para chamar de minha…” é o lema de todos.
Mesa de bar
Anteriormente, muitas ideias e até mesmo discussões filosóficas tinham espaço numa mesa de bar. Os debates iam, algumas vezes, além do racional, mais pelo teor alcóolico do que pelas opiniões. Atualmente, até a mesa de bar perdeu seu glamour, ganhou QR Code(4) e mentes vazias.
A busca pela compreensão e a valorização do diálogo deveria transcender as limitações impostas pelos algoritmos e pelos compartilhamentos fugazes. #SQN
A filosofia oferece, sem dúvida, uma visão crítica sobre a própria estrutura das redes sociais.
Questões como a privacidade, o poder das grandes corporações digitais e o constante escrutínio social merecem análises filosóficas reais. A conscientização desses desafios pode orientar a busca por soluções que promovam uma convivência mais saudável e ética.
Podemos afirmar, enfim, que as redes sociais são um microcosmo da complexidade humana que explodiu sem controle. Certamente, muito além de uma mesa de bar, o mundo tornou-se um espaço onde as loucuras e as potencialidades humanas coexistem.
Os Opositores
A evolução que muitos almejam não está num horizonte próximo, mas é possível que apareça raramente, aqui e ali, em bolhas. Depende, fundamentalmente, da capacidade dos sujeitos de transcender as superficialidades e compartilhamentos que fazem. Desse modo, se muitos se esforçarem para utilizar a linguagem de forma consciente, pode ser o primeiro passo. Se, por outro lado, também entenderem e se engajarem em algum tipo de discussão filosófica que ultrapasse as fronteiras virtuais, é um avanço.
Em um mundo, com hiperconexões de altíssima velocidade, a verdadeira evolução reside na habilidade de construir pontes entre pessoas. Por isso, é necessário compreender as diferenças e provocar, até a exaustão, a discussão filosófica, em meio ao tumulto das redes sociais. É compreensível que muitas pessoas, especialmente os estultos que não lerão este texto até esta linha se oponham e combatam o mensageiro. Estes defensores da ignorância buscam desprezar a mensagem porque não possuem qualificação para o debate. São aqueles ignorantes que preferem uma dancinha, áudios curtos, textos com menos de 280 caracteres.
Toda e qualquer discussão filosófica ou debate civilizatório é mais do que necessário neste momento de transição da nossa sociedade.
“Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Quem não ficou sabendo do caso, é melhor continuar sem saber. Desse modo, não coloco nem link para não dar “ibope” para criminosos.
(1) “Entre sem bater – Isaac Asimov – A Sua Ignorância”
(2) “Entre sem bater – Jean-Jacques Rousseau – Sociedade Civil”
(3) “Entre Sem bater – Napoleon Hill – Opiniões Prontas”
(4) “QR Code – Wikipedia”
Imagem: Entre sem Bater – Slavoj Žižek – Discussão Filosófica
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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