Entre Sem Bater - Søren Kierkegaard - Liberdade de Pensamento

Entre Sem Bater – Søren Kierkegaard – Liberdade de Pensamento

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Inquestionavelmente, a “Liberdade do Pensamento” deve se apresentar muito antes de qualquer pessoa se expressar, como disse, Søren Kierkegaard .

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Søren Kierkegaard

Com toda a certeza, alguns assuntos e temas apresentam uma aridez natural para qualquer debate. Como se não bastasse, a maioria deles não tem espaço nas redes sociais da atualidade. Desse modo, alguém como Kierkegaard sofreria ataques ferozes de haters, coaches e influenciadores.

Søren Aabye Kierkegaard ( 5 de maio de 1813 – 11 de novembro de 1855) foi um teólogo, filósofo, poeta, crítico social e autor religioso dinamarquês existencialista. Ele escreveu textos críticos sobre religião organizada, cristianismo, moralidade, ética, psicologia e filosofia da religião, demonstrando gosto por metáforas, ironias e parábolas. Grande parte do seu trabalho filosófico trata das questões de como alguém vive como um “indivíduo único”, dando prioridade à realidade humana concreta sobre o pensamento abstrato e destacando a importância da escolha e do compromisso pessoal. Ele era contra os críticos literários que definia idealistas de seu tempo. Ele foi extremamente crítico da doutrina e prática do Cristianismo como uma religião controlada pelo Estado (Cesaropapismo) como a Igreja da Dinamarca. Seu trabalho psicológico explorou as emoções e sentimentos dos indivíduos diante das escolhas de vida. Em oposição a Jean-Paul Sartre e ao paradigma do existencialismo ateísta, Kierkegaard concentrou-se no existencialismo cristão.

Fonte: Wikipedia (inglês)

O Pensamento

Atualmente, desmascarar aqueles que são contrários à liberdade de pensamento e de expressão não é fácil. As narrativas(1), por mais absurdas e inomináveis que sejam, dominam mentes e corações, limitando qualquer capacidade de reflexão.

Desta forma, assim como já destacamos, a palavra pensamento tem muitas acepções e quando associamos com liberdade, torna-se mais interessante. Senão vejamos algumas abordagens para o tema que alguns lexicográficos apresentam.

Existem, sem dúvida, dezenas de sinônimos para ao menos uma dúzia de aplicações do termo-frase deste texto. Entretanto, destacamos aquele que parece ser o de maior importância: a capacidade de pensar. É provável que existam pessoas que vão afirmar que alguns outros não possuem essa capacidade. Por outro lado, ao ler este texto integralmente, um ou outro leitor dirá que o texto é paradoxal e confunde as pessoas. Surpreendentemente, é exatamente esta posição que propomos na trilha “Entre Sem Bater”, mostrar às pessoas que isso é avançar.

Pensamento, desse modo, diz respeito a:

  • Compreensão,
  • Conhecimento,
  • Consciência,
  • Discernimento,
  • Inteligência,
  • Raciocínio,
  • Senso.

Com toda a certeza, as pessoas possuem todas as qualificações e capacidade de pensar, mas podem não ter a liberdade de fazê-lo. É provável que vários fatores que podem obnubilar este comportamento, um deles, o mais deplorável, é a preguiça mental(2).

Liberdade de Pensamento

As redes sociais, inquestionavelmente, colocaram a liberdade de pensamento em xeque e refém de modismos e falácias. Embora a criação destas plataformas objetivem a interação e troca de ideias, todas sofrem severas restrições nas bolhas e grupos. A natureza desses espaços virtuais privilegia uma série de fenômenos que  limitam a capacidade de reflexão das pessoas. Desse modo, ao invés de expandir os horizontes intelectuais e cognitivos dos que participam das redes sociais, as limitações imperam.

Um dos fatores mais críticos para esse cerceamento do pensamento é a influência de indivíduos sem qualificação. A maioria destes indivíduos ganham notoriedade por sua capacidade de gerar engajamento e retorno monetário. Desta forma, sua incompetência ou desconhecimento sobre os assuntos que eles  abordam se escondem atrás de mentiras. Influenciadores e subcelebridades, frequentemente, emitem opiniões superficiais ou cheias de meias-verdades, que se disseminam e ganham o mundo. Depois que ganharam compartilhamentos acríticos, de seus seguidores e fãs , mesmo que seja uma mentira, não tem retorno. . Esse fenômeno cria bolhas temáticas onde a desinformação e os mitos crescem, e o contraditório desaparece.

Como se não bastasse, a preguiça mental dos seguidores e fãs contribui significativamente para esse cenário caótico e servil. A facilidade de acesso à informação rápida e de fácil digestão nas redes sociais desestimula o esforço necessário para qualquer reflexão.

Segunda Mão

Em vez de buscar fontes confiáveis e de mergulhar em leituras mais complexas, a maioria prefere consumir opinião de segunda mão(3). Assim sendo, essa atitude contribui para a formação de opiniões rasas e sem fundamento, que raramente sofrem questionamentos. Adicionalmente, se algum seguidor ou fã receber questionamentos, nenhum debate prossegue e não existem réplicas e tréplicas.

Outro aspecto relevante é a resistência a opiniões contrárias, numa forma de escravidão mental irreversível. As redes sociais têm algoritmos especiais para promover o conteúdo que agrada a cada perfil. . Desta forma, cria-se um ambiente onde se reforçam os próprios preconceitos e ideias. Algoritmos simples selecionam e exibem informações com base nos interesses e comportamentos anteriores de cada pessoa nas redes. E, como num passe de mágica, surgem “bolhas” do pensamento homogêneo e de opiniões sem contraditório.

Isso limita, sem dúvida, o contato com perspectivas diferentes e impede que as pessoas se confrontem com opiniões divergentes.

Diversionismo

Temas complexos, como os que Kierkegaard estudou, debateu e criticou, não passam em nenhum filtro de ideologias nas redes sociais. Por outro lado, podemos dizer que debates neste sentido estão presentes somente em pequenos grupos com restrições. Evita-se, frequentemente, estes temas nos grupos e redes sociais, de forma hipócrita e cínica.

Enfim, a preferência pelo entretenimento rápido, diversionismo e pelas informações simplórias faz com que assuntos inteligentes sofram marginalização.  Questões políticas, científicas e filosóficas, que exigem uma análise crítica, perdem espaço para conteúdos triviais e superficiais.

Esses fatores combinados levam a um ambiente onde a liberdade de pensamento sofre extensas restrições. A comodidade das redes sociais e a busca por aceitação social promovem uma conformidade intelectual que desestimula o pensamento crítico. Os usuários adotam  opiniões populares e evitam conflitos, resultando em uma homogeneização das ideias e na diminuição da capacidade cognitiva. A aceitação e o reconhecimento dentro da comunidade virtual tornam-se mais importantes do que a busca pela verdade e pelo conhecimento. E, surpreendentemente, qualquer desobediência(4) a regras de limites arbitrários promove punições e isolamento.

Atualmente, o livre pensar e o pensamento crítico são uma espécie de crime inafiançável nas redes sociais.

Pensamento Crítico

O pensamento crítico merece um destaque na temática em curso, pois traz uma série de benefícios, tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Aqui estão alguns deles:

  1. Melhora a Tomada de Decisão: O pensamento crítico ajuda a analisar informações de maneira objetiva e lógica, proporcionando decisões mais informadas e eficazes.
  2. Promove a Independência do Pensamento: Ao questionar ideias e suposições, o pensamento crítico promove a independência de pensamento e a autoconfiança.
  3. Aprimora as Habilidades de Resolução de Problemas: O pensamento crítico envolve a identificação e análise de problemas, o que melhora a qualidade das soluções.
  4. Fomenta a Criatividade: Ao questionar o status quo e explorar diferentes perspectivas, o pensamento crítico pode levar a ideias e soluções criativas.
  5. Aumenta a Compreensão: O pensamento crítico envolve a análise profunda de ideias e argumentos, o que pode levar a uma melhor compreensão dos tópicos.

Portanto, o pensamento crítico é uma habilidade valiosa que pode trazer muitos benefícios em várias áreas da vida. É uma ferramenta poderosa para a aprendizagem, a inovação e a liderança. Infelizmente, a maioria das pessoas, com tática de sobrevivência, não pensa e não exerce suas liberdades de pensamento e expressão.

Enfim, as redes sociais, ao invés de ampliarem o conhecimento e a consciência funcionam como barreiras para a reflexão. A influência de figuras sem qualificação, a preguiça mental, e a marginalização de temas complexos formam uma sociedade em involução. A preguiça mental atrasa o desenvolvimento do pensamento crítico, impedindo que os indivíduos se desafiem e se engajem em processos intelectuais. A superação desses obstáculos exige muito mais do que boa vontade e abertura ao debate. Desse modo, estamos, mesmo com a mais alta tecnologia, longe de termos um ambiente onde a liberdade de pensamento possa florescer.

 

 Amanhã tem mais …

P. S.

(*) Kierkegaard viveu tempos em que somente os que estudavam muito tinham a coragem de contrapor dogmas e crenças. Com toda a certeza, ter um pensamento crítico naquele tempo podia o levar até uma guilhotina ou fogueira de cristãos.

(1) “Entre Sem Bater – Bernardin de St. Pierre – As Narrativas

(2) “Entre Sem Bater – Liz Hurley – Preguiça Mental

(3) “Entre Sem Bater – Mark Twain – Segunda Mão

(4) “Entre Sem Bater – Henry David Thoreau – A Desobediência

 

Imagem: Entre sem Bater – Søren Kierkegaard – Liberdade de Pensamento 

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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