Entre Sem Bater - Nelma Kodama - A Doleira Fora da Lei

Entre Sem Bater – Nelma Kodama – A Doleira Fora da Lei

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Quem é Nelma Kodama? Apenas alguém “Fora da Lei“, quase anônima, que vai ganhar mais notoriedade depois de um documentário.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Nelma Kodama

Este negócio de nomes diferentes, não raramente, provoca saias justas e confusões. Por exemplo, trabalhei com uma pessoa de sobrenome Mitsue e outra Kodama, este último, uma família famosa no Brasil. Só de pensar em perguntar a qualquer destes colegas se conhecem a Nelma, ou se são parentes, já causaria constrangimentos. Por outro lado, a notoriedade da personagem atinge um novo patamar com o documentário Netflix(*), e a curiosidade aumenta.

Surpreendentemente, é impressionante como muitas pessoas admiram criminosos. E, como se não bastasse, quando uma fora da lei, como Nelma Kodama, ganha um documentário a audiência sobe aos céus. E assusta quando a ré e criminosa diz que é fora da lei, o obscurantismo e fanatismo da patuleia ganha as redes sociais.

Nelma Mitsue Penasso Kodama (Taubaté, 12 de outubro de 1966) é uma empresária brasileira. Descendente de italianos e japoneses, ficou conhecida ao tentar embarcar com 200 mil euros no aeroporto de Guarulhos, sendo presa em flagrante pela Polícia Federal. Nelma foi investigada, presa e condenada no esquema da Petrobras, pela força-tarefa do Ministério Público Federal, na Operação Lava Jato. Em 20 de junho de 2016 foi solta, passando para prisão domiciliar após firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

Fonte: Wikipédia (português)

Fora da Lei

O que dizer de uma mulher que se assume fora da lei, inclusive num documentário que faz do crime um glamour?

É provável que a maioria das pessoas não se dê conta da história desta personagem. A primeira mulher que foi para o xilindró na operação que mudou o país e que tem seus efeitos e defeitos até nos dias atuais. Certamente, uma imensa maioria dos experts em redes sociais sequer vai se lembrar quem foi esta personagem e de sua história. Outrossim, nem as acusações recentes da ex-doleira são do amplo conhecimento dos perfis de redes sociais.

Doleira Criminosa

No Brasil, a atividade de doleiro, ou operador de câmbio ilegal, é um crime que impacta significativamente a economia e a sociedade. Este tipo de operação envolve a compra e venda de moeda estrangeira sem a devida autorização das autoridades competentes. Assim sendo, existe a facilitação de uma série de atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro, a sonegação de impostos e a evasão de divisas.

A Doleira do Brasil

Nelma Kodama era como uma estranha no ninho; sua história, conforme narrativa do documentário, é muito peculiar. Os depoimentos de quem a conheceu, antes e depois da fase de fora da lei, são antagônicos e curiosos.

No Brasil, a atividade de doleiro é ilegal, principalmente por sua associação com a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal. Os doleiros operam, inegavelmente, à margem do sistema financeiro oficial ou de regras fiscais legais. Eles utilizam, sem dúvida, mecanismos como empresas de fachada, contas em paraísos fiscais e contratos fraudulentos. Desse modo, movimentam grandes somas de dinheiro sem que estas transações apareçam para as autoridades monetárias.

Os Crimes

A criminalização da atividade de doleiro apresenta-se  pode ter uma tipificação quando temos, por exemplo:

  1. Lavagem de Dinheiro: Os doleiros atuam para “limpar” dinheiro proveniente de atividades criminosas, como tráfico de drogas, corrupção e outras ações do crime. Ao converter reais em dólares ou outras moedas estrangeiras sem passar pelos canais oficiais, eles ocultam a origem ilícita desses recursos.
  2. Evasão Fiscal: A atuação dos doleiros no sistema financeiro, inclusive internacional, facilita a sonegação de impostos. Desta forma, grandes quantias de dinheiro trocam de mãos sem o conhecimento das autoridades fiscais. Por isso, ocorrem perdas significativas de receita para o governo, prejudicando a capacidade do Estado de investir em serviços públicos.
  3. Instabilidade da Economia(1): A atividade de doleiro pode desestabilizar a economia, pois cria um mercado paralelo de câmbio que escapa ao controle do Banco Central. Isso pode levar a flutuações cambiais imprevisíveis e a uma maior vulnerabilidade econômica.
  4. Corrupção: Doleiros muitas vezes atuam como intermediários em esquemas de corrupção. Desse modo, torna-se mais fácil o pagamento de propinas e a movimentação de recursos de contratos públicos.

O Doleiro em Outros Países

A figura nefasta do doleiro não é exclusiva do Brasil. Em outros países, especialmente aqueles com economias emergentes ou frágeis,  existem atividades similares. Desse modo, os motivos para a criminalização dessas práticas fora da lei são muitas vezes semelhantes.

Temos, por exemplo, mudanças de perspectivas, nomenclaturas e pormenores em alguns países como:

  1. Estados Unidos: Nos EUA, os “money transmitters” sem licença, operam à margem da autorização das autoridades federais e estaduais. Eles, frequentemente e ilegalmente, facilitam a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal. A legislação estadunidense é rigorosa e prevê penas severas para aqueles que se envolvem em tais atividades.
  2. México: No México, a atividade de cambistas ilegais tem ligações íntimas com o tráfico de drogas e organizações criminosas. Os cartéis utilizam esses operadores para movimentar dinheiro sujo através das fronteiras. Assim sendo, dificultam e complicam os esforços das autoridades para rastrear e confiscar os lucros do tráfico de drogas.
  3. Índia: Na Índia, a atividade conhecida como “hawala” é um sistema de transferência informal de dinheiro que opera paralelamente ao sistema bancário oficial. Embora tenha raízes históricas e culturais, o “hawala” atua, frequentemente, na lavagem de dinheiro e na evasão fiscal. Contudo, a maioria das medidas rigorosas contra os operadores ilegais não consegue o efeito moralizante necessário.
  4. Nigéria: Na Nigéria, os cambistas ilegais recebem a denominação de “abokis“. Eles operam em mercados paralelos e são uma resposta à escassez de moeda estrangeira nos canais oficiais. A atividade dos “abokis” contribui para a instabilidade econômica e a depreciação da moeda local de maneira dramática naquela nação.

Colarinho Branco

Uma frase chama atenção no documentário sobre um pequeno pedaço da vida de Nelma, a fora da lei.

“… Não é atoa que se chama crime do colarinho branco. Você sempre pode parecer mais limpo do que é …”

As atividades e os processos que utilizam doleiros, como os relatos da Nelma, são fora da lei, criminosos e imorais. É ultrajante vermos um documentário como o supracitado e identificar que ainda existem pessoas a idolatrar criminosos. É provável que estes fãs tenham práticas criminosas semelhantes, só que sem o sucesso que apresenta-se na mídia.

Tim Maia tinha razão quando disse algo sobre o pobre de direita(2) e outros sevandijas como doleiros e cafetões, à serviço das oligarquias.

Infelizmente, a atividade de doleiro é uma prática criminosa que vai além das fronteiras brasileiras, manifestando-se de diversas formas no planeta. A criminalização desta prática é essencial para a proteção da economia e da sociedade, embora muitos sonhem em ser parte do crime. Combater essa atividade requer um esforço e coordenação entre as autoridades nacionais e internacionais, bem como a implementação de políticas robustas de controle e fiscalização. A conscientização pública sobre os impactos negativos dessa prática também é crucial para reduzir sua prevalência.

E, como se não bastasse, o que antes chamava dólar-cabo, agora cedeu espaço para criptomoedas e outros mecanismos semelhantes. E impressiona quando vemos alguma figura “top voice” em rede social defender que ser fora da lei é importante. Em suma, parece que estamos vivendo em uma nação onde o errado é que é o certo, como diria o filósofo Kafunga.

Nelma Kodama pode até ser descendente de japoneses no sangue, mas, definitivamente, desonra a cultura do guerreiro samurai(3).

Enfim, os tempos modernos e os canais digitais com as criptomoedas petrificaram a transferência de dinheiro sem dinheiro tradicional. #MAKTUB !

 

 Amanhã tem mais …

P. S.

(*)  O documentário Netflix inclui a mais recente acusação e processo criminal que a fora da lei acumula. Enquanto tenta obter absolvição das condenações da Operação Lava Jato tem o currículo maior que mostra o Wikipedia.

(1) “Entre Sem Bater – Maria da Conceição Tavares – A Falácia da Economia

(2) “Pobre de Direita no Brasil

(3) “As Sete Virtudes do Bushido – Parte 1

 

Imagem: Entre sem Bater – Nelma Kodama– A Doleira Fora da Lei

Nota do Autor

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