Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Trump até pode ganhar as eleições de 2024 nos EUA, mas sua ideia sobre “Perdedores” e vencedores será sempre um grande equívoco.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Donald Trump
O ex-presidente estadunidense, certamente, é um mentiroso(1). Embora ela tenha este e muitos outros defeitos, muitas pessoas gostam dele; porque ele verbaliza aquilo que estas pessoas pensam. Em suma, se uma pessoa, político ou não, fala mentiras e outras apoiam, é porque estão no mesmo nível de desqualificação. Este texto usa um pensamento que é uma espécie de sincericídio, e é provável que seja um sentimento real. O que impressiona é o fato de que muitos destes pensamentos abomináveis(*) repetem-se em outros políticos igualmente execráveis.
Donald John Trump (nascido em 14 de junho de 1946) é um político americano, personalidade da mídia e empresário que serviu como o 45º presidente dos Estados Unidos de 2017 a 2021. Trump é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade da Pensilvânia. Seu pai o nomeou presidente de seu negócio imobiliário em 1971. Trump o renomeou para Trump Organization e reorientou a empresa para a construção e reforma de arranha-céus, hotéis, cassinos e campos de golfe. Após uma série de fracassos empresariais no final do século XX, ele lançou empreendimentos paralelos bem-sucedidos, principalmente licenciando o nome Trump. De 2004 a 2015, ele coproduziu e apresentou o reality show The Apprentice. Ele e seus negócios foram demandantes ou réus em mais de 4.000 ações judiciais, incluindo seis falências empresariais. Ele foi o único presidente dos EUA sem experiência militar ou governamental anterior. Muitos de seus comentários e ações são e sempre foram caracterizados como racialmente carregados, racistas e misóginos.
Fonte: Wikipedia (inglês)
Os Perdedores
É impressionante como déspotas, perdedores ou não, se assemelham nos seus discursos e pensamentos. Com toda a certeza, alguns são piores do que os outros, e despejam toda a sua sinceridade para seus seguidores néscios sem limites. O debate entre Trump e Biden revelou que o déspota menos pior caducou na data de validade e mentalidade. Em outras palavras, o sujeito não consegue juntar o tico e o teco, não fala coisa com coisa.
Por outro lado, o seu opositor, Trump, que está na lista de mandatários perdedores com situação inédita, deita e rola na enganação(2).
A princípio, tenho algumas premissas que me orientam para não me perder no próprio discurso. Assim como a ideia de que é necessário mentir um pouco(3) para alinhar o próprio discurso pode parecer uma contradição. Entretanto, além de não ser contradição, é relevante utilizar de mentiras e depoimentos sinceros, até de gente estúpida como Trump. Desta forma, a ideia aqui é dizer que perdedores e vencedores não podem, em nenhuma hipótese, terem a classificação deste povo.
Quando um presidente faz uma fala de que não é coveiro e que não se importa com os que estão no cemitério, comete um crime. E quem aplaude, apoia ou até mesmo se cala ante este tipo de frase e comportamento é, analogamente, criminoso e sem honra.
Superficialidade
Em primeiro lugar, a superficialidade das redes sociais e a deturpação dos conceitos de vencedores e perdedores, na atualidade, merecem muita reflexão. Certamente, a utilização de termos e palavras evolui em todos os idiomas no mundo, até mesmo para o que não é gíria ou coloquialismo.
Trump, ao avaliar se visitaria um cemitério na França, ilustra claramente a visão turva dele sobre o valor humano e o sucesso. Essa percepção, com ampla reprodução nas redes sociais, redefine, atualmente, o que significa ser um “vencedor” ou “perdedor”.
As redes sociais, em sua essência, deveriam ser plataformas para a interação e compartilhamento de informações. No entanto, a forma como utilizamos essas plataformas nos leva a uma superficialidade extrema e cruel. Perfis mostram, cuidadosamente, apenas o melhor lado das vidas das pessoas. Como se não bastasse, fotos com retoques, conquistas questionáveis e vidas aparentemente perfeitas criam imagens irreais.
Essa superficialidade se torna perigosa quando começamos a julgar nosso próprio valor e o dos outros com base nessas aparências e filtros. A pressão para se conformar a esses padrões pode levar a sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão. Jovens, em particular, são vulneráveis a essa pressão, crescendo sem a mínima noção do que é ser parte dos vencedores e perdedores.
Deturpação Total
A frase de Trump reflete o senso comum na nossa sociedade: a ideia de que sucesso mede-se pelo status social, riqueza e poder. Aqueles que não alcançam esses critérios têm, frequentemente, a classificação de “perdedores”, e não são. Essa visão amplifica-se onde a vida de celebridades, influenciadores e figuras públicas é um “padrão” de sucesso.
Contudo, essa noção é profundamente falha, grotesca e bem a propósito da geração de hedonistas que dominam as redes sociais. Medir o valor de uma pessoa pelo seu sucesso externo degenera as qualidades intrínsecas que realmente importam. Atitudes como honra, integridade, bondade, e resiliência deveriam ser a principal referência. A verdadeira métrica de um vencedor deve considerar a capacidade de uma pessoa de superar adversidades. Além disso, as contribuições positivas para a sociedade como um todo, mesmo pretéritas, deveriam ter destaque e importância.
Percepção de Sucesso
As redes sociais exercem, atualmente, um papel central na forma como a opinião pública define os vencedores e os perdedores. Plataformas como Instagram, Tik Tok e Twitter estão sob domínio de figuras que exibem glamour e “verificações”, normalmente por pagamento. Influenciadores com milhões de seguidores parecem ter uma vida perfeita, com viagens constantes, eventos exclusivos e muita aparência sem conteúdo.
Essa exibição constante de riqueza e status cria verdadeiros ambientes falsos e muitas vezes segregacionistas. Usuários comuns, ao compararem suas vidas com essas imagens, podem sentir que não estão à altura e se frustram inutilmente. A necessidade de “likes” e “seguidores” se torna uma medida de sucesso, levando muitos a abandonarem seus verdadeiros desejos ou valores. Surpreendentemente, essas pessoas assumem o rótulo de perdedores, de forma imprópria.
O Papel das Figuras Proeminentes
Figuras proeminentes como políticos, celebridades, subcelebridades e influenciadores têm uma grande responsabilidade na formação da opinião pública. Quando essas figuras promovem a ideia de que o sucesso se mede pelo status, contribuem para a perpetuação dessa visão superficial. Desta forma, eles também têm o poder de redefinir esses conceitos, promovendo uma visão que seja mais racional. Entretanto, dificilmente, veremos estas pessoas pensando coletivamente ou em prol da sociedade e menos em si próprio.
Certamente, quando figuras públicas falam abertamente sobre suas lutas pessoais, falhas e vulnerabilidades, elas seguem um script. Em outras palavras, ao humanizar a própria experiência de vida reforçam a noção de que sucesso é sinônimo de perfeição. No caso de Trump, pode ser tudo, menos de que seja perfeição ou correção com atividades honestas e que demonstram honradez. No caso do clone tupiniquim do político estadunidense é muito pior pois a versão brasileira nunca trabalhou direito em nada.
Antagonismo
Por outro lado, o comportamento antagônico tem poucos representantes, que sofrem restrições e ataques em quantidade absurda. A reversão deste quadro é, inegavelmente, uma tarefa difícil de avançar e se reproduzir para fazer frente às mentiras e sandices. Desta forma, fica mais fácil as pessoas aceitarem-se como perdedores, que nunca foram ou serão.
Isso (a reversão) poderia encorajar as pessoas a uma cultura mais autêntica, sincera, inclusiva e compassiva. Desta forma, teríamos o valor humano com análise não apenas por conquistas externas, mas também por ações positivas para a coletividade. Enfim, é necessário muita cooperação e compreensão para redefinir esses conceitos e construir uma sociedade melhor. Vencedores e perdedores, com toda a certeza, não se definem pela popularidade momentânea, mas pelo que deixam de positivo para o futuro.
As ideias sinceras e como se expressam os vencedores e os perdedores, nem sempre, representam aquilo que cada povo merece. E, sinceramente, quem defende essas ideias de classificação dos perdedores e vencedores é muito pior do que seus ídolos e mitos.
“Amanhã tem mais …”
P. S.
(*) Trump promoveu e ainda promove teorias da conspiração e fez muitas declarações falsas e enganosas durante as suas campanhas. Suas mentiras para chegar à presidência foram e se apresentam num grau sem precedentes na política estadunidense.
(1) “Entre Sem Bater – Epicteto – Os Mentirosos“
(2) “Entre Sem Bater – Jacques Abbadie – Lei do Engano“
(3) “Entre Sem Bater – Adélia Prado – Mentir um Pouco“
Imagem: Entre sem bater – Donald Trump – Os Perdedores
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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