Entre Sem Bater - Eduardo Aliverti - "... só a Rataria ..."

Entre Sem Bater – Eduardo Aliverti – “… Só a Rataria …”

Entre sem Bater

Este é um texto da série “Entre sem bater” ( Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento de muitos, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Eduardo Aliverti viveu num país em que a “Rataria” mandou e desmandou durante anos, e ele tem qualificação para identificá-los.

Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.

As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.

Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.

Eduardo Aliverti

O jornalista e professor argentino é um capricorniano, como eu sou, talvez seja o motivo de identificação de muitas ideias. É provável que seja estranho para a maioria das pessoas, mas a frase do argentino tem tudo a ver com a nossa história hoje. Os brasileiros são, em sua maioria e notadamente após as redes sociais, experts no esquecimento e na memória curta. Contudo, a rataria a que se refere Aliverti é da mesma laia da rataria tupiniquim(*) que infesta o Brasil.

Eduardo Aliverti ( Buenos Aires, 3 de janeiro de 1956) é um renomado radialista, jornalista e professor argentino. Atualmente apresenta a Marca de Radio na Rádio La Red. É locutor institucional do AM 750, onde também é responsável pelo ConSagrados 750. Participou da fundação do jornal Página/12 e, desde então, é um de seus principais colunistas. Além disso, atua como professor da Oficina de Rádio do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Sociais da UBA. É também reitor da Escola Superior de Estudos de Rádio ( ETER ).

Fonte: Wikipedia (Espanhol)

Ratazanas

Escrevi, anteriormente, fora da série “Entre Sem Bater”, neste blog, texto sobre as ratazanas(1), rataria ou ratada, como queiram. É necessário esclarecer que os dicionários lusófonos tradicionais precisam incluir uma nova acepção do termo. Rataria não é, sem dúvida, somente uma quantidade excessiva de ratos ou uma ninhada pronta para roer tudo. A expressão que um general cheio de estrelas utilizou, pouco antes do final de 2022, determina que os dicionários carecem de atualização imediata. Este povo, que fica “.. atrás da mesa com o UC na mão“, tem seguidores piores do que eles próprios.

Sou, inquestionavelmente, um cidadão como o da música Faroeste Caboclo.

Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança, isso eu não faço, não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão

Trecho da letra de “Faroeste Caboclo” (Legião Urbana)

Trechos de música e até mesmo poesias dizem muito mais do que uma simples leitura. São como livros e filmes de não-ficção, a partir da realidade e das verdades de cada um. As pessoas são diferentes e seus “calos” são igualmente singulares, assim sendo, querer que todos tenham a mesma memória é impossível. A rataria vive e urde nos porões como se não houvesse amanhã, mas ainda estaremos aqui.

Rataria

“… Só a rataria …” é uma frase/expressão que apareceu num dos áudios que a Polícia Federal divulgou sobre o plano de golpe de Estado no Brasil. Com toda a certeza, somente ratazanas e pessoas que nem gente são, urdem nos porões contra a maioria dos cidadãos.

Do mesmo modo que acontece com mercenários que aceitam lutar batalhas que não são deles, esta rataria não tem escrúpulos. E, raramente, quem apoia as ações desta rataria não é a cara deles, a cara e o caráter. Aliás, estes que apoiam são covardes o suficiente para não por a cara ou manifestar como eles, estão aí, soltos nas redes sociais. A rataria unida se prolifera como os próprios mamíferos que lhes dão o adjetivo.

A Ratada

A rataria vive,

sem remorso, sem vergonha,

tece o caos na luz.

Quando se tem em mente um tema, e alguma leitura e vivência sobre ele, fica até fácil fazer poesias metafóricas, como o haicai acima.

A Metáfora dos Ratos

Nos seus áudios, repletos de implicações, um general utilizou a expressão “… só a rataria …” para caracterizar um grupo de pessoas. Certamente, ele conhece bem e são pessoas de sua confiança, prontos a cumprir ordens erradas. Embora à primeira vista a frase possa parecer desdenhosa, ela abre espaço para reflexões sobre democracia e representatividade. Como se não bastasse, setores desta rataria utilizam até a fé como ferramenta de manipulação de mentes(2).

A metáfora dos ratos, analogamente à sujeira, miséria e marginalidade, traz à tona uma verdade que recebe muito desprezo. Surpreendentemente, até os que vivem nas condições mais precárias, aqueles que simbolicamente se assemelham aos “ratos”, apoiam. Muitos dos que têm direito ao voto e elegem seus representantes, o fazem a partir de bases duvidosas ou sabidamente criminosas.

A democracia, para garantir o sufrágio universal, estende o poder de decisão a todas as classes sociais, incluindo os miseráveis. Esses indivíduos, sem acesso aos direitos básicos, encontram-se nas figuras populistas. Desse modo, o discurso fácil dos “bandidos” e da rataria oferece  promessas de esperança.

Não raramente, estes líderes fazem discursos oportunistas aproveitando  o desamparo dessas questões sociais. Utilizando, desta forma, de uma retórica com viés de religiosidade e invocando o nome de Deus para legitimar ações duvidosas. Assim sendo, a rataria não apenas vota na rataria, mas sofre com a manipulação, tornando-se peça descartável no jogo de poder.

Mídia e Propaganda

Decerto, não se sabe quando e nem onde a mídia e a propaganda passaram a ser o quarto poder real num Estado, democrático ou não. Inquestionavelmente, Gutemberg quando inventou a imprensa não imaginava que o estrago seria tanto. Mas, por outro lado, temos que reconhecer que nos tempos de redes sociais, Gutemberg não tem nada a ver com isso.

Eliane Cantanhêde é uma jornalista do grupo “O Globo” pela qual não nutro  mínima simpatia. É o tipo de pessoa que defende seus interesses pessoais e sua opinião não passa de reprodução do que os donos dela determinam. Não tenho, enfim, nenhum respeito pela profissional e quero que a pessoa se dane pra lá.

Um pensamento dela, bem peculiar, merece registro e reflexão, pois vindo de onde vem é porque tem mais algo além de fumaça neste cabaré.

O plano de golpe de Estado envergonha e empurra as Forças Armadas para o fundo do poço, ao incluir assassinatos, Estado de Defesa e diálogos assombrosos, embolando generais e coronéis da ativa com gente da pior espécie, como um argentino trapaceiro, um padre sem princípio e o capitão Ailton, chamado de “bandido” no Exército… A “rataria”, como definiu um dos próprios golpistas, aliás, muito bem.”

Eliane Cantanhêde

Sem Esperanças

Acreditar que o plano do golpe de Estado que não aconteceu vai envergonhar uma instituição é muito cinismo e hipocrisia. ” … fundo do poço …” ? Nos poupe, Cantanhêde !

Sim, com toda a certeza, são gente da pior espécie, trapaceiros, sem princípios, bandidos, que definem bem a rataria.

A frase “… só a rataria...” não apenas revela quem são, o que fazem, como pensam e que seus apoiadores são muito piores. Certamente, estivemos muito próximos de um golpe e uma nova ditadura, na qual este texto jamais estaria aqui. Será que a rataria pensa e defende a ideia de que ” … bandido bom é bandido …”?

Existe, entretanto, uma frase enigmática que determina que não chegamos no final e que o povão ainda pode acordar.

“Assim são as coisas: os anos da boa colheita são também os anos da rataria.” ( Ernest Junger ).

 

Amanhã tem mais … 

P. S.

(*)  Certamente, a frase de Aliverti representa a realidade que ele viveu, e que pode ser uma hipótese que se torne real no Brasil. Um representante da rataria no Poder, com as bênçãos dos minions ou ratos seguidores do “Flautista de Hamelin“.

(1)Ratazanas que Abandonam o Navio

(2) “Entre Sem Bater – Aldous Huxley – Manipulação Mental

 

Imagem: Entre sem bater – Eduardo Aliverti – Só a Rataria

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

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