Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” (← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento de muitos, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Caetano Veloso associou a palavra “Bacana“, uma gíria no Brasil, com a originalidade, será que ele acertou?
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Caetano Veloso
Caetano Veloso sempre esteve do lado dos politicamente corretos e enfrentando as hordas de estultos com sabedoria. Entretanto, suas letras de música e pensamentos exigem muito mais do que uma pessoa gostar de MPB. Com toda a certeza, o movimento Tropicália foi bacana e original, e que não se repetiu.
Caetano Emanuel Viana Teles Veloso OMC (Santo Amaro, 7 de agosto de 1942) é um cantor, músico, produtor, arranjador e escritor brasileiro. Com uma carreira que ultrapassa cinco décadas, Caetano construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação e considerada amplamente como possuidora de grande valor intelectual e poético. Embora desde cedo tivesse aprendido a tocar violão em Salvador, e escrito entre os anos de 1960 e 1962 críticas de cinema para o Diário de Notícias e conhecido o trabalho dos cantores de rádios e dos músicos de bossa nova ( João Gilberto foi seu “mestre supremo” ) e com quem dividiria o palco anos mais tarde), Caetano iniciou seu trabalho profissionalmente apenas em 1965, com o compacto “Cavaleiro/Samba em Paz”, enquanto acompanhava a irmã mais nova Maria Bethânia por suas apresentações nacionais do espetáculo Opinião, no Rio de Janeiro.
Fonte: Wikipédia (português)
Bacana
A palavra bacana tem origens distintas que se unem a algo que não é nem original e muito menos simples. Existem, a princípio, duas correntes diferentes para justificar a origem da expressão existente no Brasil como gíria. E os tempos modernos com as redes sociais jogaram no lixo até a gíria, #SQN.
O vice-prefeito que assumiu o cargo principal, em função do falecimento do alcaide eleito, notabilizou-se por usar a gíria “bacana demais“. Inquestionavelmente, a gíria está fora de moda e poucos dos que a utilizam sabem das origens.
Origem e Popularidade
A gíria “bacana” tem origem no início do século XX no Brasil, é provável que derivada do espanhol “bacán”. A expressão existia na Argentina e no Uruguai para se referir a pessoas ricas ou de status elevado. No Brasil, a palavra passou a significar algo positivo, agradável ou de qualidade. Desse modo, perdeu-se a conotação de riqueza e pompa, tornando-se uma gíria de uso vulgar, podendo até significar indiferença(*).
O auge da gíria “bacana” ocorreu entre os anos 1940 e 1970, com uso na cultura popular, incluindo músicas, filmes e novelas. Nos anos seguintes, a palavra perdeu sua força com o surgimento de novas gírias, atualmente, poucos a compreendem.
A utilização de termos, notadamente em inglês, por conta das redes sociais, popularizou outras gírias e estrangeirismos. Embora alguns defendam que a origem de bacana esteja no deus Baco e seus bacanais, há controvérsias.
Equivalências
Algumas expressões se assemelham ao sentido da gíria “bacana”.
Temos, em Inglês, equivalências interessantes, como :
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“Cool” – Quando “bacana” significa algo legal, com estilo próprio ou interessante.
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“Neat” – Quando indica algo organizado ou bem-feito.
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“Awesome” – Quando expressa admiração por algo muito bom.
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“Nice” – Quando indica aprovação de algo agradável.
Excepcionalmente, se for no sentido de uma pessoa respeitável e generosa, pode-se usar “stand-up guy”. Contudo, aplica-se a homens ou “classy” para pessoas refinadas de qualquer gênero.
Aqui temos a curiosidade de que se escrevermos cool nas redes sociais estaremos falando de algo muito legal, melhor que bacana. Desta forma, a gíria ganhou até memes, avatares, ícones e emoticons.
Por outro lado, a palavra “bacán” (em espanhol) e “bacana” (em português do Brasil) são mais semelhantes. Referem-se, geralmente, a algo bom, de estilo original e agradável, como disse Caetano. Com toda certeza, não é um termo que algum filósofo, mesmo contemporâneo utilizaria.
E, finalmente, a expressão está presente num dialeto (Quiniaruanda) de Ruanda (África), que tem significado real. Indicaria a atividade de que as pessoas estão queimando, literalmente, alguma coisa. Mas voltemos ao nosso Arraial do Curral Del Rey e o prefeito “bacana demais”.
Habemus um bacana na PBH
Venho escrevendo, desde a criação deste Blog, crônicas com críticas às novas legislaturas(1). Preconizei, no início da legislatura anterior, que aqueles edis e o prefeito, fariam péssimas representações do povo. Não deu outra, foi cada vereador que era a cara da pior espécie de eleitor que Belo Horizonte poderia ter.
A proposta era fazer um raio-X nos mandatos, mas foram tantos os descalabros que poucos mereceram a honraria. Surpreendentemente, a maioria deles saiu da Câmara Municipal e escalou para a Assembleia ou Congresso. Em suma, nada poderia ser pior do que a legislatura 2021~2024.
OPS ! 2025 promete …
Prefeitos
Muitos foram os prefeitos de Belo Horizonte (e não consideramos a história antes da inauguração da capital. Na maioria das vezes, pela investidura acontecer via nomeação, nem podemos criticar o eleitor e o cara que ganhou um mandato. Eventualmente, vices e outros de mandato-tampão tiveram a honra de administrar (?) Beagá.
Deste modo, se considerarmos que as eleições livres e diretas retomaram em meados dos anos 1980, podemos apontar culpados. Em outras palavras, não tem desculpa para os ocupantes do prédio da Afonso Pena 1212 serem ruins. Foi o povo que escolheu, mas o povo não votou no vice, não é mesmo?
Dentre os ex-prefeitos, desde Sérgio Ferrara, as profissões que eles exerciam antes da política eram as mais variadas. E a formação de cada um deles determinou administrações melhores ou piores aos olhos da população. Belo Horizonte, assim como o estado de Minas Gerais, tem tendências conservadoras de um modo peculiar. O eleitor belo-horizontino sofre do mesmo mal que a maioria dos brasileiros, vota-se na pessoa e não em propostas.
Assim sendo, entramos na era do “bacana demais” e ninguém sabe bem quais as propostas que o alcaide conduzirá.
Jornalistas
Podemos afirmar, com pouca margem de dúvida ou questionamento, que somente Sérgio Ferrara e Álvaro Damião são jornalistas. Digo, eram jornalistas antes de serem políticos, aliás a definição de jornalistas é complexa para o caso. É provável que existam questionamentos sobre ser repórter e radialista se entenda como um jornalista tradicional. Outra coincidência é o órgão da mídia que os dois apareceram para o eleitor mineiro. Talvez seja uma prova da força que o rádio ainda exerce na mente das pessoas, com Internet, STF e redes sociais.
Desta forma, o repórter esportivo “bacana demais” tornou-se prefeito do que será, sem dúvida, a pior legislatura da Câmara Municipal. Uma mistura explosiva – política, futebol e religião – recrudesceu e está presente nos 41 gabinetes da CMBH. O que comprovou-se como muito ruim cheira a muita disputa e briga nos próximos anos. A maioria dos vereadores já escolheram um lado com vistas nas eleições estaduais de 2026.
Péssimo para a população de toda a Grande BH e não somente do Arraial do Curral del Rey. Por outro lado, a mídia de massa, que está no comando, ainda resiste bravamente ao poder das redes sociais.
Era Damião
Oficialmente, a Era “Bacana Demais” inicia-se nesta data. Entretanto, iniciou-se logo após a eleição, que, por diversos motivos, foi um plebiscito aterrorizante. A maioria dos eleitores não se deu conta, como sempre, e proporcionou o embate entre a extrema-direita e a direita. Como nas últimas eleições, nosso preclaro eleitor ficou com a opção menos pior para o Poder Executivo. No caso do Poder Legislativo, a situação foi uma mistureba de fazer gosto ao satanás.
A gestão que se iniciou teve pouco mais de três meses de preparação, de acordos, de conchavos e troca de favores. Agora começou o jogo pra valer, nomeações, loteamentos e ações populistas estarão na pauta. A briga entre Legislativo e Executivo vai ser interessante e até letreiros de estabelecimentos de “Time Square” motivam brigas.
Mudamos da era dos vereadores que só colocavam projetos de mudança de nome de rua, para edis que avançam no proselitismo. Algum tempo atrás, num texto aqui no blog, falei sobre o ótimo negócio(2) de pai para filho, e ficou pior. Atualmente, o bacana – ou melhor cool – é deixar os filhos, noras, genros, mães nas posições de elegíveis. Os maiorais (bacanas) estão no Executivo e mudando de esfera ao sabor do vento eleitoral. É assim que acontece na política, nos templos e no futebol.
Eu diria que perdemos, completamente, a noção de sentido e politização da sociedade.
Ou como diria o repórter e narrador esportivo – Foguete não tem ré – e muito menos a nossa política do Arraial. Certamente, não estamos seguindo o pensamento de Caetano, não tem nada de original nisso tudo.
Em tempo:
As coisas estão tão esquisitas que muitos pedem a ditadura mas não têm a mínima noção do que acontecia no prédio do DOPS. Aliás, se perguntar para qualquer um, com menos de 40 anos, onde fica o prédio do DOPS na Afonso Pena, não vão responder. Como se não bastasse, a privataria da educação e da saúde, sob a égide do estado e prefeituras assusta. Na sequência privatizam a água, energia elétrica, transportes, coleta de lixo, e o estado só transfere dinheiro para a iniciativa privada.
Adicionalmente, a militarização da política, com alianças perigosas com a fé e religião, provoca absurdos que ganham as páginas policiais. E, surpreendentemente, a normalização de todos estes absurdos vai nos jornais às 5 da manhã até meia-noite. A qualidade dos repórteres que atuam na mídia tradicional é, assustadoramente, baixa. Mas temos que ter cuidado, vai que daí aparece um novo prefeito e vereadores servis.
“Amanhã tem mais …
P. S.
(*) Ainda hoje, gente petulante e prepotente, quando não gostam de algo, são irônicos dizendo “bacana” ou indicando um OK. As pesquisas para a construção deste texto se concretizaram com a ajuda do Google e ChatGPT.
(1) “Legislativo Municipal – Mais do Mesmo“
(2) “Um negócio (ótimo) – de Pai para Filho”
Imagem: Entre Sem Bater – Caetano Veloso – Bacana Demais
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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