Confronto
Este texto teve construção, anteriormente, como um único artigo e fazia o contraponto entre dogma e pensamento. Entretanto, à medida que detectamos algumas impressões dos leitores, identificamos que deveriam ser textos distintos com igual destaque. A princípio, fiquei sem entender o motivo de que nenhum dicionário colocava as duas palavras em contraposição (antônimos). Como se não bastasse, causou-me estranheza o fato de que os sinônimos “esbarravam” nos antônimos destes termos.
Assim sendo, mesmo não sendo filólogo (a quem peço desculpas), me pus a avaliar a etimologia e origem destas duas palavras. Surpreendentemente, as duas e outras tantas têm seu uso nas redes sociais sem a menor cerimônia. Se, anteriormente, era de uso dos pensadores, agora, em função das recentes manifestações do “povão” no Brasil a coisa desandou.
O confronto da vez agora é entre dogmas e a capacidade de pensamento e reflexão. Portanto, teremos neste texto as questões sobre dogmas e estes tempos modernos, no outro, o pensamento.
Dogma
É quase impossível, pelo menos pra mim, escrever sobre um tema, fazendo a defesa da ideia, quando esta se opõe à capacidade de pensar. E, neste particular, tentar falar desta palavra (dogma) de forma imparcial é um sacrifício. Os sinônimos do termo carregam conceitos que são a antítese do livre pensar, são cabrestos ou limitadores da capacidade maior do ser humano.
Por outro lado, o principal antônimo que pesquisei para dogma foi sofisma, o que carrega um viés pejorativo, ou pelo menos tenta ser assim. Entretanto, aqueles que param e pensam nesta estrutura e dicotomia não conseguem ficar isentos.
Dogma é uma crença ou doutrina estabelecida de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerada um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. O termo deriva do grego δόγμα, que significa "aquilo que aparenta; opinião ou crença", por sua vez derivada do verbo δοκέω (dokeo), que significa "pensar, supor, imaginar". Fonte: Wikipedia
Ora… ora… ora… diria o filósofo contemporâneo, mas que raios de definição com a imposição de um conceito fundamental e indiscutível? Em outras palavras, para gerar um dogma alguém tem que pensar, supor, imaginar?
Contradições
Como opositor ferrenho de qualquer dogma, seja ele filosófico, religioso ou político, fica fácil mostrar que o termo carrega uma baita contradição. Portanto, qualquer pessoa que se dispõe a pensar fará questionamentos básicos a qualquer dogma, com fundamentos razoáveis. Certamente, os praticantes e seguidores de dogmas, não tem a capacidade de pensar e seus argumentos (???) são apenas opinião de segunda mão. Não raramente, reproduzem o que seus líderes e pseudoepistemólogos mandam reproduzir, sem questionamentos.
Este tipo de seguidor de dogmas, inspira-se na frase “… repetir uma mentira mil vezes e ela virar verdade…“(*). Assim sendo, nos últimos tempos, no Brasil, qualquer fake news transforma-se em verdade e o pensamento, especialmente o crítico, virou um crime.
Incertezas
Em suma, não dá para defender qualquer dogma quando a possibilidade de pensar nos torna muito mais capazes e conscientes. As circunstâncias e o cotidiano nos trazem tempos sombrios onde vale mais uma fake news do que pontos de vista divergentes. Vivenciamos eleições municipais em que o discurso fácil das redes sociais inebriou incautos e neófitos.
Textos com estes temas são áridos para a maioria das pessoas. Como se não bastasse, até uma imagem isenta é difícil. Desse modo, fica mais fácil utilizar charges para os dois temas antagônicos e nada amigáveis.
Tenho muito medo do que estar por vir em tempos de obscurantismo e manipulação de massas. Se bem que a maioria dos perfis não quer nem saber se dogma é ausência e o pensamento é a presença. Todos têm pressa e só querem saber do que pode dar certo e muitos likes.
P. S.
Em função do explicado no primeiro parágrafo, este texto que era bem extenso, ficou mais curto, entretanto com pequenas partes repetidas e outras bem parecidas.
(*) Frase e variações, erroneamente atribuídas a Goebbels, ministro da comunicação hitlerista
Charge: Carlos Ruas
Nota do Autor
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