Família Doriana - Família Feliz

Família Doriana – Maldita Propaganda

AVISO

Em primeiro lugar, cumpre-nos avisar que este texto é crítico e que donos de carapuças, se enterradas, devem ter muito cuidado ao reagirem. Afirmo, certamente sem medo de errar, que a “família Doriana” só existe na publicidade e em propagandas para enganar incautos e tolos.

Assim sendo, este texto faz muita zoação mas tem mais do que um fundo de verdade. Como se não bastasse, a hipocrisia das “inclusões” com negros e mulheres, não refletem a realidade da nossa sociedade.

A propaganda da margarina Doriana, que surgiu nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil, é notável pela criação da expressão “Família Doriana”. Surpreendentemente, a propaganda recebeu críticas pelas contradições inerentes à sua mensagem. A campanha publicitária promovia a ideia de que a margarina Doriana era um alimento saudável. Como se não bastasse, sugeria que era essencial para a formação de uma família feliz e de sucesso. Contudo, essa propaganda enfrentou críticas e gerou controvérsias por várias razões.

Família Doriana

Anteriormente, a publicidade e propaganda não eram alvo de críticas. Publicitários produziam o politicamente incorreto sem o menor constrangimento. Por exemplo, os consumidores eram brancos, classe média e agradáveis aos consumidores de produtos caros. O resto da patuleia vinha a reboque. Assim sendo, começaram a expandir a educação para o povão e estes passaram a ter acesso a tudo (ou quase tudo!). O politicamente incorreto como fumar, beber e desrespeitar eram a tônica e recebeu críticas e outros questionamentos.

A propaganda da “família Doriana” consolidou-se na década de 90  sob a égide de um “Brasil Novo”, de “colloridos”. Aquela gente estulta que achava e ainda pensa que podia derrubar presidentes quando quiser. Era a propaganda da família feliz, com um farto café da manhã, gente branca, com imagem da família perfeita. Em outras palavras, uma família que não existia e que não sofreu os efeitos do dinheiro tungado por Zélia e Collor.

Recentemente, repetiu-se a ideia da família feliz, gente que não vai mais à Disney, e não consegue mais ter uma “empregadinha”, e se revoltam. Enfim, famílias que não aceitam a felicidade de outras famílias que não têm representação na publicidade rancorosa, reacionária, racista e preconceituosa.

Família Feliz

As famílias felizes foram às ruas, dizendo que estavam lutando por algo mais do que os R$ 0,20. Por outro lado, diziam também que estavam preocupados com o preço da gasolina ou a cotação do dólar. Portanto, a “família Doriana” migrou da publicidade na TV e instalou-se nas redes sociais. Estas pessoas “felizes” mudaram o país ao proporcionarem que prefeitos que os representam ganhassem eleições. E, como se não bastasse, a “família Doriana” está a um passo de eleger um presidente que os representa plenamente.

Em suma, esta família feliz, protagonista na publicidade da “família Doriana” non ecziste. Esta fantasia que contaminou o país inteiro, não está presente no mundo real e nem nas redes sociais. Com toda a certeza, aceitem que dói menos, você não terá a volta do seu dólar a R$2,80, ou gasolina a menos de R$3,00. Adicionalmente, nem pensa na sua empregadinha no quartinho de despejo, viagem para a Disney ou saúde de qualidade, ESQUEÇA !

Família Doriana Oca

No começo deste Blog, escrevi sobre “A Geração Hedonismo Oco“, poucas pessoas entenderam. Neste início deste ano, repeti a mensagem ampliando a crítica em a “Sub-Raça e o seu Surgimento“, quem vestiu a carapuça ficou incomodado. Contudo, as críticas aumentavam e a conscientização passou longe.

Em primeiro lugar, a campanha ignorava completamente as evidências científicas sobre os riscos do consumo excessivo de gorduras trans. Estas gorduras presentes em margarinas como a Doriana, e causam até hoje problemas para a saúde de muitas pessoas. Isso contrastava diretamente com a imagem de saúde e felicidade que a propaganda tentava transmitir.

Neste momento, vejo que as pessoas estão corroborando o que escrevi, estamos a um passo de imaginarmos que vivemos num casulo da nossa “família Doriana”. Certamente, os relacionamentos de redes sociais nunca foram e nunca serão algum tipo de realidade, não passam de escapismos de gente estulta.

Além disso, a “Família Doriana” retratada nos comerciais e anúncios frequentemente parecia uma distorção da realidade. A mensagem de que a felicidade familiar tem ligação umbilical ao consumo de produtos e serviços inúteis é simplista e desonesta.

Fim do Mundo

O Fim do Mundo não é como previsto em enciclopédias, Bíblia, Nostradamus, Maias ou Hollywood. O fim do mundo está em cada “família Doriana”; fazemos coisas certas e erradas e não conseguimos pensar no próximo, no coletivo.

Até alguns que fazem caridade, a fazem pensando na recompensa que os céus darão ao indivíduo.

Enfim, por estas e por outras, respeito, cada vez mais, doutrinas e filosofias como budismo, hinduísmo, espiritismo. Inquestionavelmente, ultrapassam nossa sociedade tupiniquim e enfrentam os hedonistas das redes sociais atuais.

Essa contradição entre a promessa de uma vida perfeita e as realidades da saúde alimentar ,e da vida cotidiana são incompatíveis. Entretanto, estas contradições tornaram a campanha da Doriana memorável, mas não necessariamente de uma forma positiva.

A expressão “Família Doriana” era referência para representações enganosas e irreais da felicidade familiar na publicidade. Por isso, destacam-se as contradições entre o imaginário e a realidade brasileira.

Em suma, a campanha da margarina Doriana é um exemplo clássico de como a publicidade cria contradições e expectativas irreais. Uma simples abordagem em torno de um produto, deixa uma marca duradoura na cultura popular e no léxico social. Recomendo, enfim, que vocês saiam desta bolha mercadológica.

Vivam o mundo além de seu mundinho hedonista, “para o seu dia nascer feliz” de verdade.

P. S.

Esta é uma data ( 1° de julho) muito triste para mim e que não devo esquecer. Há exatamente seis anos sofri um grave acidente que, certamente, dói até hoje, mas que me tornou mais forte.

 

Reprodução: Publicidade Internet

Nota do Autor

Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.

  • Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
  • Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter, Threads, Koo etc.
  • Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
  • Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.

Deixe um comentário