Bolsominions, Cruzeirense e o Poder
É um grande dilema tentar explicar o significado do oxímoro Servidão Voluntária a bolsominions e cruzeirenses. Precipuamente, pode-se afirmar que é “… como explicar que o homem, o único naturalmente feito para viver livremente, seja aquele que se sujeita a um jugo que nem mesmo os animais aceitariam sem primeiro lutar contra ele …” (1)
Com toda a certeza, ao ler este primeiro parágrafo e ver que uma carapuça está prestes a se ajustar a alguns leitores é prazeroso. Certamente, o tempo de permanência destes leitores, nesse texto, será exíguo. Do mesmo modo, ao fazer uma referência ao texto de Marilena Chauí, Professora Emérita da USP, pois tenho a plena convicção de que aprendizes de déspotas sequer terão a coragem de clicar no link só por verem o nome da autora.
Costumo dizer, eventualmente, que futebol, política e religião não devem se misturar. Por outro lado, déspotas esclarecidos (na política, no futebol e na religião) disseminam o dito popular para que não se discuta estes temas. E, data venia, a situação do Cruzeiro e dos cruzeirenses assemelha-se, surpreendentemente, a dos brasileiros que estão subjugados por tiranos. Desse modo, ao misturar política e futebol, não estou imiscuindo um assunto no outro. Contudo, utilizo esta lógica para mostrar como são perversos os tiranos e déspotas esclarecidos.
Servidão Voluntária
Alguns diriam, açodadamente, que é um paradoxo ou um despropósito; entretanto afirmo que a servidão voluntária é, segundo tudo preconizado por La Boètie, o que vivemos hoje no Brasil e, porque não dizer, nas hostes cruzeirenses. É desoladora a situação em que os cruzeirenses se encontram em relação ao futebol e os brasileiros em relação à vacinação e política nacional.
Podemos mencionar toda a história do Cruzeiro como fiz, metaforicamente e usando Maquiavel, desde final de 2017 e expresso em “Maquiavélico – Filosofando Maquiavelicamente“. Como se não bastasse, naquele ano de 2018, experimentamos a mesma face da servidão voluntária quando uma nação escolheu defender a tese da “escravidão por natureza” de Aristóteles. O contraponto em La Boètie era de que a liberdade e não a servidão era um direito natural.
Por outro lado, surge um paradoxo, mesmo que um tirano assuma o poder, numa nação ou à frente de um clube de futebol, é necessária passividade extrema para que ele se mantenha no poder.
Enfim, a dúvida quase existencial que se apresenta é: mesmo que o poder seja ilegítimo, a servidão voluntária mantêm o tirano por quais motivos?
A ação do agente livre inexiste em nossa sociedade; inegavelmente, somos uma terra e nação de rudes, incultos e bárbaros como descreveu o Prof. Del Picchia em “A República da Panákia“?
O Futuro da Servidão Voluntária
A força de um tirano vem de parte de seus súditos. Nenhuma pessoa racional abre mão de sua liberdade e adota a servidão voluntária. Os agentes de uma sociedade normal visam a amizade e o bem comum, aqui no Brasil chamam, pejorativamente, de comunistas. Assim sendo, temos uma horda de bolsominions e cruzeirenses agindo em prol da manutenção do tirano, não com a perspectiva de servirem, mas de subjugarem seus semelhantes.
A servidão voluntária dos brasileiros é expressa na briga pela vacina contra COVID-19; não vai ter para todo mundo e virá um salve-se quem puder. Analogamente, a servidão voluntária dos cruzeirenses foi um pouco destruída com o fim do sonho de um Centenário “glorioso” e seguem firme na dominação do tirano e no amplo uso da crença dos “operadores” de milagres.
Em suma, bolsominions e grande parte dos cruzeirenses são agentes de uma servidão voluntária e o negacionismo com outros dogmas mantêm os grilhões e as ilusões do impossível.
Cadeia Tirânica
Nesse ínterim de enganação tirânica, não tem espaço para opositores e qualquer um que escrever “a real” merece a crucificação. Os tiranos subalternos, no caso dos bolsominions os “formadores de opinião” via fake news e no caso dos cruzeirenses os “influencers” de Youtube, são a chave da maldade e perpetuação no poder.
La Boètie quase atinge a perfeição ao definir: “… cada elo da cadeia aceita sofrer uma tirania para tiranizar, multiplicando o domínio e a servidão voluntária“. Em outras palavras, cada “revolucionário” que adere a um tirano maior, deseja tiranizar outro que deveria ser igual a ele.
Esta cadeia tirânica tem assento na política pelos governadores e prefeitos e no futebol e no Cruzeiro por dirigentes, conselheiros e assemelhados. A frase “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos ! ” é bem a antítese do que desejam os tiranos e seus serviçais. Certamente, eles não pensam em restaurar nenhuma moralidade, ética, liberdade natural e sim avançar na cadeia tirânica do mal e da servidão voluntária.
Os prudentes
Os prudentes ou realistas são mal vistos e exilados, nós (sim, eu me incluo) somos adeptos da amizade, da igualdade, da liberdade e justiça. Defendemos o bem recíproco, onde o malefício, a tirania e exploração de semelhantes deve nosso inteiro repúdio.
Talvez seja necessário que nação brasileira e também nação cruzeirense exterminem a servidão voluntária, como se isso estivesse sob nosso controle. Todos têm direito à vacina e todos têm direito de participar em condições de igualdade nas decisões sobre a nação e o clube esportivo. Déspotas esclarecidos, capitães-do-mato, políticos aproveitadores e venais devem ser desmascarados e expostos em praça pública.
Dado o exposto, não é suficiente ser prudente e racional, é preciso juntar forças e explicar que fazer panelaço na varanda ou jogar à fogueira este ou aquele dirigente ou político serviçal, não muda e nem comove o tirano. Ações isoladas e desconexas da farsa vigente, sob comando dos tiranos que assumiram o poder pela força, são visíveis e reais.
Em outras palavras, resumidamente, o diversionismo campeia no país em todas as editorias.
Não resta ao homem de bem outra alternativa senão remover tiranos do poder. Se bem que, tem muita gente que ao torcer para outro time de futebol, ter outra nacionalidade ou de outra região, não tem nada a ver com este contexto. Ledo engano !
Dois Males
Queremos vacina, queremos liberdade, nem que seja como na bandeira de Minas Gerais (“Libertas quæ sera tamen”) frase de sentido dúbio e polêmico. Não me venham com planos fraudulentos e anacrônicos de vacinação e muito menos com proposta de clube-empresa falaciosa e sob comando de tiranos. Guardem seus planos de estádios próprios para a patuleia servil.
Enfim, a ideia de que “… se ao deliberar calculando entre dois males, escolherem o mal menor em vez de mal nenhum …” pode parecer inteligente. A ideia e a prática vigente não é, nunca foi, nunca será ao menos razoável, e, inquestionavelmente, não livrará vocês da servidão voluntária.
P. S. Nesta data, uma nação do hemisfério norte imagina estar saindo de uma servidão voluntária crônica e ficando livre de uma péssima escolha que fez. Digo que eles estão entrando noutro estágio de servidão voluntária e que brasileiros vão junto. Fico preocupado com os acontecimentos lá, como relatei em “O Sobrevivente Designado“.
(1) Marilena Chauí, in A Origem do Poder , citando La Boètie e o “Discurso da Servidão Voluntária“.
Imagem: Reprodução Youtube
Nota do Autor
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