Distopia Tupiniquim - As Castas

Distopia tupiniquim e o admirável mundo novo

Admirável mundo novo e 1984

A impressão que a maioria das pessoas têm é de que a obra “1984″ tenha sido escrita antes de “Admirável Mundo Novo” ( Brave New World ). É provável que a ambientação de cada uma das duas obras distópicas levem ao engano “natural”. Desse modo, tanto a obra de Aldous Huxley, como “1984” são um terreno fértil para admitirmos que o Brasil vive sua distopia tupiniquim. Quase irreversível e surpreendentemente aceito por grande parte da população.

Como se não bastasse, a distopia em que vivemos tem grande parcela dos seus defensores na população. Anteriormente, escrevi sobre obras distópicas como as séries “Black Mirror” e “3%”. Esta última (3%)(1) é uma produção brasileira do canal de streaming Netflix e que não teve boa aceitação, pela maioria dos brasileiros. É, com toda a certeza, uma releitura da distopia desta “evolução” da nossa sociedade, como nas obras citadas.

Distopia Tupiniquim

Em primeiro lugar, pelos textos que tenho escrito desde o “fim do mundo”, nada disso me surpreende ou me assusta. O “fim do mundo” foi narrado por George Orwell de forma que nos parece muito com as fake news de hoje. Traçam uma narrativa e, como mágica, aquilo vira realidade. Em outras palavras, as maldades que Orwell, Huxley e outros roteiristas de produções que se parecem distopia não são maldades. São, certamente, perversidades que estão presentes no Brasil e afetam a todos os brasileiros.

A distopia tupiniquim diz respeito à forma como algumas pessoas estão vendo como natural certas coisas acontecerem. Com toda a certeza, poucos se insurgirão. E, de fato, a população brasileira continuar em “deitada eternamente” e achando que será empreendedor de sucesso. Apenas porque algum capitão-do-mato diz que é assim.

O golpe contra a população mais carente do país começou na reeleição da presidente Dilma Rousseff. Naquele momento, as declarações de seu opositor, Aécio Neves, foram claras:  “Não vamos deixar ela governar…“.

E o que fez a população mais carente?

Continuou votando em crápulas, e as eleições municipais de 2016 deram a munição que os déspotas esclarecidos precisavam. A partir daquele momento, com a introdução das “reformas” trabalhista e previdenciária, tudo se definiu. Tiraram a presidente e o Judiciário entrou em ação “… com STF e tudo ” para “melhorar” o país.

Oligarquias

É essencial dizer que as oligarquias estão sempre presente neste tipo de mundo distópico em que os “Épsilon” acham que podem galgar a pirâmide social. Entretanto, as oligarquias, inclusive da mídia, criam figuras para dar esta impressão, e tem funcionado. Por exemplo, quando um vencedor do reality “BBB” ganha espaço na mídia e redes sociais é uma amostra de como enganar as pessoas.

Um episódio de Black Mirror, sobre o qual escrevi, é lapidar neste assunto e direcionamento na mente das pessoas. No texto “Milhões de Méritos(2) faço analogias com os dias de hoje e demonstro que vivemos uma distopia infinita. Certamente, aqueles que estão no comando da distopia tupiniquim não são maioria.

Frase George Orwell - Entre sem Bater

Castas

O “Admirável Mundo Novo” dividia a sociedade em castas, utilizava a ciência e aspectos psicológicos para entreter o povo.

Naquela obra, as divisões tinham associação com algumas letras do alfabeto grego, e induziram a escala do “melhor” para o “pior”. É provável que a ideia de que um representante dos “piores” poderia “subir de posição” na hierarquia social. Contudo, esta é a estratégia mais cruel para com a maioria das pessoas.  Se bem que, as pessoas pensam que a “meritocracia” as ajuda a serem melhores do que os outros. Pensam que contribuindo com dízimos maiores terão o céu e, desse modo, vencerão a disputa com seus iguais.

Segundo algumas interpretações, a divisão de castas deveria servir para:

  • Evitar a perturbação da estabilidade social;
  • Deixar as pessoas satisfeitas com os seus trabalhos;
  • Encerrar qualquer aborrecimento na vida das pessoas.

Desse modo, como em “Admirável Mundo Novo” – que adota cores para separar as castas – o Brasil inteiro está contaminado. As cores da propaganda oficial – Os “Alfa” fazem propaganda – povoam o imaginário e o desejo de toda a população.

Admirável mundo velho

“1984” mostrou que as pessoas cometem enganos facilmente, ou até gostam de estar assim. Com toda a certeza, não era preciso nem aparecer a mídia e fazer checagem de fatos para derrubar as mentiras. Por outro lado, a maioria das mentiras ou meias-verdades, repetem-se à exaustão, pelas oligarquias, via a mídia de massa.

Em suma, vivemos no admirável mundo velho onde coisas repetidas são vistas como inovação. As gerações mais novas não têm a mínima noção de como Huxley colocou personagens reais da História em sua obra literária.

O autor deve ter imaginado um mundo que não existia ou acertou em cheio como seria o futuro?

É uma dúvida que não poderemos esclarecer pois fazem quase 50 anos que ele faleceu. Contudo, um discurso cujo áudio está no Youtube(3), parece que ele faz uma confissão de culpa ou arrependimento.

Acreditamos que, como muitos vem dizendo, desde Sun Tzu, que dividir as pessoas é o melhor caminho para a dominação. E, desde que estejam divididos, as castas ou segmentos da sociedade estarão sob controle de quem detém o poder.

Enfim, os déspotas, tiranos encontraram seus capitães-do-mato para fazerem a manipulação psicológica e até mesmo biológica. E as redes sociais têm tornado esta tarefa muito mais fácil, especialmente no Brasil.

O fim do mundo foi em 2012, segundo os sábios da Civilização Maia, mas ainda temos muito chão a percorrer no Brasil. Como relatado por pesquisadores, se os Maias, muito mais capacitados, pereceram, o brasileiro ainda tem que lutar muito contra sua extinção.

Admirável mundo velho, e distopia tupiniquim, aqui me tens !

 

(1) “Maralto – 3% merece o paraíso

(2) “Milhões de méritos – Black Mirror

(3) “Admirável Mundo novo – Discurso de Aldous Huxley em 1962

 

Imagem: Reprodução Internet – Castas Admirável Mundo Novo

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