Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” (← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória”). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento de muitos, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Vivemos, sem dúvida, tempos em que os “Conversadores” sumiram como Truman Capote sequer imaginou.
Cada publicação terá reprodução, resumidamente, nas redes sociais Pinterest, Facebook, Twitter, Tumblr e, eventualmente, em outras isoladamente.
As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Truman Capote
Truman Capote foi um grande e influente personagem no cenário estadunidense por mais de um quarto de século. Polêmico, sabia colocar suas ideias e contrapô-las de forma crítica. Desse modo, suas frases sempre continham ironias que não são fáceis de entender em tempos atuais. Certamente, ele colocaria no bolso legiões de comediantes de stand up da atualidade.
Truman Garcia Capote nascido Truman Streckfus Persons ( 30 de setembro de 1924 – 25 de agosto de 1984) foi um romancista, roteirista, dramaturgo e ator americano. Vários de seus contos, romances e peças foram elogiados como clássicos da literatura, incluindo a novela Breakfast at Tiffany’s (1958) e o verdadeiro romance policial In Cold Blood (1966), que ele rotulou de “romance de não ficção”. Suas obras foram adaptadas para mais de 20 filmes e dramas de televisão.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Conversadores
Em primeiro lugar, certas palavras devem ter uma interpretação cuidadosa , dependendo do autor da frase.
A palavra monólogo, a partir do dicionário das coisas comuns, pode ser um discurso extenso, na literatura e no teatro. Neste texto aqui, como não é para teatro e nem literatura (ainda !) não deveria ser um monólogo. Por outro lado, como não estou fazendo um discurso interior, é necessário que existam leitores e, até mesmo comentaristas.
É necessário mais conversadores, com pensamentos e ideias, e menos gente com opinião de segunda mão(1).
Em tempos de redes sociais interativas, era de se esperar que as leituras provocassem reflexões e reações, e assim acontece. Contudo, no caso de Capote, ele colocou uma dose de ironia e sarcasmo que a maioria das pessoas nem percebe.
Diálogo
Assim como no pensamento de Capote, é necessário, até mesmo para um simples texto de um Blog, termos alguma reciprocidade. Quando recebo uma crítica, sobre a forma que escrevo, fico sem saber se a pessoa quer tratar do conteúdo. Como se não bastasse, quando o leitor faz uma crítica pessoal e não à forma ou à ideia, é como uma pena de morte.
A frase de Capote ressoa profundamente em nossa sociedade moderna, onde a comunicação está mais fragmentada do que nunca.
Conversadores são a reciprocidade pura do estado da arte.
Certamente, é um lembrete de que, muitas vezes, é melhor conversar ou trabalhar sozinho do que ter pessoas ao nosso lado. Desde que essas pessoas ouvem ou leem, mas não compreendem o objeto da comunicação, é desperdício de tempo.
Existem inúmeras dificuldades que enfrentaremos ao tentar transmitir nossas ideias e mensagens. Encontrar leitores ou ouvintes que pareçam sem conexão ou ignorantes em relação ao que dizemos é decepcionante. Melhor não tê-los, daí a quantidade de audiência é menos importante do que a qualidade.
Os conversadores estão em vertigem e as pessoas nas redes sociais não são conversadores, são repetidores (caixas de ressonância).
Em suma, três grandes problemas na comunicação oral e escrita são letais para qualquer diálogo.
1. Falta de Habilidade
Uma das maiores barreiras para a compreensão de nossas mensagens é a falta de habilidade na comunicação. A comunicação eficaz é uma arte que requer prática e refinamento contínuo. Muitas vezes, os indivíduos não conseguem transmitir suas ideias de forma clara e consistente.
Uma das razões para esse problema é a falta de atenção à escolha das palavras, à estrutura da mensagem e ao contexto do tema. Às vezes, as pessoas falam ou escrevem de maneira confusa, utilizando jargões ou linguagem técnica, incompreensível para a maioria. Por isso aparecem o preconceito, incompreensão e afasta até a possibilidade de novos ouvintes ou leitores.
Além disso, a falta de clareza na expressão de ideias pode levar a mal-entendidos. As palavras têm interpretação diferente do que o autor ou orador pretende, criando uma desconexão entre a intenção e a interpretação do público. Como se não bastasse, a tendência crescente da comunicação digital, com mensagens curtas e cheias de símbolos, complica tudo. Inquestionavelmente, estas mensagens curtas passam longe da condição de transmitir alguma complexidade de ideias ou esclarecê-las.
2. Diferenças na Perspectiva e Experiência
Outra dificuldade na busca por leitores e ouvintes conversadores é a presença de diferenças na perspectiva e experiência de cada um. Um indivíduo traz consigo um conjunto único de experiências de vida, opiniões, valores e conhecimentos. Essas diferenças levam a interpretações divergentes de uma mensagem, mesmo quando a comunicação foi eficaz.
Desse modo, nas redes sociais, com a expansão de preconceitos e da intolerância, agrava-se o quadro das divergências.
Por exemplo, uma pessoa que cresceu em uma cultura diferente pode interpretar uma mensagem de maneira diversa daquela da cultura do autor. Do mesmo modo, diferenças de idade, gênero, educação e outras também desempenham um papel importante na percepção da mensagem.
O que pode ser óbvio e significativo para uma pessoa pode ser completamente estranho ou irrelevante para outra.
Além disso, as pessoas tendem a se identificar com grupos sociais e políticos que compartilham suas opiniões e valores. Por isso, a polarização crescente na interpretação de mensagens. As pessoas que estão alinhadas com uma determinada ideologia são mais propensos a entender e apoiar uma mensagem. Por outro lado, outros a rejeitam ou interpretam de maneira negativa a mesma mensagem. E a analogia do “copo cheio de água pela metade” segue adiante, e isso impede o consenso e a conversa.
3. Sobrecarga de Informação e os Conversadores Digitais
A era da informação trouxe consigo uma enxurrada de conteúdo e distrações digitais como, por exemplo, os influenciadores. Encontrar leitores e ouvintes interessados em se envolver profundamente em uma mensagem é cada vez mais desafiador. A sobrecarga de informações, muitas vezes inúteis, gera uma briga, por leitores e seguidores, bastante confusa. No bombardeio de notícias, mídias sociais e entretenimento digital, salva-se pouco conteúdo e muita repetição.
A quantidade de emissores de mensagens torna as mensagens individuais imperceptíveis na multidão. As pessoas recebem infinitas opções de leitura, visualização e audição, sem tempo e atenção para pequeno percentual delas. Desse modo, as mensagens que não capturam o interesse ou a relevância logo no início, caem no esquecimento.
Além disso, a presença de distrações digitais, como notificações comerciais e vídeos virais, dificultam a concentração das pessoas por um período prolongado. A interrupção constante de qualquer atividade, para verificar seus dispositivos, prejudica a compreensão e o envolvimento com o conteúdo.
Superação
Embora encontrar conversadores seja um desafio, é possível contrariar as ideias de Capote, mesmo que nas exceções, para não ser monólogo.
Desse modo, devemos atentar para cinco atitudes que quebram a lógica perversa do “falar sozinho”:
- Melhorar as habilidades de comunicação : Investir tempo no aprimoramento das habilidades de comunicação é fundamental. Isso inclui aprender a escolher palavras com cuidado, estruturar mensagens de forma lógica e simplificar ideias complexas.
- Adaptar a mensagem ao público : Reconhecer as diferenças na perspectiva e experiência do público-alvo é essencial. Ao adaptar uma mensagem para atender às necessidades e expectativas do público, é provável que a compreensão cresça.
- Selecionar canais de comunicação adequados : Escolher os canais de comunicação certos para alcançar seu público é crucial. Por exemplo, uma mensagem complexa tem mais espaço num artigo de Blog, do que para um tuíte curto(*).
- Promover o envolvimento ativo : Encorajar o envolvimento do público por meio de perguntas, discussão e interações pode aumentar a compreensão e o interesse pela mensagem.
- Lidar com distrações digitais : Ao criar conteúdo, aplique estratégias para prender a atenção do público, como a narração envolvente e o uso de elementos visuais. Também é importante incentivar o público a desconectar-se temporariamente das distrações digitais para se concentrar na mensagem.
Mais do mesmo
Em suma, Truman Capote está certíssimo e sua frase continua mais do que pertinente com as redes sociais atuais. É uma balela o desafio de encontrar leitores e ouvintes que compreendam e pensem sobre nossas mensagens. Ao considerar e abordar as dificuldades na comunicação, desperdiçamos nossa capacidade de compreender as coisas(2), refletir e debater. A busca por uma comunicação mais eficaz é uma cortina de fumaça que as pessoas vendem, precisamos de conversadores.
Enfim, a irracionalidade no mundo(3), onde as boas conversas são tão raras e seriam tão valiosas, o investimento é alto para pouco retorno.
(*) Twitter, Koo, Kwai, Tik Tik, Threads e outras similares não são, com toda a certeza, plataformas para mensagens entre conversadores.
(1) “Entre sem bater – Mark Twain – Segunda Mão”
(2) “Entre sem bater – Upton Sinclair – Compreender as Coisas”
(3) “Entre sem bater – Max Weber – Irracionalidade no Mundo”
Imagem: Entre sem bater – Truman Capote- Conversadores
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
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