Os Ratos e o Navio

Ratazanas que abandonam o navio

Provérbio Português

É atribuído aos portugueses o provérbio resumido de que “… os ratos são os primeiros a abandonar o navio …”, mas antes deles, as ratazanas.

Alguém muito esperto, talvez sem nem saber da origem deste provérbio, sem saber como é a fábula original dos bichinhos e porque abandonaram o navio, abrasileirou somente o provérbio e deu a entender que à primeira crise, ratos abandonam o navio.

Impeachment e os ratos

Chega-se a situações, hoje, em que a crise do impeachment ofereceu para imolação os mais fracos e os associaram aos roedores fujões.

Todas as vezes que esta situação se apresenta, fica para opinião pública é que estes que abandonam o navio são os melhores delatores. A tempestade vai passando e as ratazanas vão se vendo salvas uma vez que tudo não passa de farsa.

Como se não bastasse, criam-se factoides e falácias para iludir incautos, repete-se uma mentira mil vezes e esta vira verdade.

Ratos e Ratazanas

A fábula é mais ou menos assim…

Viviam todos os ratos, ratazanas e agregados num navio, desde que foram embarcados e despachados para d´além mar tinham suprimento de queijo suficiente para todos. Capitão, oficiais, suboficiais, tripulantes superiores e tripulantes inferiores;  queijos diferenciados, de qualidade e com fartura.

Antes de chegarem num porto seguro, em meio a uma tormenta, o queijo dos tripulantes inferiores começou a faltar, estava sendo desviado para os “graduados”. Crise instalada, desvios constantes e a solução era abandonar o navio.

Em seguida, tripulantes inferiores são alvo de sugestões do tipo, “lancem-se ao mar e nadem até a costa”. Lógico que vai sobrar mais queijo. Estes ratos que abandonam o navio o fazem por ignorância. Quando as ratazanas gordas resolvem participar de denúncias “premiadas” não abandonam o navio, querem o perdão dos céus.

A rebelião é colocada em curso e as verdadeiras ratazanas nunca abandonam o navio, promovem o motim e junto com seus servis oficiais e suboficiais fazem a redistribuição dos queijos e os tripulantes que restaram serão aquinhoados com menos queijo, de qualidade duvidosa e ficarão agradecendo e comemorando a cada rato condenado a andar na prancha, mesmo que amanhã, ele possa ser um deles.

Ratos Profissionais

Não existe no país o equilíbrio entre poderes previsto na Constituição. A Corte Suprema do país é refém da política das ratazanas que aqui habitam desde que chegou o fujão do Dom João VI. Os tripulantes inferiores do navio vivem um salve-se quem puder. Os tripulantes superiores vivem de entregar os Inferiores.

Desta forma, a história do Brasil é pródiga em parir ratos e ratazanas, eleitos na pseudodemocracia de um navio negreiro por eleitores analfabetos ( ver Eleitor Analfabeto no Comando ). A cultura tupiniquim proporciona que estes ratos sejam esquecidos, ou até mesmo “sacrificados”, em nome de ratazanas que procuram abrigos mais tranquilos do que o mar.

Em tempos recentes –  desde Collor, para nenhum eleitor consciente não dizer que não viveu a época – estes ratos misturam-se e enganam muita gente. Eles mudam de roupa, trocam de partido, entregam seus comparsas, só para garantirem o “queijinho das crianças”.

Elas, as ratazanas gordas e espertas, pariram e cuidaram de seus ratinhos à sua imagem e semelhança.

Enfim, sabem qual o fim levaram os ratos da fábula que abandonaram o navio?

Estão mortos ou, em outras palavras, as verdadeiras ratazanas não abandonam o navio, mudam o queijo que comem e enganam ratoeiras.

Certamente, não tenho a mínima ideia se o provérbio surgiu assim, mas tá funcionando dessa forma no Brasil.

Daqui a pouco o navio pára; os saqueadores transferem a carga de queijos e logo depois seguem viagem de mais quatro anos.

 

Charge: Mariano

 

Nota do Autor

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