Belvedere de Baixo
Existem algumas peças literárias e filmografia que tratam personagens de determinadas comunidades pela região geográfica. Assim sendo, esquivando-se de cometer atos falhos e politicamente incorretos, usam de neologismos, paralogismos e outras acepções que não representam o real significado de uma palavra ou expressão. Desse modo, a expressão “Belvedere de Baixo” pode trazer conotação depreciativa para alguns, mas faz parte do anedotário cultural de muitos outros habitantes de uma região de Belo Horizonte.
Algumas sociedades ou obras de ficção, são espelho da nossa realidade e, infelizmente, o cidadão comum não tem acesso ao livre pensar sobre reflexões e opiniões como as que exponho aqui. Entretanto, vamos sobrevivendo com opiniões diversas e contraditórias, se gostam ou não, vamos em frente e sempre abertos ao debate de ideias e analogias.
Comunidades (*)
Algumas comunidades podem ser comparadas a desenhos animados, filmes ou serem alvo de analogias em suas peculiaridades. Assim são cidades ou, mais precisamente, bairros ou regiões de grandes cidades. Com certeza, algumas regiões de Belo Horizonte, e seus moradores, são como alguns desenhos animados; se não todos os habitantes, ao menos grande parte reproduz o que tem de bom e de ruim dos exemplos que passarei a descrever. Em outras palavras, os do “Belvedere de Baixo” são a cara da “República de Asterix“, dos “Smurfs” e porque não dizer, dos “Minions” e da ficção de capa e espada “O Senhor dos Anéis“.
Asterix
Asterix é um personagem pretensamente fictício criado por Albert Uderzo e Renén Goscinny no fim dos anos 1950. A “República de Asterix” está ambientada em meados de 50 a.C. quando toda a Gália havia sido ocupada pelo Império Romano, exceto uma pequena aldeia, onde reside Asterix e seus amigos, que resistem ao domínio Romano com a ajuda de uma poção mágica que lhes concedia uma força sobre-humana. A realidade sócio-política em que vivemos pode ser associada a fatos de nossa sociedade. Poderíamos dizer que uma “poção mágica” que fortalece, liberta e garante a democracia seria um bom remédio. Em suma, não temos a garantia do Estado Democrático de Direito, e esta garantia estaria na força do conhecimento de seu povo, que são ignorantes, teleguiados, egoístas e interesseiros. .
Smurfs
Smurfs são criaturas azuis, personagens fictícios, por supuesto, criados por um ilustrador belga, no ano de 1958. Na realidade são pequenos monstros individualistas, governados pelo Papai Smurf e estão sempre fugindo das maldades do Gargamel e seu gato Cruel; ( qualquer semelhança com a realidade é viagem provocada por alucinógenos ). Tem a smurfette, o gênio, o ranzinza, o robusto, e vários outros. O desenho é considerado, por alguns especialistas em leitura de entrelinhas, como uma referência ao comunismo, uma vez que todos os personagens vestem o mesmo tipo de roupa, dividem tudo o que produzem, não há classes sociais, e ainda existe a oposição, representado por Gargamel, que representariam o imperialismo, com a vontade de dominar os menores. Só mera coincidência.
O Senhor dos Anéis
Um Anel, é o elemento central da saga, o enredo passa-se na antiguidade remota da Inglaterra, mas foi escrito no período da Segunda Grande Guerra na Europa. Um escrito rúnico no anel pode ser interpretado como: “Um Anel para todos governar, Um Anel para encontrá-los, Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los“. Só uma coincidência e que não serve para aplicação nos dias atuais. Aquele povo vivia na Terra Média (talvez entre a Alta e a de Baixo) e os povos de baixo ou do além são segunda categoria.
Minions
O filme Minions veio posteriormente à trilogia “Meu Malvado Favorito“. Impressiona como a narrativa reproduz a nossa sociedade (umas mais do que as outras). A limitação dos personagens principais em ceder e atender a tudo quanto é maldade é de uma realidade cruel. Vejo muito adulto estulto torcendo o narizinho arrebitado para estas animações, talvez porque se vejam espelhados nos servis personagens como desta produção.
Belvedere de Baixo
Belvedere é uma região da cidade de Belo Horizonte. Por outro lado, assim como tantas outras regiões, existem bairros que compõem uma região e seus moradores optam, por vários motivos em nominarem onde moram como aquilo que mais lhe dá “status”.
Certamente, moradores do Havaí, Cercadinho, Estrela Dalva, Palmeiras e cercanias, dizem que moram no Buritis, até alguns do Estoril negam o que vejo como realidade. Entretanto, nada mais apropriado do que migrarem para a ideia do “luxo”, assim como existe “Baixo Leblon” no Rio de Janeiro, vamos nominar aquela região como “Belvedere de Baixo”. Do mesmo modo que existe Barreiro, Barreiro de Cima e Barreiro de Baixo, o Belvedere e todas idiossincrasias destas regiões, é mais apropriado a existência de seu par “de baixo”.
Buritis (aka Belvedere de Baixo)
Li a expressão Belvedere de Baixo recentemente, de início não captei a ideia exata que o autor ( entendo que foi o jornalista Daniel Camargos ) queria demonstrar. Talvez, ele queria transparecer (sei que posso ser meio lento para este tipo de entrelinhas) um chiste, mas consegui entender a fina ironia. Na segunda vez, com mais atenção, percebi a ideia, lembrei-me do Gargamel, de Tulius Detritus e passarei a usá-la (a expressão), estendendo-a para outras regiões, mas caracterizando o que ela personifica.
Com efeito, Belvedere de Baixo, poderia ser dos bairros São Bento, Santa Lúcia, Alto da Raja, Estoril e inclusive o Buritis. Já que todas elas estão repletas de batedores de panelas, que se acham legítimos moradores do Belvedere ( as panelas emudeceram e os falastrões e boquirrotos continuam ).
Contudo, que me desculpem os muitos amigos que conheço e que moram na região e podem ser cada um destes personagens com seus defeitos e virtudes.
Exceções à Regra
Toda regra tem suas exceções, portanto, alguns amigos e conhecidos que tenho PODEM ser exceções, outros são a regra.
A cidade está cheia de habitantes dignos do “Belvedere de Baixo”. E acrescento, Belo Horizonte está cheia de personagens típicos, como os do Belvedere de Baixo. Todos grotescos, espalhados pela cidade e se achando donos de tudo e de todos.
Fico imaginado a aldeia de Asterix, os reinos do Senhor dos Anéis e a nação dos Smurfs com redes sociais como Facebook e Twitter. A pior situação é dos Minions, que representa uma sociedade que é servil a um malvado sem escrúpulos.
Devemos ter muitos “Belvederes de Baixo” em nossas grandes cidades, e a nossa sociedade da aldeia global ainda não entendeu que o mundo mudou.
(*) – As “definições” das “sociedades” “República de Asterix“, “Smurfs“, “Minions” e “O Senhor dos Anéis” foram escritas a partir de opinião própria e referência do Wikipedia.
Imagem: Reprodução Ceci Aguillera
Nota do Autor
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