Música é vida
Sou um tipo de pessoa que adora música e que nunca conseguiu sequer copiar um acorde em qualquer instrumento, embora tenha tentado muitas vezes. Por outro lado, sou classificado como de gosto eclético pois tenho a concepção de que música – qualquer gênero – tem hora e lugar para ser apreciada. Em suma, existe música boa em qualquer gênero e em qualquer lugar do planeta e a música brasileira não é exceção.
Valho-me da frase de Nietzsche que mistura música com política e outras temáticas, e expressa muito bem a loucura que temos visto nos últimos tempos.
Música Brasileira
O caso da música brasileira é peculiar, mistura gêneros e influências, produz instrumentistas de renome e reconhecimento mundial.
Se por um lado, classifico-me como eclético e exigente, alguns, puristas, dizem que não sei o que é música, somente por não me alinhar ao gosto deles. Para falar a verdade, tentei me aproximar da música ainda adolescente. Depois de anos de tentativas, abandonei a ideia de ser músico ou entender melhor o mecanismo de construção e desconstrução da música.
Como admirador de músicas, de todos os gêneros (claro que prefiro uns aos outros, mas não condeno nenhuma pessoa por detestar este ou aquele gênero – há limites!), sou persistente. E, portanto, advogando da teoria de que música é a única linguagem universal e amplamente democrática, condeno aqueles que julgam as pessoas por gostarem, ou não, do gênero X ou Y.
The Voice
Sou fã de programas que incentivam novos talentos, principalmente de música. as diversas versões de The Voice e similares estão no meu radar. Por exemplo, fico impressionado como uma pessoa que, fisicamente ou aparentemente, não nos traz lembranças ou associação a coisas boas, ao soltar a voz, emudece a todos.
Enfim, preconceitos e barreiras são jogados no lixo ao se ouvir uma música que gostamos, com uma letra inteligente e com uma bela interpretação.
Música brasileira boa
Ao ver os programas de talentos produzidos no Brasil (The Voice Brasil, Voice Kids e outros de calouros como do decano Raul Gil) sempre fico com um pé atrás. Se, por um lado, vejo com alegria que algum tipo de chance, mesmo que falaciosamente, é dada a diferentes pessoas, fico preocupado com resultados.
Pouco depois de iniciar este Blog, publiquei um texto sobre vozes femininas(1), a partir de um debate sobre esta ou aquela melhor voz. Foi mais ou menos como se eu tivesse cometido um crime inafiançável, e nem a justificativa de que as “top 5” vozes femininas tupiniquins, IMNSHO, viriam depois, aplacou a ira de alguns.
A música brasileira possui excelentes vozes, femininas e masculinas, nas interpretações em todos os gêneros musicais, e fica quase impossível escolher somente cinco.
Gosto de música brasileira, gosto de samba e outros ritmos e gêneros. Entretanto, ver o que estão fazendo nestes shows de horrores musicais, com “jurados” de qualidade pra lá de duvidosa, com apresentações e uso até de crianças é aterrorizante. O desrespeito à verdadeira e boa música brasileira é, com toda a certeza, ultrajante. Sem bem que nem exigem dos candidatos a intérpretes nem que cantem ritmos tupiniquins. Em outras palavras, ver esses intérpretes cantando músicas em inglês, sem que saibam o significado das palavras que ousam proferir, é deprimente.
Fim de linha
Mesmo que eu tenha uma opinião sobre jurados, candidatos e canais de mídia que se acham “donos da moda” e artistas, não chego a dizer que a música brasileira acabou. Digo que a boa música brasileira, com letras inteligentes e inteligíveis, com intérpretes minimamente qualificados, está numa grande entressafra. #QueFASE
Pior que não vejo saída, se algum personagem de Instagram ou Tik Tok morre, aparecem centenas de outros engraçadinhos sem nenhum talento. Sem querer ser contrário a tudo e todos, das redes sociais, mas os poucos bons valores deveriam valorizar mais seu público e seu trabalho. Deveria haver, por parte de cada candidato a artista e músico, um filtro para escolher fãs e seguidores(*).
Enfim, quando colocam um apresentador fantoche, que respeita pouco a música brasileira, e usam de músicos que mal sabem tocar um instrumento, é porque é fim de linha. A playlist dos programas fala de coisas que tratam como “gênero musical” o sertanejo universitário, sofrência, arrocha, pancadão.
Pode isso, Arnaldo?
Insanos
No caso das letras das músicas ( se é que podemos denominar algumas vituperações como letras), algumas são puro lixo. Mesmo que tenham algumas poucas palavras corretamente escritas, algumas letras fazem de tudo para ser politicamente incorretas e estúpidas, e conseguem..
Há muito a qualidade perdeu espaço para a quantidade e comercialização de likes, de maneira perigosa e irreversível. Grandes personagens da música brasileira não fazem um show por mês com cachê em menos de 10% de intérpretes “modinha” que chegam a ganhar mais de meio milhão de reais por um show mequetrefe e imbecil.
É o início do fim da linha para a música brasileira e para a capacidade de transmitir ideias, opiniões e pensamentos através da música..
Em suma, vou continuar dançando, conforme cada música que me agrada em cada momento, prefiro Nietzsche do que este povo estulto das redes sociais imberbes.
(1) “Top 5 das vozes femininas”
(*) Inquestionavelmente, esta frase é uma ironia pois não existe este tipo de artista e nem existe fã incondicional que pense.
Charge: DUKE
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Observações, sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são bem vindos.
- Coloquem aqui, nos comentários ou na página do Facebook, associada a este Blog, certamente serão todos lidos e avaliados.
- Alguns textos são revisados, outros apresentam erros (inclusive ortográficos) e que vão sendo corrigidos à medida que tornam-se erros graves (inclusive históricos).
- Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.
- Caso queira fazer comentários no texto, clique aqui e envie mensagem para pyxis at gmail.com e, certamente, faremos a autorização.
Agradeço a compreensão de todos e compreendo os que acham que escrevo coisas difíceis de entender, é parte do “jogo”.