Mito da Caverna
Certamente, o Mito da Caverna é o texto mais conhecido sobre a percepção humana das coisas. O “Mito da Caverna de Platão” suscita várias interpretações mas pode-se adotar várias conclusões que prestam-se para os dias atuais. A principal seria a questão do conhecimento obtido pelos atributos sensoriais das pessoas, o que, com toda a certeza, não passa de uma opinião.
O “Mito da Caverna”, a “Caverna de Platão” ou qualquer outra parte de “A República” mostra que todo conhecimento advém da discussão. O debate de ideias que a filosofia proporciona é que faz avançar o conhecimento e a inteligência. Com toda a certeza, não são as formas e percepções que cada indivíduo tem de coisas que faz o crescimento.
Desse modo, vivemos hoje numa Caverna de Platão ao contrário, as pessoas recebem percepções, opiniões, visões de fatos e assumem como fatos e “verdades”.
A frase “… não me venham com fatos pois já tenho opinião formada…” virou filosofia de vida. Filosofia essa, daquelas pessoas que não tem nenhum conteúdo, e se fiam em influenciadores e proselitistas de redes sociais.
O Dilema
Certamente, este texto não se presta para nenhum debate filosófico. Inquestionavelmente, a nossa pretensão é mostrar para as pessoas, de qualquer nível cultural e social, que as redes sociais devem ter severas críticas.
As eleições recentes mostraram um novo perfil dos eleitores e das pessoas conhecidas como influenciadoras. Se, anteriormente, os patrões influenciavam seus empregados a votarem neste ou naquele candidato, agora a coisa piorou. O controle está nas mãos de quem tem habilidade em se colocar nas redes sociais 280 caracteres (específico do Twitter). Portanto, a chave do convencimento é escrever aquilo que os teleguiados querem ler.
Como se não bastasse, os neófitos de redes sociais se acham conhecedores de tudo e não se fazem de rogados em compartilhar desmedidamente qualquer sandice.
O grande dilema está entre fazer a inclusão digital como forma de acesso ao poder informacional e controlar os malefícios de proselitistas e aproveitadores.
As eleições municipais provaram que não existe debate e que o pior ainda está por vir.
WolfPack e o Mito da Caverna
Assim sendo, tenho usado a questão dos debates filosóficos numa trilha sobre a “Manipulação de Massas” que a humanidade sofre. Adicionalmente, associo questões filosóficas, com séries ficcionais e documentários para sugerir que as pessoas parem e pensem sobre cada coisa que os cerca.
Por exemplo, o Mito da Caverna de Platão tem uma antítese, o filme “The Wolfpack“, um documentário que retrata um pouco a vida de sete irmãos que nunca saiam de sua “caverna” (um apartamento em NYC). Pode parecer estranho, mas os meninos viviam enclausurados e tudo que tinham de acesso ao mundo era através da TV, filmes etc. A educação tradicional era de responsabilidade da mãe, enquanto o pai era o único que saia da “caverna” urbana. Surpreendentemente, tudo muda quando um dos filhos completa 15 anos e resolve explorar a cidade fora de seu apartamento.
A princípio, não quero me passar por crítico de arte ou filósofo. Entretanto, é necessário contrapor as duas questões e apresentá-las para o debate sobre os efeitos de nossas redes sociais. O isolamento a que muitos de nós estamos submetidos é uma espécie de “Caverna de Platão” ao contrário. Em suma, o caso dos “meninos-lobos” de NYC é assustador.
Derrotas e Vitórias
Em suma, de muito pouco tem adiantado os estudiosos no assunto tecerem seus comentários sobre os efeitos desta ou daquela discussão filosófica. Com toda a certeza, a maioria já tem opinião formada, à partir de algum “influencer“, “Youtuber” ou praga moderna que o valha. Até mesmo pessoas que vão para o debate estão se rendendo ante a estultice coletiva.
Atingimos, cruelmente, o ponto em que pessoas respondem com: “esta é a sua opinião, eu tenho a minha” de forma definitiva. Assim sendo, determinam que não sairão da sua caverna mental, não admitem a hipótese nem de ampliar o debate para além de suas próprias convicções.
Está faltando muito conteúdo para todos, a “pressa” de usuários de redes sociais e telefones celulares está colocando em risco a capacidade pensante das pessoas.
E, infelizmente, coisas erradas tem se tornado senso comum e, enfim, como disse Goebbels, repetidas mil vezes tem se tornado “verdades”.
Recomendo a todos que vejam o filme, sem muito rigor quanto ao enredo, produção ou abordagem da documentarista. Por outro lado, sugiro que leiam todos os textos sobre o “Mito da Caverna“. E, adicionalmente, se coloquem a pensar sobre a caverna que cada um cria sobre si mesmo.
Assim sendo, de outro modo, estaremos ampliando o mercado de trabalho de psicólogos e psiquiatras. E estes profissionais da saúde mental não darão conta de tantos psicopatas e sociopatas que as redes sociais produzem.
Imagem: Site Escola e Educação
Nota do Autor
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