Fla-Flu ou Gre-Nal ?
O que a igualdade social tem a ver com o anagrama de dois dos maiores confrontos futebolísticos do país?
A princípio, nada, contudo, é provável que as igualdades e desigualdades estejam paralelas, mas em alinhamento. Cheguei a pensar, durante minha vida de futebolista, que a maior e mais terrível rivalidade citadina, fosse o Fla-Flu. Estava completamente errado, o Gre-Nal supera tudo. E lá vamos nós para mais um diversionismo e ver se chegamos a algum lugar.
Depois da Copa do Mundo, ou melhor, depois da Copa das Confederações, quando houveram as tais manifestações de massa, muita coisa mudou. Pouco antes da Copa, aparentemente por causa de R$0,20 de aumento de ônibus, o país entrou na espiral de manipulação de massas.
De maneira absurda e irracional, a mídia e os golpistas chamaram aquele ano de “O ano que o Gigante Acordou“.
Com toda a certeza, nada mais patético e que gerou efeitos devastadores.
Assim sendo, a igualdade social, em exibição como uma desigualdade, faz com que as pessoas pensem quem tem que ser assim.
Após a Copa das Confederações, as patetices dos manipuladores caíram no esquecimento.
Em suma, a nossa sociedade apodreceu sob o jugo déspotas, que perderam nas urnas, e tinham o propósito de desrespeitar a vontade popular.
O brasileiro medíocre não tolera a igualdade social. Para ele, a qualidade de vida individualizada não significa viver de acordo com o que ele merece ou planeja. O mais importante, e seu objetivo de vida, é ser reconhecido por todos como melhor que o outro. Mesmo que sejam somente aparências. Adaptação de ideia que circula na Internet.
Igualdade Social
Entretanto, o que deveria ser um debate sobre igualdade social, virou briga de torcidas organizadas. A desigualdade social explodiu e todos os pequenos avanços de grande parcela da população pobre esvaíram-se. A disputa por um lugar ao sol saiu das arquibancadas, foi para as ruas e virou combate entre torcidas desorganizadas.
Em outros tempos e noutras sociedades/nações, a luta pela igualdade social foi ou é diferente. Aqui no Brasil, embora digam que é um país democrático, as diferenças de gênero, descendência racial, posses patrimoniais e grupos sociais determinam direitos e deveres.
A falácia em uso nestes casos é a Argumentum ad Populum, também conhecida como “apelo à quantidade“. Brasileiro é, sobretudo, egoísta e individualista. É a lição que ele aprende desde o berço, com pais superprotetores. Seja para a escolha do time de futebol, nas eleições e em outras situações, poucos se sentem confortáveis como perdedores.
A história da humanidade, e no Brasil é assim, tem sua versão como um troféu dos vencedores. Todos querem contar a sua história e não admitem estar ao lado de perdedores. Por isso nem no berçário as crianças fazem escolhas.
A igualdade social deveria começar pelos direitos e acesso amplo, geral e irrestrito a benefícios básicos. Educação, saúde, trabalho, moradia, é o mínimo que a tal Constituição Cidadã, tão vilipendiada, preconiza. Contudo, o que se vê é o maniqueísmo na educação básica e pobres pedindo o fim do SUS.
Com toda a certeza, a hipocrisia campeia e o fundo do poço é logo ali
Desigualdades
De acordo com Rousseau e outros filósofos mais contemporâneos, o desrespeito aos direitos fundamentais proporciona satisfação para alguns poucos. Aqueles de classe social mais favorecida conseguem, parcialmente, seus objetivos. No Brasil, é caso de polícia e a maioria dos que querem atingir seus objetivos, precisam passar por cima de tudo e de todos.
Logo, o círculo vicioso é perverso, cheio de más intenções, além de manter a maioria das pessoas sob domínio mental.
Inegavelmente, essas desigualdades levam de roldão os pobres e aqueles que mais necessitam de igualdade social. Saem da escola mais cedo, começam a trabalhar mais cedo em atividades mais insalubres e, desse modo, possuem maiores dificuldades. Como se não bastasse, os déspotas e classes dominantes pagam outros pobres para que sonhem que são iguais a eles. Estes vassalos ficam ao lado dos que querem o fim dos direitos trabalhistas, imaginando que vão explorar outro homem algum dia. Pensam nos seus lucros e detestam a intervenção do Estado para tudo, pensam que o Estado não pode atuar sobre suas vidas.
Estes capitães-do-mato pensam que estão à margem das bolhas sociais.
Pobre e de Direita
Tim Maia falou sobre porque o Brasil não pode dar certo. Um dos motivos é que pobre de direita é uma aberração política. Existem diversos textos, como o de Bertolt Brecht sobre o analfabeto político, que deveriam ter compreensão mínima pelo povão. Entretanto, passam longe das redes e dos celulares das pessoas que deveriam fazer uma leitura com atenção.
Nossos pobres não têm capital e nem propriedade e pensam que o embate capital x trabalho não existe mais. Imaginam que por conseguirem frequentar uma faculdade os farão melhor do que o outro. Como no texto anônimo, é mais importante ser egoísta do que pensar um metro além do próprio umbigo.
O pobre de direita serve aos seus donos burgueses, sonha em ser o cão de guarda de alguém com poder. Este pobre nunca vai ter dinheiro, e é um figurante no fascismo e, para agradar as oligarquias. Desse modo, sonha com uma promoção, quem sabe, para capitão-do-mato. Enquanto isso, representa o papel de machista, homofóbico, racista, sexista e outros “atributos”.
Enfim, estes tipos “… comem angu com couve e arrotam estrogonofe …”
Como se não bastasse a tragédia que vivemos, esses aprendizes de lacaios se proliferam como fake news nas redes sociais !
Charge: Mafalda
Nota do Autor
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