Síndico – Tim Maia
Tim Maia brigava com todo mundo. OPS !!!!, #SQN, quase todo mundo não aceitava Tim Maia. Ele era o cara, o verdadeiro e único Síndico. Entretanto, ele não era reconhecido como tal, da mesma forma que muitos dos grandes artistas, teve mais sucesso depois que faltou aqui na Terra. Assim sendo, quando vejo, ouço ou leio de produtor musical, produtores de shows, diretores de TVs, et caterva, falando bem do “síndico”, nestes 20 anos sem o nosso profeta, enjoa e enoja.
O Cara
Em suma, Tim Maia tinha tudo, fez de tudo, teve sua vida retratada num filme que gerou polêmica (até depois de morto o “cara” gera paixão e ódio). Em outras palavras, ele tinha um gênio forte, firme, radical e objetivo que era “agressivo” (na visão daqueles que o odiavam e preferiam falar da pessoa e não das ideias). Era taxado de machista, preconceituoso, viciado, mas tinha um talento maior e mais denso que o seu excesso de peso e a sua gordura,
Por outro lado, encarava a tudo e a todos de maneira peculiar; fazia discos e músicas proféticas, sábias e filosóficas. Sua discografia revela uma riqueza de sons e experimentos que nos deixa extasiados. Um verdadeiro descobridor dos sete mares.
Tim Maia
Certamente o artista deixou sua marca muito além da imagem passada pela mídia. Fez músicas que somente ele poderia interpretar, músicas que somente intérpretes especiais e únicos podiam cantar.
Naquele 8 de março de 1998, Tim Maia subiu no palco do Teatro Municipal de Niterói e não completou a apresentação. De acordo com a imprensa “alternativa”, especulou-se que seria mais um dos seus piripaques. Não era, com certeza passou mal, entrou num hospital e saiu de lá para o cemitério.
Faz muita falta o crítico que encarava todo mundo, do todo-poderoso da Globo aos políticos no poder. Todos o temiam e sua profecia de que o Brasil não pode dar certo, está comprovada. Nem a Máfia deu “certo” no Brasil. No país onde prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante fica viciado e, além disso, tem pobre que é direita, a chance de termos gente que pensa é remotíssima.
Fosse vivo, Tim Maia teria alguma coisa a dizer para um país em que 100 milhões de ligações dando dinheiro para a Rede Globo e seu BBB e que deixam à míngua a ciência e pesquisa do país, com evasão de cabeças pensantes. Não pode dar certo.
Do Leme ao Pontal
A biografia do artista, principalmente aquelas de “enciclopédia”, são pequenas para a grandiosidade do artista. As diversas homenagens e produções, inclusive cinematográficas, não teriam, certamente, a assinatura do síndico. Esta metamorfose ambulante questionaria sua própria biografia e escreveria alguma música a respeito de todas as abordagens.
Tim Maia, nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 – Niterói, 15 de março de 1998), foi um cantor, compositor, maestro, produtor musical, instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução dos gêneros soul e funk na música popular brasileira e reconhecido como um dos maiores ícones da música no Brasil. Nasceu e cresceu na cidade do Rio de Janeiro, onde, durante a juventude, conviveu com Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, no qual cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas. Em 1970, gravou seu primeiro álbum, intitulado “Tim Maia”, que, rapidamente, tornou-se um sucesso com músicas como “Azul da Cor do Mar” e “Primavera”.
Fonte: Wikipedia (Português)
Classe Dominante
Tim Maia não apenas lutava contra uma classe dominante Infecunda(1), imunda, hipócrita, destas que comemora a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes. Nesta data, optei por falar dos 20 anos do Síndico. Marielle e Anderson serão lembrados daqui um mês.
Assisti ao filme biográfico sobre este enorme personagem da nossa história cultural. Particularmente, não gostei do que vi pois desfez muitas ideias que eu tinha do artista, pessoas próximas a ele também fizeram suas críticas. Atuei, durante muitos anos, com sonorização mecânica. Meu sonho era de, ao menos uma vez, tomar conta do som numa “passagem” de áudio do Tim, só para ele pedir mandando “cadê o grave?” ou “cadê o retorno?” e eu, em seguida, abriria um sorriso e colocaria os woofers para fazerem tremer o planeta.
O Síndico não deixaria barato, enfim, a saudade é imensa !
Abaixo a Mediocridade
Nestes 25 anos do síndico é mais do que necessário um tributo à qualidade do artista. Desse modo, entramos na modinha das novas tecnologias e plataformas digitais, que não escapariam da fúria do Tim.
Imaginemos que Tim Maia esteja cansado de ver tanta mediocridade na música brasileira. É provável que ele não aguenta mais ouvir as mesmas batidas genéricas, as letras vazias e as vozes ocas dos Tik Tok da vida. Ele sente falta da época em que a música tinha alma, personalidade e originalidade.
Assim sendo, ele decidiu que era hora de voltar à cena e mostrar ao mundo o que era um verdadeiro artista. Pegou seu celular e criou contas no Twitter, no Instagram, Kwai, Tik Tok, Spotify, tudo. A partir daí postou fotos e vídeos de seus shows antigos, de seus discos de ouro e de suas frases icônicas. Como se não bastasse, começou a seguir e a comentar nas postagens de outros perfis, mas não para elogiá-los, e sim para criticá-los.
Polvorosa
Como ótimo síndico, sem papas na língua, não vai poupar ninguém daqui em diante. Mudou alguns gêneros musicais como, por exemplo, funk de “barulho”, sertanejo de “chororô”, pagode de “mela cueca” e rap de “conversa fiada”. Ele disse que o rock morreu, o pop tupiniquim era falso e que o MPB era chato, no que teve apoio de outros contemporâneos. Entretanto, além de provocar os ídolos da geração Z, alfinetou os veteranos e até os novatos em ascensão. Certamente, Tim não tinha medo de ninguém e era sincero, como sempre.
Ele era o Tim Maia, o síndico, o rei do soul brasileiro, único e inimitável, tocando terror nas narrativas musicais insossas.
Sua atitude causou um rebuliço nas redes sociais e colocou os farsantes em polvorosa. Nós, os fãs, apoiamos e o defendemos, pois a sua coragem e sinceridade era somente o que sempre tivemos dele. Por outro lado, entendemos que ele deveria lançar um novo álbum, que teria mais sucesso do que muito enganador de rede social.
A patuleia e os invejosos logo o reprovaram e o atacaram – ah! estes haters malditos ! – pela sua arrogância e grosseria. Disseram que ele era um velho amargurado (haja etarismo!), que ele estava caquético. E, como se não bastasse, começaram a resgatar episódios polêmicos de sua vida, como suas brigas, suas dívidas e seus vícios.
Vida que Segue
Tim Maia não se importou com as críticas e continuou a postar e a alfinetar os outros cantores. Anunciou, também, que iria fazer uma live no YouTube, onde iria cantar seus maiores sucessos e lançar uma música inédita. Seria, sem dúvida, o maior evento musical da história e que iria calar a boca de todos os seus haters.
No dia marcado, milhões de pessoas se conectaram para assistir ao Tim Maia, live in Rock in World, concorrente do Rock in Rio. Ele apareceu na tela com um sorriso no rosto, um microfone na mão e uma banda ao fundo, pedindo “cadê o retorno?”.
– Eu voltei, para desespero desses pobres de direita e canastrões da cena musical no Brasil.
Ao começar a cantar com sua voz potente e emocionante não houve aquele que não se emocionasse. “Azul da Cor do Mar”, “Primavera”, “Gostava Tanto de Você”, “Não Quero Dinheiro” e tantas outras canções que marcaram sua carreira. Ah!, e a sua música nova, “Eu Sou o Tim Maia” ficou para o final e para o “bis”. Uma música autobiográfica, onde ele contava sua trajetória, suas conquistas, suas dificuldades e suas opiniões, sempre certeiras e originais. Com toda a certeza uma música com ousadia, provocativa e muita alegria.
Esta live hipotética, prestes a se concretizar através da inteligência artificial e suas regenerações, será um sucesso. Receberá milhares de comentários, curtidas e compartilhamentos além de muitos elogios, de fãs, de amigos e até de alguns haters. Enfim, o verdadeiro artista poderá continuar a fazer o que sabia fazer melhor: cantar.
O eterno síndico, e ninguém vai tirar isso dele.
(*) Revisado e atualizado em março de 2023
(1) “Classe Dominante Infecunda”
Imagem: Reprodução Internet
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
- Os textos de “Entre sem bater” são opinativos/informativos, inquestionavelmente com o objetivo de estimular a reflexão e o debate.
- Sugestões, indicações de erro e outros, uma vez que tenham o propósito de melhorar o conteúdo, são importantes. Basta enviar e-mail para pyxis at gmail.com, página do Facebook, associada a este Blog, ou perfil do Twitter, Threads, Koo etc.
- Alguns textos sofreram revisão, outros ainda apresentam erros (inclusive ortográficos) e sofrerão correção à medida que se tornam erros graves (inclusive históricos).
- Algumas passagens e citações podem parecer estranhas mas fazem parte ou referem-se a textos ainda inéditos.