Intolerância Digital - Redes Sociais

A intolerância digital não é uma coincidência

Intolerância digital

A era digital trouxe consigo uma revolução na forma como nos comunicamos, interagimos e compartilhamos informações. No entanto, esse avanço tecnológico também deu origem a um fenômeno preocupante: a intolerância digital. Nas redes sociais, espaços que deveriam promover a conexão e a diversidade, observamos um aumento significativo na polarização e no discurso de ódio.

Primordialmente, a intolerância é o alimento essencial das redes sociais, com direito a retroalimentação. A maioria delas premia a intolerância digital, esconde ícones de “Não Curti” e dá significados diferentes para outras manifestações.

Talvez, seja este o oxigênio de que precisam, para crescer e sobreviver. Assim como a violência alimentou torcidas organizadas e o fanatismo religioso alimenta a discórdia e guerras.

Redes Sociais

A intolerância digital manifesta-se de diversas formas nas redes sociais, desde comentários ofensivos até campanhas de difamação virtual.

A polarização de opiniões políticas, religiosas e sociais atingiu um ponto em que o diálogo construtivo inexiste. Em muitos casos, a intolerância digital leva à exclusão de vozes dissidentes, criando bolhas de opiniões convergentes. Desse modo, somente o pensamento único prevalece, onde apenas opiniões semelhantes têm validade.

Alguns perfis defendem que considerações sobre a “lógica” de comportamento de programas de computador, têm reprodução na nossa sociedade digital. Redes sociais como Facebook, Netflix, Spotify, Google, LinkedIn e outras, usam de algoritmos de “aproximação” que se repetem no mundo real.

O que leva estes usuários, que não passam de compartilhadores de opinião, à ilusão de serem “únicos” e mais inteligentes?

Certamente, não é a percepção de que perderam a privacidade, a identidade, a personalidade e até o caráter.

Eu, da mesma forma, evito o uso dessas artimanhas em alguns sites e domínios que sou responsável, nenhum próspera.

Por exemplo,  se você procura algum produto, quando for visitar outros sites, terá anúncios comerciais do que você procurou. Essa “inteligência” é fácil de implementar. Conta com a preguiça mental das pessoas, com o imediatismo e a pressa dos usuários de redes sociais.

Teleguiados

Os produtos e/ou serviços são parte da estratégia de cooptação de perfis e dos seguidores cegos.

Além disso, sugerem às pessoas que atuem na linha do “só quero saber do que pode dar certo“. E, atualmente, ampliaram massivamente para o ” só quero saber de quem concorda comigo“.

Não é por acaso que o Facebook demorou uma eternidade para colocar ícones comedidos além do “CURTIR”. Certamente, a demanda sobre o ícone “NÃO CURTI” é enorme e não vai aparecer nunca. Milhões de pessoas, usuárias de redes sociais no mundo inteiro, percebem isso. Por outro lado, alguns ícones são de dupla ou tripla interpretação, o que amplia a comunicação falha a cada manifestação.

Entretanto, num espaço em que as notícias ruins, as fofocas, os boatos e farsas prosperam, falar a verdade ou ser sincero, vira crime.

Vejam, comparativamente, textos que publico tratam de doadores, e outro que fala sobre o crime da Samarco. Desse modo, fica fácil avaliar a audiência (ibope), interesse e compartilhamentos. É fácil descobrir o que é mais atrativo e o que é pura intolerância digital e desrespeito.

Acrescente-se que prosperam as farsas virtuais, de maneira irresponsável e criminosa.

e-Farsas

Acredito que dei contribuições, de acordo com as minhas disponibilidades, ao evitar a proliferação de mentiras, por meio do site e-farsas.

Dessa forma, cansei de avisar amigos e conhecidos, inicialmente “inbox“, da incidência do compartilhamento de mentiras. Fui execrado e recebi mensagem que “você não tem nada a ver com isto“. Imediatamente, abandonei a posição de “só estou avisando que você está compartilhando uma mentira“.

Ao ver que um destes “sábios” das redes sociais compartilhavam uma mentira (comprovadamente uma farsa), sempre fiz comentários para desmascará-la.

Qual foi, portanto, a desculpa de cada compartilhador de farsas (posição adotada por quase todos pegos em flagrante mentira!) ?

Este pessoal não entende de ironias.

Você não sabe o que está falando.

Fulano, de onde saiu este retardado.

A intolerância, que identifiquei como “Fla-Flu” nas redes sociais, ressurgiu nas eleições de 2014 e recrudesceu, criminosamente, desde então.  É notório o aumento perigoso de uma situação de explosão da discórdia real, a partir da intolerância no mundo virtual.

Tolerância

O ponto de inflexão da tolerância nas redes sociais é um fenômeno crucial que exige melhor compreensão. À medida que a intolerância cresce, os usuários enfrentam dilema. Cedem à negatividade e ao confronto constante ou adotar uma postura mais tolerante e aberta ao diálogo. Por outro lado, existem os que fogem de qualquer posicionamento ou flexibilidade.

Esse ponto de inflexão é a linha tênue entre contribuir para a escalada da hostilidade digital e promover uma cultura online mais inclusiva.

A promoção da tolerância digital requer esforços coletivos que nossa sociedade não adquiriu preparação para exercer. Plataformas de mídia social, usuários individuais e até governos desempenham papéis importantes na mudança desse cenário. Ferramentas de moderação eficazes, educação sobre comportamento online responsável e políticas de combate ao discurso de ódio são cruciais.

Enfim, fugir do debate ou ceder à intolerância nunca foram solução para criar ambientes virtuais mais saudáveis.

Fim do Mundo

Em suma, repito o que escrevi, desde sempre, o clima de ódio (detesto e raramente uso esta palavra) instalou-se sem retorno. Definitivamente, não tem Jesus Cristo que volte à Terra e que possa resolver o assunto, ou pior, muita intolerância é em nome dele.

Ainda não chegamos ao fundo do poço, mas estamos, com toda certeza, caminhando a passos largos. Quando até o Poder Judiciário exerce intolerância digital, e lembramos de músicas da Jovem Guarda ( “Senhor Juiz, pare agora !” ), é porque ainda estamos caindo rápido.

Enfim, enfrentar a intolerância digital exige uma mudança cultural que promova o respeito à diversidade de opiniões. O ponto de inflexão da tolerância nas redes sociais está em nossas mãos. Chavões como optarmos por uma abordagem mais empática, construtiva e consciente ao interagir online são apenas uma proposta.

Vai vendo …

 

Charge: Rico Studio

Nota do Autor

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