Os relinchos da mídia

Coices e relinchos da mídia esportiva

Pátria de Chuteiras

Em tempos de Copa do Mundo, retomo algumas leituras como o ´Pátria de Chuteiras` de Nélson Rodrigues. A princípio, não gosto de escrever muito sobre isso, muita gente fica fora de órbita que nem Rivotril resolve. Esta edição do dia dos namorados não poderia ser mais ´romântica`, falarei de coices e relinchos, por isso entrei na onda.

Resolvi pegar uma crônica feita por um jornalista, publicada posteriormente à Copa do Mundo de 1966. Naquele texto, o sempre brilhante cronista, fala de seus coleguinhas de imprensa, que foram à Copa da Inglaterra. De acordo com o autor, voltaram relinchando e despejando idiotices e toda a viralatice típica.

Decerto, na máquina de datilografia do folhetinista é poesia, no meu teclado é falta de educação e grosseria.

Que se danem os vira-latas rurais !

Os Vira-Latas e seu Complexo

O mestre na arte de capturar as idiossincrasias da sociedade brasileira em suas crônicas foi quem cunhou a expressão. Com um olhar agudo e uma pena afiadíssima, ele desvendou os níveis de hipocrisia e os desejos ocultos que permeiam o cotidiano. É provável que sua  contribuição mais notável foi a conceituação do “complexo de vira-latas”. Uma expressão que, certamente, descreve a tendência dos brasileiros em desvalorizar o que é nacional em favor do que vem do “Primeiro Mundo”.

Rodrigues via essa síndrome como um reflexo da baixa autoestima coletiva, uma rejeição das próprias raízes e uma admiração servil por outras culturas. Essa ideia ressoa no país que, mesmo após séculos de independência, luta para encontrar seu lugar no cenário global enquanto nação.

Mídia e o Complexo

Hoje, em meio à babel midiática, onde as redes sociais e a internet amplificam vozes e opiniões, o termo “complexo de vira-latas” é normal. No entanto, muitos dos que usam a expressão desconhecem seu contexto original e a profundidade do pensamento de Rodrigues. A frase se tornou um chavão, aplicável para criticar sem qualquer reflexão sobre as nuances e as raízes históricas do complexo real.

A realidade é que o “complexo de vira-latas” vai além de uma simples insegurança nacional. É, sem dúvida, um sintoma de questões complexas, como o colonialismo, a desigualdade social e a constante busca por uma identidade. O cronista do cotidiano, com sua perspicácia, não apenas identificou essa tendência, mas também a desafiou. Desse modo, instigava seus leitores a reconhecer e valorizar a riqueza e a singularidade da cultura brasileira.

Num palco (redes sociais) para expressar suas opiniões, é crucial lembrar a importância de entender as origens e o contexto das ideias que compartilhamos. O “complexo de vira-latas” é real, e devemos olhar para dentro com honestidade e orgulho. Reconhecer nossas falhas e desvios é necessário, mas também celebrar nossas conquistas e nossa herança cultural única.

Relinchos Digitais

Coloquei-me 52 anos depois, uma vez que, nos dias de hoje, está tudo muito parecido. Com a mesma temática de copa do mundo, “pátria de chuteiras“, sou “brasileiro com muito orgulho” e outras sandices que associam política e futebol.

Acompanho, nesse meio tempo, os relinchos de alguns representantes (?) da mídia (?) rural na Copa do Mundo. Dá vergonha antes, imagina depois.

Um deles, em especial, é como um pangaré velho ao relinchar suas matérias de enviado ´especial`. Ah! Se não fosse um sevandija-golpista do condomínio, passaria fome, sobretudo por ser tão incompetente e vira-latas.

Enfim, é muito deprimente !

Relinchos Rurais

Além disso, juro que tentei dar algum romantismo para este assunto, nesta data, em vão.

Consegui reproduzir um destaque em que Nélson Rodrigues comparava o profissional da mídia inglesa com o brasileiro, falando da lua. RISOS !

Dizia ele ´…Ponham um inglês na Lua. E na árida paisagem lunar, ele continuará mais inglês do que nunca. Sua primeira providência será anexar a própria Lua ao Império Britânico …`. E prosseguia se referindo ao brasileiro ´… Mas o subdesenvolvido faz um imperialismo às avessas. Vai ao estrangeiro e, em vez de conquistá-lo, ele se entrega e se declara colônia …`.

No caso do profissional (?) da mídia rural, acontece o mesmo. As ´brigas` pelas viagens e diárias para uma Copa do Mundo são ferrenhas. E este profissional relincha antes, durante e depois, e fazer um trabalho profissional, nem pensar.

Somos Azuis

Mas onde entra o Cruzeiro e sua torcida neste contexto ?

A lógica é simples, à  medida que vão profissionais para a Copa, sobra espaço para os rurais atuarem, nacionalmente. Desse modo, sobra espaço para os incompetentes do Arraial do Curral Del Rey. É o momento de mostrarem suas ´qualidades` e seu complexo de vira-latas na plenitude.

Como se não bastasse, a incompetência dos representantes da mídia mineira, e dos cruzeirenses nesta mídia é predominante. Assim sendo, a tacanhez e amadorismo ficam expostos em tempos de Copa do Mundo, de maneira vergonhosa. Os caras não se dão ao trabalho de ler e estudar nada. São verdadeiros ignorantes, com toda a tecnologia do mundo na ponta dos dedos.

Esta praga é contagiosa. A pressa, que antes era inimiga da perfeição, virou inimiga da verdade. Em outras palavras, é pior do que aquele ministro que declarou para a Globo que ´… algumas coisas a gente mostra, outras não …`. Certamente sob a égide e a critério de quem manda neles.

Por exemplo, ver cruzeirenses defendendo o ´torcer para a Seleção` é o fim da picada. Outrossim, pseudoargumentos do tipo ´política e futebol não se misturam` dão ânsias de vômito.

Por outro lado, ver cruzeirenses menosprezando a questão da politização feita pelo apelo do futebol é o fim do mundo. Uma demonstração que as redes sociais estão criando gerações inteiras e inúteis e teleguiadas. Que vivem repetindo os relinchos dos midiáticos de redes sociais.

Coices e Relinchos

Certamente, os meus inimigos (e até alguns amigos) dirão: ´mais uma falta de educação`. Ou como ouvi de um destes patetas: ´você tá com inveja` (inveja de quê mesmo?).

Sim, vocês estão certos. Entretanto, defendam seus animaizinhos de estimação pois eles não sobrevivem sem vocês. E não importa se eles torcem para o Cruzeiro ou para o 6a1o. Não são filhos de chocadeira, conforme sugeriu João Saldanha, são apenas péssimos profissionais, que vocês sempre sustentaram.

Escrevo e separo as coisas; os fins não justificam os meios, em lugar nenhum, no futebol, na política, na vida. Falo de derrotas esportivas vergonhosas, como foi o “7 a 1“, já esquecido por todos, e não eximo nem meu time. Torço pelo meu time, este negócio de torcer por seleção ou, como se não bastasse, por time de outro estado, é coisa de gente estulta. Depois que se travestiram de seleção para se posicionarem politicamente, minha teoria se confirmou.

Por isso, não me venham com mimimi de rede social. Vocês misturam futebol com política, torcem para ´selenike` e tem relinchadores de estimação.

Em síntese, me poupem, admitam que vocês tem relinchadores de estimação. Dói menos !

P.S.

(*) Assim como fez Nélson Rodrigues, na crônica inspiradora desta singela coluna, faço uma pequena ressalva. NÃO SÃO TODOS que relincham. Na mídia mineira são muitos, maioria, quase todos, mas existem raríssimas e honrosas exceções. E as exceções, surpreendentemente, não são segregadas por gênero, raça, ou opções clubísticas, religiosas ou políticas.

 

Charge: Erlich

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