HSBC - O Banco dos Carteis

Dinheiro Sujo – Banco dos Cartéis

Dinheiro Sujo

Dinheiro sujo, da série original “Dirty Money” da Netflix, trata de questões que podem parecer distantes do Brasil e brasileiros, entretanto, são problemas globais. Em outras palavras, quando tratamos de alguns assuntos, e indicamos como problemas, é porque algumas coisas imorais ou ilegais acontecem. Neste texto, falaremos de um tema que na série Netflix recebeu o título de “Cartel Bank” (  ou numa livre tradução, O Banco dos Cartéis ). Neste episódio, analogamente aos demais, existe um personagem principal e neste caso é o banco HSBC – o Hong Kong and Shanghai Banking Corporation.

Desse modo, ao contrário dos textos baseados em outros episódios, temos uma relação direta e perigosa similar no Brasil. Por outro lado, o texto publicado originalmente não se baseava em fatos escancarados da política tupiniquim(*). Com toda a certeza, quando se é auditor em essência, coincidências não existem e repetição de farsas são verdadeiras tragédias.

Em suma, todos os episódios da série “Dirty Money” tem se mostrado a dura e cruel realidade no mundo inteiro. Como se não bastasse, a impunidade não é privilégio de países do terceiro mundo ou com elevada corrupção. Surpreendentemente, aqueles que acham a impunidade corrupção o grande problema do Brasil, deveriam ver os episódios, especialmente este “Banco dos Cartéis” e repensar sua vida inteira.

Banco dos Cartéis

Existe, no mundo da investigação criminal e da auditoria uma frase lapidar: Siga o dinheiro !

Em outras palavras, não importa a mercadoria, quantas pessoas se beneficiam, quantas são assassinadas, como vivem as “mulas”, o que cada um faz. Para os donos dos cartéis e quem comanda as máfias, nada disso importa, tudo e todos são descartáveis, rei morto, rei posto. Para descobrir quem ganha, de verdade, siga o caminho do dinheiro, e, desse modo, o episódio conseguiu descobrir qual o caminho do dinheiro entre o consumidor de uma droga e o grande beneficiário. Certamente, como acontece com todos os cartéis, crimes e contravenções, o dinheiro importante passa por bancos. Aliás, não apenas cartéis de drogas utilizam de instituições financeiras internacionais, vale para armas, politica, terrorismo, igrejas, milícias, futebol, pecuária, obras de arte etc.

HSBC

O sistema é bruto, sabemos disso mas não percebemos, no episódio em questão, foi nominado como o Banco dos Cartéis o HSBC, desde a aquisição que fez de um banco mexicano. Contudo, os encaminhamentos dados pelo Poder Judiciário dos EUA, no caso do envolvimento com tráfico de drogas e terrorismo foi assustador. Os acordos de leniência e delação premiada são bem parecidos com o que aconteceu no caso “Operation Car Wash” que ainda está na pauta em Pindorama.

Como sempre pode piorar, o caso do HSBC passou limpo no Brasil e o Bradesco assumiu as contas correntes ou chegou a duvidar que o Banco Central do Brasil (BCB) fizesse algum tipo de verificação, analogamente ao que foi feito nos EUA.

É provável que o BCB acredite que depois do PROER e outras ações do Governo, problemas semelhantes aos protagonizados pelo “Banco dos  Cartéis” não aconteçam no Brasil. Além disso, Receita Federal e outros órgãos de controle nem devem se lembrar de alguns casos como:

  • Banco Bamerindus
  • Banestado
  • Banco Econômico

Em outras palavras, a população brasileira precisaria ser lembrada pela mídia destes casos e como milhões de brasileiros foram prejudicados, Nem vou muito antes com escândalos como “Coroa-Brastel” e afins pois se não se lembram do HSBC, muitos nem eram nascidos quando a maioria destes escândalos “pipocou”.

Lavanderia

Existe uma expressão, mundialmente aceita, quando se trata de pegar um dinheiro sujo (Dirty Money) e utilizá-lo como dinheiro limpo. Os episódios da série mostram como em diversas áreas e, em todas elas, o concurso dos bancos e instituições financeiras é essencial.

A imagem de um traficante ou político com um baú pesando uma tonelada com papel moeda entrando num banco é surreal. Malas de dinheiro foram encontradas na casa de um político investigado e ninguém é dono do dinheiro. Típico “me engana que eu gosto” que os que dizem não ter “bandido de estimação” nem gostam de debater.

A lavanderia diz respeito ao dinheiro sair do país, para alguma offshore e depois retornar com este dinheiro em investimento em algum negócio limpo. É provável que o termo tenha se originado nos Estados Unidos em que contraventores investiram em lavanderias. Estas lavanderias davam muito prejuízo ou pouco lucro, assim o dinheiro saía limpinho e o negócio era legal.

Estamos, em pleno 2021, após a aprovação da Lei 14.193/21, que institui a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), no limiar de vermos times de futebol se transformarem em lavanderias. Indiscutivelmente, pelo que li e entendi da Lei, vai ser muito fácil um clube com grande dívida ser “vendido” para um investidor nacional, travestido por um fundo de investimento nacional, trazer dinheiro e ter sua lavanderia montada. E, como se não bastasse, as dívidas poderão ser roladas entre 6 e 10 anos. É algo como foi feito com algumas empresas de telefonia estatais(1), privatiza-se, empresta dinheiro do BNDES, estes dinheiro tem carência para pagamento e não será pago.

Bancos Digitais

O caso do HSBC foi pouco tempo atrás, o Bradesco adquiriu o controle do HSBC no Brasil, do mesmo modo que adquiriu controle de bancos com problemas de fraudes no passado. Do mesmo modo como o HSBC fez quando adquiriu um banco mexicano, a história se repete como farsa ou tragédia?

A questão a se destacar é se o Bradesco mudou alguma coisa no modus operandi do HSBC e de outros bancos que o “siga o dinheiro” dos cartéis tenha sido interrompido?

Como estamos em tempos de bancos digitais e tecnologias disruptivas, onde fazer um PIX torna possível ao antigo “ladrão de galinha” praticar golpes memoráveis(2), fico assustado. Assustado com a pretensa inocência destes adeptos de tecnologias e controles frágeis e com a inépcia dos órgãos de controle. Se bem que muita gente, inclusive especialistas, estão vendendo a ideia de que criptomoedas não podem ser rastreadas. Uma vez que bancos brasileiros, da vertente digital, estão atingindo a marca de 15 milhões de usuários, estou propenso a acreditar que o está ficando mais fácil bancos praticarem crimes como os do HSBC – réu confesso nos EUA.

Em suma, não adianta querer mudar a nação se as pessoas ignoram qualquer análise mais crítica à sua opinião (de)formada.

Perdemos !

 

(1) Concessão OI – A maior tunga desde 1500

(2) PIX: Os 5 segredos das três letrinhas. É grátis !

 

(*) Este texto foi revisado, adaptado e atualizado em novembro de 2021

 

Imagem: Reprodução MoneySmart.SG

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