Cara Gente Branca

Cara Gente Branca

Séries Netflix

Utilizo séries e filmes, de conteúdo relevantes e polêmicos, para produzir esses textos. A princípio, para séries Netflix tenho alguns hábitos. Gosto de ler as críticas especializadas, vejo a opinião do público que é viciado em streaming e vejo trailers e episódios salteados. Procuro textos e fichas técnicas antes de escrever. Portanto, quando decido por escrever um texto, fazendo analogia com a realidade brasileira, tenho uma linha de desenvolvimento. Assisti a série “Cara Gente Branca” do Netflix, além de ver outros filmes e séries com a mesma temática em outros canais.

É óbvio que a série, logo pelo título, sugere, #IMNSHO, que será uma narrativa, do ponto de vista racial, de um(a) negro(a) para esta gente branca. Entretanto, o que mais me chamou a atenção, foi comentários nas críticas dos sites especializados como o “Rotten Tomatoes(1).

Cara gente branca

Não gosto, a princípio, de escrever sobre séries que não sejam uma produção que eu dê uma nota menor que 7 (entre 1 e 10). Entretanto, mesmo que os primeiros episódios indicassem que eu deveria abandonar a série, resolvi escrever. Os comentários e avaliações positivas da crítica especializada me seduziram. Por outro lado, confesso que comecei a ver a série com o ranço e spoilers dos críticos do povão na cabeça.

Surpreendentemente, resisti às críticas (detesto quem faz spoiler) e vi as três temporadas com certo receio e resistência. A quarta temporada veio após este texto estar escrito e resolvi fazer uma revisão após uma frase dita pelo humorista Paulo Vieira. No bojo do debate sobre o péssimo BBB 2022(2), ele disse, com ironia: “Branco acha que só eles têm advogado“.

Desse modo resgatei o texto original com algumas pitadas de ironia e sem spoilers. Este texto, com certeza, sofrerá outra revisão caso eu assista à quarta temporada.

A série tem origem no filme de mesmo nome, “Dear White People”(3) (Queridos Brancos, em português). Foi roteirizada e produzida num ambiente fictício de uma faculdade fictícia. Por ter alunos predominantemente brancos, as questões de preconceito, ativismo e injustiça estão presentes no filme e na série.

Gente branca e não-branca

Confesso que o título “Cara gente branca” é mais irônico, pelo menos culturalmente no Brasil.

Desse modo, falando em Brasil, vejo que falta algum espaço irônico como a série. Influenciadores, inclusive os não-brancos(*). Portanto, qualquer um que não for branco, pode ser o narrador da história. Até fiquei curioso para ver a etnia dos dubladores e como eles se comportavam com as falas de cada personagem original. A curiosidade pode matar o rato, mas ia ser interessante ver a imagem do ator e do dublador, lado a lado. Com direito a ver as expressões faciais do(a) dublador(a)

O caso citado anteriormente, que levou a uma revisão deste texto não tem, a rigor, relação com racismo ou debates sobre etnia. A treta era sobre gordofobia(4), tema já escrito aqui neste Blog.

Por coincidência, eu sou um não-branco e sofri com excesso de peso durante muito tempo. Preconceitos raciais e a gordofobia revelam muito o caráter (ou a falta dele) nas pessoas. Redes sociais são o esgoto do mundo e muita gente, principalmente subcelebridades, usam e abusam de “atos falhos”.

É verdade a frase do Paulo Vieira?

Certamente, é um bom tema de polêmica pois conheço um outro comediante que introduz mais uma polêmica à frase. Diz ele, “pobre acha tem é dono de advogado, sempre fala “meu advogado“. Para este humorista, um caucasiano, fazer a piada usando negro ia pegar mal, então usa pobre.

Enfim, temos que entender tudo que os comediantes dizem, como ironia ou piada, e fica tudo por isso mesmo.

Treta

As tretas da obra ficcional (vai saber, né mesmo?) são tantas e tão reais, que ficamos pensando se sempre foi assim. Por outro lado, vivenciamos situações diárias em que brancos acham mesmo que só eles têm advogados ou que pessoas não-brancas são indivíduos de segunda categoria.

Quando um Presidente da República verbaliza que “não corro risco de ter uma nora negra porque eduquei meus filhos” ele está representando milhões de brasileiros. Racismo é crime, muitos podem pensar que o autor de uma frase infeliz destas está brincando. Desse modo, outros tantos apoiam, mesmo que quem verbalizou se retrate.

Não tem solução para estes atos não-falhos e que estão colocando todo o Brasil de um lado ou de outro na torcida. A ignorância das pessoas superou todos os limites do aceitável. E ficou muito pior quando autoridades se dão ao direito de praticar racismo, dentre outros ismos, com a desculpa constitucional de “liberdade de expressão“.

Quem se inspira nas maravilhosas músicas que cantam em verso e prosa as maravilhas do Brasil, engana e é enganador. Assim sendo, nunca fomos tão racistas, xenófobos, misóginos e praticantes de preconceitos graves como o social.

Em suma, a hipocrisia e as falácias, com a ajuda das redes sociais e do “com STF e tudo“, venceram. Ô mundo que ficou chato demais.

Crítica

Enfim, a curiosidade está na interpretação diferenciada a partir da etnia. Não-brancos dizem: “a série é uma representação da nossa realidade“. Neste mesmo contexto, brancos dizem: ” a série mostra como estes negros gostam de se fazer de vítimas“. Ou, de forma mais cínica, associam o racismo, dentre outros preconceitos, à posição político partidária. É como se as pessoas que mostram a realidade de um racismo fossem de esquerda. Se bem que, é a partir destes absurdos que as fake news têm compartilhamento de “mil vezes”, virarem “a verdade“.

Goebbels fica extasiado ! Este e outros temas são muito mal interpretados no #BBB22. E afirmo, com toda a certeza, este texto terá veto em muitos grupos, páginas e perfis. #MAKTUB

 

N. A. Que fique registrado, repilo e sou negacionista quanto ao “racismo reverso“.

 

(*) Não-branco é uma expressão para agradar aos que se incomodam com classificações como pardos, mestiços etc.

(1) “Dear White People – Rotten Tomatoes

(2) “BBB 2022 – Não contem comigo

(3) “Dear White People” – Filme

(4) “O assédio moral da gordofobia

(*) Revisado e atualizado em janeiro de 2022

 

Imagem: ShenemanThe Boe Skool

Nota do Autor

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