Partidos Políticos
Em primeiro lugar, falar de “União Brasil”, aprovado nesta data pelo TSE como partido político, é necessário para esclarecer algumas coisas.
A história de não colocar a palavra “Partido” na designação de um Partido Político, teve início com os Democratas (DEM). A cronologia de nomenclaturas, siglas e personagens da política no Brasil deveria ser objeto de livros específicos. Desse modo, a expectativa é que este texto sirva para quem for escrever a “biografia não-autorizada” do “União Brasil”, ou simplesmente, “União“.
Assim sendo, abordaremos aqui somente o período pós-golpe de 1964. Certamente, alguns personagens ainda estão muito vivos, mas 1964 é o limite para que a maioria possa “ligar os pontos”. As eleições de 2022, como escrevi recentemente, podem ser as mais sujas deste país. Imaginar que vivemos num regime democrático é de uma inocência ímpar.
A união dos políticos do partido Democratas com os representantes do PSL, no partido “União Brasil” forma, de fato, a representação das elites brasileiras.
União Brasil
Uma vez que o nome do novo partido não tem a palavra identificadora do que se trata, vamos tentar explicar.
Arena x MDB
De acordo com pesquisas que qualquer um pode realizar, voltamos no tempo do bipartidarismo da ditadura militar. De um lado, apoiando o governo, a Arena (Aliança Renovadora Nacional). No lado oposto, abrigando alguns poucos oposicionistas que permaneceram no país, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Observa-se que a palavra Partido não estava incluída nos nomes partidários.
A Arena, criada no ano seguinte ao Golpe, tinha como finalidade dar sustentação à ditadura militar. Um ano após, o TSE reconheu o MDB, com a sua multiplicidade ideológica. A conformação de bipartidarismo durou até o final dos anos 1970 com a denominada abertura política promovida no Governo Geisel.
Diante disso, temos a possibilidade de dar sequência a história dos partidos que geraram o absurdo que temos hoje no Brasil.
Democratas
Os políticos que iniciaram a moda de excluir a palavra partido estavam no Democratas e na Arena e seus sucessores.
Em síntese, a ideologia dos democratas resume-se, historicamente, em:
- Conservadorismo Liberal
- Conservadorismo fiscal
- Liberalismo econômico
- Federalismo
Mesmo que a maioria dos eleitores não tenha a mínima ideia do significado da ideologia dos Democratas, os políticos sabem. Em outras palavras, numa democracia guiada, nada mais natural do que dar nome a um partido que parece democrata. Por outro lado, defendem conservadorismo, liberalismo e as piores práticas contra a população.
A origem deste partido é, com toda a certeza, reproduzida no Democratas e fiel aos princípios da ARENA, PDS e PFL.
PSL
A história do PSL (Partido Social Liberal) não é tão intrincada como a trajetória do DEM. O partido teve sua fundação e reconhecimento na segunda metade dos anos 1990. É daqueles partidos nanicos que tem múltiplas ideologias e abriga quem tem algum curral eleitoral(1). Representa a diversidade das oligarquias do país e, desse modo, corrobora o que venho escrevendo sobre o domínios feito pelas oligarquias(2).
O “balaio de gatos” do PSL é, portanto, muito mais complexo do que seu parceiro DEM. O partido que se diz social e liberal, pratica o Coronelismo do Século XXI, prática perniciosa para milhões de brasileiros. São experientes em voto de cabresto e fraudes eleitorais desde o início da República. Não deve ser por acaso que falam tanto em fraudes eleitorais em pleno período eleitoral de 2022.
É dos casos raros que admite, abertamente, a classificação de extrema-direita. Por outro lado, abriga o que existe de mais pernicioso a uma nação em termos de ideologia.
As principais ideologias, que ganharam projeção nacional com a eleição do presidente em 2018, são:
- Militarismo
- Conservadorismo social
- Conservadorismo liberal
- Liberalismo econômico
- Anticomunismo
- Federalismo
- Populismo de direita
- Monarquismo (minoria)
- Bolsonarismo (de 2018 a 2020)
- Liberalismo social
Como se não bastasse esta mixórdia de ideologias, ou seja, onde tem muitas não tem nenhuma, abrigam algumas ilegalidades. Muitos dos seus integrantes defendem o nazismo, a homofobia, misoginia e outros crimes, inclusive constitucionais. Tem sido comum ver alguém praticando um crime e ao ver o perfil, ainda permanece o apoio ao PSL.
Desse modo, o partido abrigou brasileiros de todos os pensamentos e déspotas de todas as espécies. Brigas internas levaram o partido a rachar, o que pavimentou a fusão com o Democratas.
União Brasil ou racha Brasil?
Assim como o Democratas, cuja origem é de dissidências e rachas, o PSL mudou por conta de divergências “irreconciliáveis”. Se bem que estas diferenças irreconciliáveis nos dois partidos, estarão presentes no velho-novo União Brasil.
Por isso, não é estranho o fato de que o partido seja visto como o mais rico do país. Seus representantes, com as mais diferentes ideologias, convergem para um objetivo comum: mais dinheiro.
Sejam eles monarquistas, integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), pecuaristas, economistas liberais privatistas ou políticos oportunistas, defendem o dinheiro para eles próprios.
Em suma, pouco importa se a ideologia política é diferente, todos buscam ganhar dinheiro às custas do sacrifício da maioria dos eleitores.
O Brasil conta hoje com 33 (trinta e três) partidos políticos em condições de apresentarem candidatos. A união entre DEM e PSL cria o maior partido em termos de tempo de TV e verba eleitoral. Mesmo que o União Brasil perca vários parlamentares, terá muito dinheiro em 2022. O partido que era do atual presidente perdeu seu maior trunfo. Nesse meio tempo, vai perder outros e pretende se aliar ao Podemos, do possível candidato Sérgio Moro.
Memória curta
Indiscutivelmente, o eleitor brasileiro tem memória volátil. Talvez seja por conveniência para não se lembrar dos erros eleitorais que cometeu. O perfil de cada eleitor é traçado por analistas políticos e, atualmente, pela “Teoria do Grafos“.
O eleitor mediano (na realidade, medíocre) brasileiro prefere dizer que não tem partido. Assim sendo, pensa que está enganando aos outros e não engana a si mesmo. Vota em candidatos ricos, de partidos ricos e não consegue nem se manifestar para sustentar opinião. A cada nova eleição aparece com discurso diferente e as redes sociais aceitam qualquer coisa.
De acordo com a lógica deste eleitor, não importa que a ideologia do partido defenda coisas absurdas. Se, ao mesmo tempo, alguma ideologia coincide com a deste eleitor, tá valendo. Por exemplo, se o eleitor é a favor da livre iniciativa, mesmo que o liberalismo econômico conflite com o conservadorismo liberal, pouco importa.
Eleições 2020
Assim sendo, fica complicado para qualquer eleitor pensar na ideologia ou programa dos partidos. Prefere apontar o dedo para um candidato e, se der errado, nem se lembrará quem foi nas próximas eleições.
Como se nada é tão ruim que não possa piorar, as eleições de 2022 serão as mais sujas da história do Brasil(3).
Se nas eleições passadas o jogo sujo nas redes sociais foi incontrolável, em 2022, os “influencers” estão com algoritmos novos. O que antes foi somente a explosão de fake news, agora terá outros canais, plataformas e tecnologias. O TSE, autoridades policiais e outros responsáveis pelo controle do lixo da esgotosfera não sabem nem por onde começar.
Com efeito, as nossas eleições de 2022 vão surpreender até os produtores de documentários como Privacidade Hackeada, Code Bias e outras produções.
Os votos do povão continuarão a manter o poder e riqueza nas mãos das elites. Se bem que a maioria da população não se importa com o preço do gás, da gasolina e da energia elétrica. Tampouco querem saber se o lucro destas concessões está indo para corporações fora do Brasil.
O “União Brasil” terá muito o que fazer para um grande acordo com o chamado Centrão. Com a perda do poder do Ministro da Economia, ganhou espaço e tem muito dinheiro para reeleger seus integrantes. Ou o Brasil muda o perfil do Congresso ou, certamente, o próximo presidente terá nas mãos uma bomba prestes a explodir. Um país ingovernável.
Sigamos em frente, até onde for possível.
(1) “Curral Eleitoral” – por Info Escola.
(2) “República da Panákia – Oligarquia“.
(3) “Ciber eleição – O monopólio da verdade eleitoral“.
Imagem: Mundo Polarizado.
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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