Eleitores
As eleições são, a princípio, a melhor forma de democracia. Mas a abstenção é a pior forma de um eleitor demonstrar que apoia a democracia. Desde o início do Blog, escrevo sobre vários assuntos e, com toda a certeza, os textos mais lidos são sobre a minha posição política.
Escrevi, anteriormente, o texto “Voto Utilitário – Eleitor Nulo“, na onda, à época, do voto útil e eleitores “isentos”. A compreensão da maioria das pessoas, sobre a minha opinião, sem fazer campanha para nenhum candidato, é heterogênea. Com toda a certeza, obtive apoio e entendimento de muitos, mas os haters correram para suas patotinhas para criticarem. Enfim, quem lê e não consegue criticar, ou ataca a pessoa, comete alguns erros básicos da democracia, ou não gosta dela.
Surpreendentemente, os leitores não entendem que posso passar minha opinião política sem declarar meu voto. A falta de educação das pessoas nas questões políticas gerou absurdos como:
- “Política, futebol e religião não se discute“;
- “É a minha opinião e todos tem que respeitar“;
- “Político é tudo a mesma coisa e, portanto, só voto nulo ou me abstenho de votar“.
Desde que estas posições políticas são externadas, é admissível que não exista a possibilidade de debate e avanço das ideias.
Assim sendo, este é mais um texto que tenta mostrar uma posição política à democracia, que está aberta ao debate.
Abstenção
A abstenção, segundo o Wikipedia, é:
“Em política, abstenção é o ato de se negar ou se eximir de fazer opções políticas. Abster-se do processo político é visto como uma forma de participação passiva. Também importante referenciar que a abstenção eleitoral é uma atitude aceita por muitos anarquistas e muitas vezes condenada por alguns democratas.“
Desse modo, podemos observar que, educadamente, a definição da escolha do eleitor, é pauta de debate (Anarquistas versus Democratas).
Como indiquei no texto sobre “eleitor nulo“, aquele que se abstém não consegue nem ser um cidadão em sua plenitude.
Com toda a certeza, existem motivos supervenientes para a pessoa deixar de votar. Entretanto, deixar de votar por conta de não gostar dos candidatos que estão na frente das pesquisas é pura covardia. Como se não bastasse, deixar de votar achando que está contribuindo para a democracia ou fazendo um ato de protesto é estupidez.
Voto Obrigatório
No Brasil, o voto é obrigatório. É provável que esta exigência seja um dos motivos dos índices de abstenção.
Algumas décadas atrás, quando ainda nem podíamos votar para presidente e governadores, Pelé disse uma frase que marcou muita gente. Seja para o bem ou para o mal, quando disse que “O brasileiro não sabe votar“, Pelé arrumou uma grande confusão. Passados mais de 40 anos, estamos aptos a votar, obrigatoriamente, até para Presidente da República. Contudo, creio que a frase do “Atleta do Século” está atualizadíssima, ainda não aprendemos a votar.
Eleições no Brasil
Muitas pessoas escreveram, e ainda escrevem, livros sobre as eleições no Brasil. Entretanto, poucos se debruçam sobre o fenômeno da abstenção eleitoral dentro do sistema eleitoral brasileiro.
Com o advento da “Urna Eletrônica“(1) o Brasil passou a ter um sistema eleitoral com altíssimo uso da informática. Adicionalmente, eleitores excluídos até então, como, por exemplo, os analfabetos, passaram a ter direito ao voto obrigatório. A Constituição “Cidadã” (CF/88) mudou muita coisa nas eleições e nos direitos, mas manteve a obrigatoriedade do voto. O direito ao voto, não obrigatoriamente, dos maiores de 16 e menores de 18, foi um grande avanço. Dessa forma, esperava-se que índices de abstenção, além de votos nulos e brancos, caísse.
Em suma, as modernidades, o aumento do colégio de eleitores mudou algumas coisas, nem sempre para melhor.
Se no Brasil tínhamos institutos de pesquisa, reconhecidos globalmente, como o Gallup ou Ibope, atualmente institutos de pesquisa são erráticos. Parafraseando um filósofo, “existem três tipos de mentiras: As mentiras, as mentiras deslavadas e as estatísticas“. E, certamente, o brasileiro adora estatísticas, ainda mais quando lhe é conveniente, principalmente nas eleições.
Sobre pesquisas, é assustador ver os índices de “não sei” ou “nenhum” e ver o percentual de votos nulos, brancos e abstenções, na apuração. Estes eleitores que optarem por uma destas três alternativas elegem até o presidente da preferência deles. Além disso, estes eleitores não têm a dimensão de que podem eleger bancadas inteiras com as mesmas ideias e propostas de mudanças.
Não vote nulo, não se abstenha
Enfim, para contrapor a frase de que “político é tudo igual” tenho uma outra frase, de um muro de rua, que exprime a minha opinião. “Se todo político é ladrão, todo eleitor é cúmplice.“. Com toda a certeza, afirmo que nem todo político é ladrão e o sistema é bruto. Dizem que a política é uma arte, o que discordo, mas ao eleitor cabe pensar um pouco sobre o que pode e deve fazer.
A questão é que ainda não sabemos votar e não sabemos viver numa democracia, as mais recentes eleições e campanhas políticas comprovam esta teoria. Se bem que tem muito candidato que defende debates estéreis, pois podem falar muito e não dizer absolutamente nada..
Os Anarquistas que me desculpem, mas se não pegarem em armas, e começarem uma revolução, não mudam o sistema. Desse modo, utilizem o sistema, nem que seja elegendo seus “Tiriricas“, mas assumam a responsabilidade pelo que fazem ou deixam de fazer.
Abster-se em eleições, como as atuais, de dois em dois anos, é a pior das covardias de um eleitor brasileiro.
Desta forma, votem no capeta, mas não sejam eleitores inúteis e nulos.
Ainda temos um longo caminho de aprendizado. Política, futebol e religião deve-se debater o tempo inteiro, só não pode misturar pois não resulta em boas ideias e conclusões.
(1) Em “Scandal e a Urna Eletrônica” escrevo sobre um episódio de uma série no streaming, analogamente, às máquinas de votar no Brasil.
P. S.
Sobre eleições, escrevi um texto com a tendência de perpetuar as dinastias familiares (“Um negócio(ótimo), de pai para filho“. Agora, com a introdução de cotas de gênero, com dinheiro obrigatório, o negócio virou de “Vote em milha mulher“.
Imagem: Reprodução JM – Ilha da Madeira
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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