Entre sem Bater
Este é um texto da série “Entre sem bater” ( ← Uma leitura, acima de tudo, “obrigatória” ). A cada texto, uma frase, citação ou similar, que nos levem a refletir. É provável que muitas destas frases sejam do conhecimento dos leitores, mas deixaremos que cada um se aproprie delas. Entretanto, algumas frases e seus autores podem surpreender a maioria dos leitores. Ludwig Feuerbach declarava-se ateu, e tinha ideias interessantes sobre muitas coisas como, por exemplo, o “Cristianismo“.
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As frases com publicação aqui têm as mais diversas origens. Com toda a certeza, algumas delas estarão com autoria errada e sem autor com definição. Assim sendo, contamos com a colaboração de todos de boa vontade, para indicar as correções.
Na maioria dos casos, são frases provocativas e que, surpreendentemente, nos dizem muito em nosso cotidiano. Quando for uma palavra somente, traremos sua definição. Por isso, em caso de termos ou expressões peculiares, oferecemos uma versão particular. Os comentários em todas as redes sociais podem ter suas respostas em cada rede e/ou com reprodução neste Blog.
Ludwig Feuerbach
Ludwig Feuerbach, não confundir com outro filósofo alemão – Friedrich Heinrich Feuerbach, não era uma metamorfose, era, certamente, um filósofo. Podemos dizer, somente a partir da leitura de trechos de suas obras, que era um filósofo corajoso, por se declarar ateu. Como se não bastasse, escrevia sobre o Cristianismo como poucos conseguiam escrever à época.
Ludwig Andreas von Feuerbach ( 28 de julho de 1804 – 13 de setembro de 1872) foi um antropólogo e filósofo alemão, mais conhecido por seu livro A Essência do Cristianismo, que forneceu uma crítica ao Cristianismo que influenciou fortemente gerações de pensadores posteriores, incluindo Charles Darwin, Karl Marx, Sigmund Freud, Friedrich Engels, Richard Wagner, e Friedrich Nietzsche. Associado dos círculos jovens hegelianos, Feuerbach defendia o ateísmo e o materialismo antropológico. Muitos de seus escritos filosóficos ofereceram uma análise crítica da religião. Seu pensamento foi influente no desenvolvimento do materialismo histórico, onde é frequentemente reconhecido como uma ponte entre Hegel e Marx.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
O Cristianismo
Em primeiro lugar, uma leitura da biografia acima indica a disposição em prosseguir na intenção de compreender as coisas(1) e ideias de Feuerbach. Alguém que tem a indicação de exercer influência sobre os pensadores da lista, de fato, tem grande relevância. Influenciar de Karl Marx a Richard Wagner(*), passando por Darwin e Freud, não é pouca coisa.
Em segundo lugar, este texto tem, como palavra-chave, o Cristianismo no ponto focal, entretanto, tem aplicação imediata em qualquer religião. Por isso, tudo que escreveu e pensou Ludwig Feuerbach, é premissa até para as seitas de hoje em dia.
Alienação
Sobretudo pelas suas frases afirmativas em relação ao ateísmo, Feuerbach criou perspectivas interessantes e que merecem reflexão.
Disse ele, a saber:
O homem aliena sua essência na religião
A relação é invertida quando seres humanos acreditam que foram criados pelos deuses. Esquecem-se que foram os criadores das divindades.
A alienação através da religião, como o Cristianismo, domina as pessoas quando guia seus pensamentos para desejos inatingíveis. Por outro lado, técnicas de persuasão e diversionismos iludem estas pessoas para desejarem o que poucos conseguirão. Por exemplo, as propagandas de prêmios milionários da Mega-Sena que, de milhões de apostas, poucas foram ou serão vencedoras. Algumas seitas (especialização perversa das religiões) prometem o éden ou maravilhas mais inatingíveis ainda.
Do mesmo modo, é a atuação da propaganda de paz, comum no capitalismo que arrebanha legiões de fiéis. Diga-se de passagem, a propaganda de paz dos rentistas teve como base a propaganda de guerra(2) dos tiranos e déspotas.
Vida Positiva
Em sua palestra com título “Somente o ateísmo é uma visão positiva” Ludwig Feuerbach aborda algumas situações que merecem reflexão profunda.
“Ao prometer ao homem a vida eterna, privou-o da vida temporal; ao ensiná-lo a confiar na ajuda de Deus, tirou-lhe a confiança nos seus próprios poderes; ao dar-lhe fé numa vida melhor no céu, destruiu a sua fé numa vida melhor na terra e o seu esforço para alcançar tal vida.”
Analogamente, podemos transportar estas ideias para o mundo atual, especialmente em países onde algumas religiões subjugam a mente das pessoas.
No Brasil, por exemplo, tudo aquilo que Feuerbach descreveu, é a realidade, pessoas sendo individualistas e confundindo utopia com realidade. O imaginário das pessoas chega a absurdos incontroláveis como golpistas ostentando em rede social e pessoas “de bem” querendo ser como eles.
E, ai daquele que, eventualmente, discordar ou até mesmo fizer uma pergunta do tipo: – você acha que pode fazer o que quiser para chegar lá?
Certamente, a resposta mental será: Sim.
Se até campanhas eleitorais presidenciais convencem as pessoas como o “sim, nós podemos“, por quê não agradaria aos hedonistas?
Mundo Real
Indiscutivelmente, o Cristianismo e outras religiões prometem coisas inatingíveis, e levam os crentes a desconsiderar a vida real. Seres de mentes fracas são especialistas em “colocar nas mãos de Deus“, para não assumir responsabilidades.
As religiões, não raramente, prometem recompensas e vitórias no além-vida, como o paraíso, a salvação da alma. Essas promessas, embora possam proporcionar conforto e esperança, levam as pessoas a aceitarem passivamente tudo da vida presente. Isso resulta em uma falta de engajamento com questões reais, como justiça social, sustentabilidade ambiental e progresso humano.
Além disso, as religiões pregam a ideia de que orações e positivismo resolvem todos os problemas, ignorando efeitos das ações humanas(3). Por isso, as pessoas negligenciam ou procrastinam a busca de soluções práticas para os desafios que enfrentam em suas vidas diárias. Desse modo, problemas de saúde, desemprego ou dificuldades financeiras vão se acumulando à espera de desígnios divinos.
Religião
As religiões frequentemente estabelecem padrões morais e éticos rígidos que, quando levados ao extremo, externam uma falsa felicidade(4). Este comportamento leva à intolerância, ao fanatismo e ao julgamento das pessoas que não coadunam com estas mentiras. Assim sendo, ocorre a marginalização de grupos sociais e culturas diferentes, prejudicando a compreensão mútua e a coexistência.
No entanto, é importante ressaltar que a relação entre religião e realidade é complexa e objeto de manipulação de massas(5). Muitas pessoas têm conforto, orientação e propósito em suas crenças religiosas, o que é obstáculo para enfrentarem os desafios da vida real. Além disso, muitas religiões enfatizam valores como compaixão, caridade e serviço à comunidade, que aparentam ações positivas no mundo real.
Redes Sociais
Estes comportamentos, contudo, são curativos para uma consciência pesada e hedonismo que supera as ações coletivas.
Portanto, de que as religiões prometem coisas inatingíveis e desviam a atenção das coisas possíveis e reais é plausível até nas boas ações. Indiscutivelmente, a relação entre religião e o irreal contrapondo à realidade é complexa e varia de pessoa para pessoa. Sem dúvida, aquele que faz uma caridade e corre para as redes sociais para anunciar, não é um ser humano bom.
Em suma, encontrar um equilíbrio saudável entre a espiritualidade e a vida cotidiana não está na pauta de nenhum influenciador ou nas redes sociais. As experiências espirituais e religiosas deveriam enriquecer a vida humana em vez de limitá-la, individualmente. Cada um, seja no Cristianismo ou qualquer outra religião, deveria guardar suas experiências para evoluir internamente. Exibir em redes sociais toda a caridade e bondade, como demonstração de sua fé, cheira a explicação de algo impublicável.
P. S.
(*) Richard Wagner era o compositor da preferência de nazistas e inspiração para os mercenários do “Grupo Wagner“.
(1) “Entre sem bater – Upton Sinclair – Compreender as Coisas”
(2) “Entre sem bater – George Orwell – Propaganda de Guerra”
(3) “Entre sem bater – Baruch de Spinoza – Ações Humanas”
(4) “Entre sem bater – G. Bernard Shaw – Felicidade Perigosa”
(5) “Manipulação Individual de Massas”
Imagem: Entre sem bater – Ludwig Feuerbach – O Cristianismo
Nota do Autor
Reitero, dentre outras, o pedido feito em muitos textos deste blog e presente na página de “Advertências“.
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